Rio Preto cresce acima da média, mas 29 cidades da região encolhem
Estimativa do IBGE aponta que população de Rio Preto, de 2020 para 2021, cresceu acima das médias estadual e nacional. Cidade tem agora 469.173 habitantes



De acordo com estimativa do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) divulgadas nesta sexta-feira, 27, a população de Rio Preto cresceu mais do que a média do Estado de São Paulo e do Brasil no último ano. O número de moradores da cidade avançou 0,9% em relação ao início de julho do ano passado; no Estado, esse avanço foi de 0,78%; no Brasil, de 0,74%. Na região, porém, 29 cidades perderam habitantes de um ano para o outro.
Rio Preto agora tem 469.173 habitantes e a 11ª cidade do Estado em tamanho de população. Ganhou 4.190 moradores, uma média de 11,4 por dia. São pessoas que vieram morar por aqui em busca de melhores oportunidades ou pequenos que acabaram de chegar ao mundo. A qualidade de vida é um dos atrativos da cidade.
Rennan Santos, de 20 anos, chegou a Rio Preto neste mês, vindo de Belém (PA) em busca de novas oportunidades de trabalho e estudo. Ele ainda está desempregado e tem vontade de cursar faculdade de administração de empresas. “Eu criei esse horizonte para crescer na minha vida financeira. Gostei de um lugar chamado Represa, que eu passei por lá. Tem um ambiente super agradável para ir com a família. Pretendo continuar aqui.” Por enquanto, Rennan está na casa de amigos. “Minha família toda é de Belém, quando tiver mais estabilidade pretendo trazer minha mãe e minhas irmãs.”
O economista e doutor em sociologia Ary Ramos pontua que o crescimento populacional representa desafios interessantes e ao mesmo tempo abre caminhos. “É necessário um plano para absorver esse crescimento. De um lado você tem a chegada de mais pessoas, o que demanda mais serviços públicos. Se você tem uma carga grande de pessoas com formação profissional precária, essas pessoas vão precisar de mais políticas públicas", afirma. “Agora, se você atrair pessoas com mão de obra qualificada, capital humano e alta qualidade, você tem uma capacidade empreendedora para novos investimentos.”
Para Ramos, o aumento da população faz com que seja necessário que esferas públicas (nos âmbitos municipal, estadual e federal) e privadas tracem ações de desenvolvimento, integrando também instituições como o Sistema S, que inclui, por exemplo, o Senac, o Senai e o Sebrae, além de Fatec e Etec. “A economia precisa de estímulos, com a população aumentando você aumenta o estoque de novos mercados, novas oportunidades de mais produção. Atrai mão de obra qualificada, o que contribui para o crescimento da cidade, da região.” Nesse cenário, a criação da região metropolitana de Rio Preto, ocorrida neste mês, deve ajudar.
O sociólogo lembra que Rio Preto possui uma economia diversificada, não pautada em apenas uma atividade, o que é um ponto positivo – apostar todas as fichas em apenas um setor seria um dos motivos para cidades da região perderem habitantes. Para ele, economia e os aspectos sociais estão ligados. “Se tem mais gente, você vai precisar de mais creches, educação, postos de saúde, ruas, avenidas, precisa de investimentos.”
Vinte e nove cidades encolhem
De 120 municípios da região, em 91 a população aumentou, segundo o IBGE. Em outros 29, houve queda no número de habitantes. A cidade em que houve maior crescimento, maior inclusive que o de Rio Preto, proporcionalmente, foi Novais, que passou de 5.945 moradores para 6.057, um incremento de 1,88%. Jaci cresceu 1,75%.
Já a população de Turmalina foi a que mais caiu, de 1.696 para 1.667, uma queda de 1,71%. A redução de Santana da Ponte Pensa foi de 1,30%. Somando todos os municípios, a região tem um incremento de 13.780 moradores – aumento de 0,67% – e totaliza agora 2.081.192.
Considerando apenas a recém-criada região metropolitana de Rio Preto, que inclui 37 municípios, o aumento populacional é de 0,89%, somando 964.260 habitantes.
Segundo o IBGE, as estimativas populacionais municipais são um dos parâmetros utilizados pelo Tribunal de Contas da União para o cálculo do Fundo de Participação de Estados e Municípios e são referência para vários indicadores sociais, econômicos e demográficos. Esta divulgação anual obedece ao artigo 102 da Lei nº 8.443/1992 e à Lei complementar nº 143/2013.
As populações dos municípios foram estimadas por procedimento matemático e são o resultado da distribuição das populações dos estados, projetadas por métodos demográficos, entre seus diversos municípios. O método baseia-se na projeção da população estadual e na tendência de crescimento dos municípios, delineada pelas populações municipais captadas nos dois últimos Censos Demográficos (2000 e 2010) e ajustadas. As estimativas municipais também incorporam alterações de limites territoriais municipais ocorridas após 2010. (MG)
Pandemia não entra na conta
A população brasileira foi estimada em 213,3 milhões de habitantes, mas o cálculo não leva em consideração a mortalidade provocada pela pandemia de Covid-19, que já tirou a vida de mais de meio milhão de pessoas no País.
“Os efeitos da pandemia da Covid-19 no efetivo populacional não foram incorporados nesta projeção, devido à ausência de novos dados de migração, além da necessidade de consolidação dos dados de mortalidade e fecundidade, fundamentais para se compreender a dinâmica demográfica como um todo. O Censo Demográfico 2022 trará não somente uma atualização dos contingentes populacionais, como também subsidiará as futuras projeções populacionais, fundamentais para compreender as implicações da pandemia sobre a população em curto, médio e longo prazo”, explicou o IBGE, em nota.
As estimativas populacionais referentes a 1º de julho são divulgadas anualmente pelo IBGE em cumprimento à legislação vigente. As informações são usadas pelo Tribunal de Contas da União no cálculo do Fundo de Participação de Estados e Municípios, além de servirem como referência para indicadores sociais, econômicos e demográficos.
O município de São Paulo manteve-se como o mais populoso do País, com 12,396 milhões de habitantes. No ranking de municípios mais populosos, o segundo lugar é ocupado pelo Rio de Janeiro, com 6,776 milhões de habitantes, seguido por Brasília (3,094 milhões), Salvador (2,900 milhões) e Fortaleza (2,703 milhões).
O Estado mais populoso é São Paulo, com 46,6 milhões de habitantes, o equivalente a 21,9% de toda a população do País, seguido de Minas Gerais (21,4 milhões de habitantes) e Rio de Janeiro (17,5 milhões de habitantes).
Por lei, o Censo deve ser realizado a cada dez anos. O último ocorreu em 2010. Com o adiamento da pesquisa de 2020 devido à pandemia de Covid-19, o dinheiro foi usado no combate ao coronavírus. Com diminuição da verba repassada pelo governo federal, o IBGE não conseguiu realizar a pesquisa em 2021. Em maio, no entanto, o Supremo Tribunal Federal (STF) determinou a realização do Censo em 2022.
(Com Agência Estado)
Novas vidas

Uma das moradoras que ajuda Rio Preto a crescer é Letícia, nascida nesta quinta-feira, 26, na Santa Casa. A mãe, Patricia Lorenzino, funcionária pública de 38 anos, já é mãe de Nicolle, de 4 anos, e não pensa em mudar. “Nasci e fui criada aqui. Eu acho que a qualidade de vida é muito boa. Elas vão ter acesso a educação e saúde de qualidade, aqui é uma cidade calma, gostosa, pelo menos perto do nosso convívio não tem tanta violência”, diz ela, que garante que todas as vezes que precisou de atendimento foi atendida e que a filha mais velha já estava na escolinha, convivendo com outros pequenos.
Estudo da consultoria de gestão Macroplan, intitulado “Os Desafios da Gestão Municipal”, realizado com as 100 maiores cidades brasileiras – todas com mais de 250 mil habitantes – colocou Rio Preto na vice-liderança das melhores cidades do País em gestão. A cidade saltou uma posição em relação ao estudo divulgado no ano passado.
O índice cruza dados que levam em consideração taxa de mortalidade infantil, analfabetismo, desocupação, IDEB, PIB, qualidade da gestão financeira, saneamento básico, entre outros. A primeira posição é ocupada por Piracicaba, também no interior de São Paulo.
Esse é o quarto levantamento que a Macroplan produz, que leva em conta 15 indicadores de educação, saúde, segurança e saneamento básico. A publicação da Exame afirma que todos os municípios avançaram na última década em educação.
Como o Diário já mostrou, a pandemia deixou marcas na taxa de natalidade de Rio Preto. Conforme dados do cartório, diminuiu a quantidade de nascimentos na cidade, pois as famílias resolveram adiar a chegada de novos membros por causa das incertezas trazidas pela Covid.
(MG com Guilherme Baffi)