Produção de lixo eletrônico cria desafio ambiental em Rio Preto
Cooperlagos coleta, todo mês, 3 toneladas de lixo eletrônico em Rio Preto. Mas a cidade tem potencial para dobrar esse número e evitar poluição causada pelo manejo irregular desses equipamentos

Rio Preto recolhe em média três toneladas por mês de lixo eletrônico, mas tem potencial para arrecadar o dobro, se não fosse a falta de informação dos moradores sobre localização de pontos de coleta.
São classificados como lixo eletrônico celulares, tablets, computadores, aparelhos de TV, lavadoras de roupa e de louça, geladeiras e todos os eletrodomésticos que serão descartados, explica o biólogo Clayton Rangel.
“As pessoas não têm consciência do dano que podem causar ao meio ambiente ao descartar de forma irregular isso, porque produtos com mercúrio caem na terra e podem contaminar o lençol freático, ou seja, a água que bebemos”, alerta o especialista.
Na lista destas pessoas que sabem o que fazer com lixo eletrônico está o corretor imobiliário Marcos Moraes, 51 anos, que tem três smartphones quebrados em casa, mas não joga fora, com medo de poluir o meio ambiente. “Queria jogá-los fora, mas não sei o lugar correto”, comenta o comerciante.
Já o estudante de medicina Tiago Amorim, quando tem que descartar celulares usados, deixa em lixeiras especiais das lojas de empresas de telefonia. “Quem precisa descartar deve levar em lojas da Samsung, Oi, Vivo, Tim e Claro, que eles têm lixo adequado para receber”, recomenda o médico.
A Cooperlagos, cooperativa de catadores de lixo reciclável de Rio Preto, arrecadou 23,7 toneladas de lixo eletrônico no ano passado, menos da metade das 53 toneladas que a instituição tinha recolhido em 2020. Em 2022, a tendência é de melhora, porque já foram recolhidos 27,5 toneladas de lixo eletrônico, porém, ainda vai ficar abaixo do verdadeiro potencial.
“Orientamos para não descartarem a pessoas que não estejam preparadas tecnicamente para manipular esses resíduos em função das substâncias tóxicas e de metais pesados que compõem os produtos”, alerta a coordenadora da Cooperlagos, Tereza Marta Pagliotto.
Por exemplo, uma pessoa que deixa na calçada uma TV de tubo contribui para a poluição. Um catador de reciclagem não treinado abre o monitor para pegar o cobre, mas neste gesto deixa escorrer na terra mercúrio e outros produtos prejudiciais ao meio ambiente.
O decreto federal 10.240 de 2020 estabeleceu as regras para implantação do sistema de logística reversa para produtos eletroeletrônicos, o chamado lixo eletrônico. O texto regulamenta o mecanismo previsto na Política Nacional de Resíduos Sólidos, sancionada em 2010, para que os fabricantes e importadores desses itens se responsabilizem pelo descarte de lixo eletrônico visando a reduzir os impactos ambientais.
Além da Cooperlagos e das lojas que fazem coleta dos produtos seguindo o decreto, Rio Preto conta com sete pontos de coleta que podem ser consultados pelo link: https://greeneletron.org.br/localizador. “Esses materiais não devem ir para o lixo comum pois causam contaminação do meio ambiente, água e solo. Essas contaminações acabam chegando aos alimentos, aos animais e causando problemas de saúde, muitas vezes graves, inclusive porque muitos desses eletrônicos contém metais pesados”, diz Kátia Penteado, secretária Municipal de Meio Ambiente e Urbanismo.
Lixo eletrônico
O que são?
Produtos elétricos ou eletrônicos que são descartados por não
- terem mais utilidade
- Pode ser classificado em quatro categorias básicas, cada uma com especificações diferentes quanto ao tamanho e aplicação
Categorias
- Grandes equipamentos: geladeiras, freezers, máquinas de lavar, fogões, ar-condicionados, micro-ondas, grandes TVs, etc.
- Pequenos equipamentos e eletroportáteis: torradeiras, batedeiras, aspiradores de pó, ventiladores, mixers, secadores de cabelo, ferramentas elétricas, calculadoras, câmeras digitais, rádios, etc.
- Equipamentos de informática e telefonia: computadores, tablets, notebooks, celulares, impressoras, monitores e outros.
- Pilhas e bateria portáteis: pilhas modelos AA, AAA, recarregáveis, baterias portáteis de 9V, etc.
Por que reciclar?
- Os produtos contêm diferentes materiais, como plásticos, metais, vidros e muitos outros, que podem ser desmontados, reciclados e usados como matéria-prima para fabricação de novos produtos
- A reciclagem contribui para a redução da extração de recursos da natureza, além de gerar novos empregos e uma nova cadeia de empresas
- Riscos para a saúde humana e ambiental: por serem componentes que possuem substâncias tóxicas e metais pesados, como chumbo, cádmio, mercúrio, capazes de contaminar o solo, água e os alimentos
Como reciclar
- Em Rio Preto, são pelo menos oito pontos de coleta de materiais eletrônicos
Cooperlagos:
Leroy Merlin: avenida Mario Andreazza, 404, Jardim São Marco
Makro: avenida Floriano André Cabrera, 955, Jardim São Marco
Casas Bahia: Shopping Cidade Norte
Casas Bahia: Plaza Avenida Shopping
Ponto Frio: Shopping Iguatemi
Ponto Frio: Riopreto Shopping
Moto Store: Riopreto Shopping
Cooperlagos
Resíduo eletrônico recolhido pela Cooperlagos:
- 2020: 53 toneladas
- 2021: 23 toneladas
- 2022: 27,5 toneladas
- Média: 3,1 toneladas por mês
Fonte: Prefeitura, Green Nation, Cooperlagos e Reportagem