Professores se destacam pelo ensino além da sala de aula
No dia do professor, Diário conta a história de três educadores da região de Rio Preto que se destacam por ir além da sala de aula ao ensinar

Ana Carolina, Edson e Valéria não se conhecem, possuem idades diferentes, trabalham com alunos de faixas etárias distintas, mas têm em comum o amor por ensinar. São professores que, dentro do seu campo de atuação, se destacam por mostrar a outras pessoas a importância da educação.
Neste 15 de outubro, quando oficialmente é comemorado o dia do professor no Brasil, o Diário conta a história de três dos 2,5 milhões de professores brasileiros que diariamente se desdobram para colocar em prática o lema “educação muda o mundo”.
São professores como Ana Carolina, que diariamente buscam se capacitar para lidar com os novos comportamentos infantis da primeira infância ou que buscam romper os muros da escola, como Edson.
Para quem sabe, no futuro, alcançarem a tão sonhada vaga na universidade e cruzarem com a professora Valéria, que busca formar muito mais que um profissional: um cidadão.
Muito mais que um profissional

Valéria Stranghetti acredita que o ensino superior vai além da formação profissional. “É o ambiente onde o estudante é convidado a refletir sobre o que é ser cidadão”.
Não é atoa que ela é uma das maiores incentivadores da pesquisa científica entre os estudantes do Centro Universitário de Rio Preto (Unirp). “É gratificante você ir com seus alunos fazer pesquisa na rua e mostrar na prática o que é a profissão.”
Conhecida por ser uma das maiores especialistas arbóreas da região de Rio Preto, Valéria começou sua carreira como docente, na década de 90, quando ao concluir o curso de ciências biológicas ingressou no mestrado de biologia vegetal na Universidade Estadual de Campinas (Unicamp).
O gosto pela pesquisa foi tanto que, em menos de 30 anos, já orientou aproximadamente 200 projetos de iniciação científica na Unirp, onde atua como professora e pesquisadora.
“Hoje, digo que sou um professora realizada. Tenho vários alunos que estão super bem profissionalmente e outros que até me passaram em titulação acadêmica. Isso não tem preço para um professor. É extremamente gratificante”, comemorou.
Além da pesquisa científica, Valéria lidera projetos sustentáveis na instituição de ensino como incentivo a coleta seletiva e sobre a importância de preservação do meio ambiente, em uma região conhecida no estado de São Paulo por ter a menor cobertura vegetal nativa.
“Sempre busco passar aos meus alunos que eles precisam sair do muro da faculdade, porque é assim que ele será um bom profissional. Mais do que nunca a faculdade precisa estar perto da comunidade e isso que busco fazer com meus ‘filhos’ – como carinhosamente chamo os alunos. Agradeço a Unirp por me permitir isso”. (RC)
O ex-aluno que virou professor

Quantos sonhos cabem dentro de uma escola? Para o professor Edson José Gonçalves, da escola estadual Desolina Betti Gregorin, em Irapuã, não existem limites.
Ele é daqueles educadores que acreditam que a escola vai além da sala de aula. Não é atoa que sua instituição é reconhecida na região de Catanduva como uma das que mais incentivam atividades práticas entre os alunos.
Para se ter uma ideia, nos últimos meses, os alunos da escola pública desenvolveram um drone semeador e o único observatório com telescópio em funcionamento ao público da região de Rio Preto. “E o mais legal é que todos esses projetos mudam a vida não apenas dos alunos, mas de toda a comunidade.”
A paixão do irapuense por ensinar começou ainda criança, quando era aluno da escola. “Meus pais trabalhavam na roça, não tinham condições de pagar minha faculdade. Mas com muito esforço consegui ingressar.”
Foi por meio de um trabalho de vendedor no comércio local que Edson conseguiu concluir os estudos para ser chamado oficialmente de professor pela primeira vez aos 18 anos. “Para você ter uma ideia, logo no primeiro ano os meus professores me chamaram para dar aulas como substituto deles. Depois me formei, passei no concurso do Estado e não parei mais.”
Seu bom desempenho fez com que alcançasse a direção da escola estadual Desolina Betti Gregorin, onde há cinco anos busca engajar sua equipe para despertar vocações entre os alunos. “Acredito que nosso dever como professor, além de trabalhar conteúdos, é o de transformar o projeto de vida deles. É nisso que acredito e tento fazer na escola junto com a equipe.” (RC)
A professora da reinvenção

Foi a paixão por crianças que levou Ana Carolina Iglesias a trocar as quadras de esporte pela sala de aula.
Professora da rede municipal de ensino infantil de Rio Preto, Tia Carol, como é chamada pelos alunos, acredita que cada criança tem o seu jeito de aprender. É por isso que ela não cansa de se reinventar.
Formada em educação física, Carol trocou os equipamentos de atividade física por brinquedos após atuar como monitora na Associação Renascer - instituição de ensino de Rio Preto que trabalha com crianças com deficiência. “Lá, tive certeza que queria trabalhar com crianças.”
A certeza foi tanta que ela não parou de estudar. Após a formação como docente, fez mestrado e, atualmente ajuda a capacitar outros professores da rede municipal de ensino. “Ser professor não é mais como no passado. Mais do que nunca precisamos nos capacitar para as novas questões comportamentais infantis”.
Para ela, ensinar também vai além da sala, envolve afeto, carinho e paixão pela profissão. “O peso de ser professor todo mundo vai ter, mas na educação infantil temos a oportunidade de nos recarregar com as crianças. É um dos poucos espaços dentro da educação, por exemplo, em que podemos brincar com os alunos.”
E engana-se quem pensa que Carol deseja parar. Seu incansável processo de reinvenção tem um único objetivo: tornar possível o aprendizado de todos, sem que ninguém fique para traz.
“Ser professora representa um marco, pois tenho uma contribuição significativa de como essa criança será no futuro. É por isso que busco incansavelmente me aprimorar porque o que funciona para Maria, pode não funcionar para o João”, afirmou. (RC)