Diário da Região
PRESERVAR E PRODUZIR É POSSÍVEL

Rio Preto ganha fazenda-modelo para reduzir emissão de gases do efeito estufa na agropecuária

Conheça os sistemas ILPF, ILP, IPF e ILF que já são apostas para tornar as fazendas brasileiras mais sustentáveis

por Rone Carvalho
Publicado em 25/02/2023 às 20:46Atualizado em 26/02/2023 às 12:29
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Uma fazenda com rotação em uma mesma área entre atividades agrícolas e pecuária e onde vacas leiteiras e o gado descansam à sombra de árvores. Esse é o perfil da propriedade rural rio-pretense que promete ser modelo para agropecuaristas brasileiros na redução da emissão de gases do efeito estufa.

Situada na divisa entre Rio Preto e Mirassol, a fazenda administrada pelo governo estadual, por meio de parcerias com a iniciativa privada, funciona como uma espécie de laboratório para pesquisadores brasileiros descobrirem como tornar a pecuária mais sustentável.

O local, que deve ser inaugurado até o final de 2023, conta com laboratórios de pesquisa e uma área de aproximadamente 220 hectares, em que pesquisadores estão iniciando a aplicação do sistema produtivo que promove a integração lavoura com a pecuária (ILP).

O modelo produtivo, que já é aplicado em propriedades rurais brasileiras, será alvo de estudos que visam popularizar entre os agricultores e pecuaristas brasileiros os benefícios de unir grãos, bois e árvores em uma mesma propriedade.

“Queremos ser a casa do pecuarista, o local onde ele pode tirar as dúvidas. Além de comprovar por meio de estudos a rentabilidade e os inúmeros benefícios do sistema de integração lavoura-pecuária. Já temos pesquisas sobre o ILP, mas, em Rio Preto, queremos concentrar os estudos e fazer dessa fazenda um modelo para o Brasil”, diz Renata Branco, pesquisadora do Instituto de Zootecnia e responsável pela fazenda.

Na prática, o consórcio lavoura e pecuária da fazenda de Rio Preto funciona assim: no primeiro momento, após o plantio da soja, funcionários vão realizar a colheita e comercialização do produto. Em seguida, áreas onde estava a soja vão ser preparadas com o pasto. Por fim, entra o rebanho. “Vamos intercalar lavoura e pecuária durante cinco anos. Depois pretendemos usar a floresta e adotar o modelo completo de integração lavoura-pecuária-floresta”, explicou Renata.

Além de sustentar os animais no período seco, tornando a fazenda mais produtiva durante todo ano, o consórcio lavoura-pecuária melhora a qualidade do pasto que, consequentemente ao estar bem manejado, sequestra carbono da atmosfera, compensando as emissões dos bovinos, que são geradores de metano – um dos gases do efeito estufa responsável pelo aquecimento global.

“Essa integração possibilita inúmeros benefícios ambientais, produtivos e econômicos para o produtor. Isso porque aumenta a quantidade de carbono no solo e oferece uma melhor pastagem para o gado. No Brasil, temos uma característica de muito pasto no verão e pouco no inverno, com o sistema de integração existe um equilíbrio”, apontou José Ricardo Pezzopane, pesquisador da Embrapa Pecuária Sudeste, em São Carlos (SP).

Embora o modelo ILP já seja aplicado em propriedades rurais do Brasil, na fazenda rio-pretense a diferença são os três cenários montados pelos pesquisadores: um intercalando soja-bovino; outra somente com a plantação de soja e correções nitrogenadas; e uma terceira área da fazenda com o cenário que, normalmente, é encontrado nas propriedades rurais, de ter somente a lavoura ou pecuária, sem correções nitrogenadas.

“Com os três cenários, vamos fazer uma comparação de qual área mais emite gases do efeito estufa, onde houve maior mitigação de carbono e qual foi mais rentável economicamente. Queremos tornar a pecuária ainda mais sustentável do que ela é através dos resultados obtidos nesta fazenda”, afirmou Renata.

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