Morre Jacob, menino intersexo
Foi enterrado nesta segunda-feira, 21, no Cemitério da Lapa, em São Paulo, o menino Jacob Cristopher, que faleceu pouco antes de completar um ano e oito meses. Jacob tinha cardiopatia e havia se mudado com a família de Rio Preto para São Paulo para passar por cirurgias no Hospital do Coração, onde estava internado na Unidade de Terapia Intensiva (UTI).
O Diário contou a história do menino em agosto do ano passado. Os pais, a psicopedagoga Thais Emília Campos, 40 anos, e o cabeleireiro Elisberto Dos Santos, 36, levaram quase dois meses para conseguir o registro de nascimento do filho porque Jacob nasceu com pênis, mas sem o saco escrotal. No sétimo mês de gestação, exames revelaram uma possível ambiguidade no sexo do bebê.
Mesmo sem características femininas, existia dúvida quanto a seu sexo. O registro só veio depois do resultado do exame de cariótipo, que avalia os cromossomos, cujo resultado apontou que a criança era do sexo masculino. Seu caso provocou debates a respeito de intersexualidade.
Sem o registro, o menino ficou dois meses "sem existir" para o SUS e até para os convênios médicos simplesmente porque não tinha um sexo definido. Um risco, já que o bebê era portador de cardiopatia.
A família mantinha uma página no Facebook para atualizar o estado de saúde do pequeno, onde uma postagem homenageou o menino. "Esse anjinho veio... em paz...trouxe paz ... sorriu todos seus dias de vida. Cumpriu sua missão e voltou ao lado de Deus. Um anjo no céu. Uma estrelinha. Mudou nossas vidas para melhor. Deu alegrias. Mudou paradigmas. Veio com o 'sexo dos anjos' porque é um anjo", afirmou a família.
O Instituto Brasileiro Trans de Educação também divulgou uma nota de pesar a respeito do falecimento de Jacob, dizendo que o pequeno veio para romper barreiras e tornou-se motivação na luta de ativistas intersexos.
Além dos pais, Jacob deixou dois irmãos mais velhos e uma irmã mais nova.