Mudança das famílias da Favela Marte vai custar até R$ 257 mil em Rio Preto
Comunidade estabeleceu critérios para início da retirada dos moradores

Responsável pelo transporte dos moradores da Favela Marte para moradias temporárias, a Prefeitura de Rio Preto, por meio da Secretaria de Habitação, abriu pregão eletrônico para contratar a empresa de logística que realizará o carregamento, transferência e descarregamento do mobiliário de 250 famílias. O serviço foi estimado em R$ 257 mil e as transportadoras interessadas têm até o dia 27 de junho para apresentar propostas. Os barracos de madeirite e sucata darão espaço para um bairro urbanizado, com construções padronizadas, sistema de esgoto e iluminação pública.
Líder comunitário da Favela Marte, Benvindo Nery disse que uma assembleia foi realizada entre os moradores para definir a ordem de retirada das famílias. “Ficou definido cinco grupos prioritários, levando em consideração aspectos de saúde, assistência social e segurança. O primeiro grupo a ser retirado será de deficientes físicos e pessoas com comorbidades graves. O segundo, de mães que necessitam de rede de apoio. O terceiro, de gestantes e mulheres com filhos de até 3 anos. O quarto, idosos e doentes crônicos. O quinto, moradores de barracos mais vulneráveis, com problemas estruturais. Por último, a população geral”, explica.
Não há data específica para o início da desocupação, mas já está definido que o processo começará, impreterivelmente, na primeira quinzena de julho.
Para ser classificada para o serviço, a empresa de transporte deverá cumprir alguns requisitos, entre eles a utilização de veículos leves, capazes de transitar pelas vielas estreitas da favela. Laudo elaborado pela Defesa Civil desaconselha a utilização de caminhões pesados no local. A transportadora ainda deverá ser segurada contra roubo, furto e incêndio e se responsabilizar por qualquer dano.
Caberá ainda à empresa fornecer, com antecedência, caixas de papelão, fita colante e plástico bolha para os moradores organizarem a mobília antes da mudança. O transporte será realizado somente em dias úteis e dentro do horário comercial.
“A saída será organizada, mas o prazo para a desocupação é curto, por isso estamos nos antecipando para que o serviço seja realizado da melhor forma, pensando em todos os detalhes que envolvem a mudança, a fim de evitarmos qualquer inconveniente”, diz Manoel de Jesus Gonçalves, secretário de habitação.
Pouco mais de 100 casas já foram alugadas pela ONG Gerando Falcões, seguindo o critério de composição familiar. Para pessoas que moram sozinhas, serão disponibilizadas quitinetes. Para famílias maiores, com crianças e avós, casas com dois ou três quartos. O valor médio do aluguel é de R$ 1 mil.
A Secretaria de Educação firmou acordo com os moradores para facilitar vaga em creches e escolas municipais mais próximas do endereço para onde as famílias forem realocadas.
Após a desocupação, os barracos serão demolidos pela CDHU. As secretarias de Meio Ambiente e Serviços Gerais serão responsáveis pelo recolhimento dos resíduos.
Segundo o secretário de Habitação, o projeto de construção da Favela 3D (digna, digital e desenvolvida) foi entregue pela Gerando Falcões na última semana. A construção das casas será realizada pela CDHU e a infraestrutura, como asfalto, iluminação e esgoto, ficará a cargo da Prefeitura. As moradias serão entregues com interfone, geladeira, fogão micro-ondas e chuveiro elétrico, segundo o governo do Estado. A entrega da obra está prevista para o fim de 2023.
Funfarme faz capacitação na favela

A Fundação Faculdade Regional de Medicina (Funfarme) realizou nesta terça-feira, 21, o primeiro curso de formação profissional de moradores da Favela Marte. O projeto de capacitação tem a intenção de formar mão de obra especializada para trabalhar no Hospital de Base e no Hospital da Criança e Maternidade, ambos administrados pela Funfarme.
A Fundação comprometeu-se a receber currículos de moradores da favela para participarem de processos seletivos de funções nas unidades do complexo hospitalar.
A diretora administrava do HB, Amália Tieco, afirma que o primeiro curso foi de higienização hospitalar, porque faltam profissionais capacitados para este serviço.
“Eles estavam enviando muitos currículos daqui lá para a instituição, mas não tinham perfil para trabalhar no hospital. Então, resolvemos trazer a capacitação para mostrar o que a gente precisa para que sejam aptos a trabalhar no HB e em outros hospitais”, explicou a diretora.
O setor de Recursos Humanos da Funfarme realizou uma roda de conversa com os moradores sobre a cultura da instituição e, na sequência, foram realizadas duas palestras de capacitação sobre técnicas básicas de limpeza hospitalar e lavanderia.
A psicóloga Cristiane Midori Takasu, supervisora de RH da Fundação, diz que o projeto teve como objetivo formar auxiliares de limpeza e de lavanderia. “Era um sonho nosso fazer essa capacitação antes da pandemia, e agora estamos conseguindo realizar”, afirma a supervisora.