Diário da Região
RIO PRETO

Meta para construir 240 lares a famílias da favela da Vila Itália chega a R$ 6 milhões

R$ 6 milhões, esta é a meta da corrente de solidariedade “Noroeste do Bem”, criada para unir empresários de Rio Preto a fim de construir lares para as famílias; R$ 3 mi já foram arrecadados

por Francela Pinheiro
Publicado em 03/08/2021 às 21:56Atualizado em 04/08/2021 às 08:31
Menino brinca com pipa na favela da Vila Itália (Johnny Torres/Arquivo)
Menino brinca com pipa na favela da Vila Itália (Johnny Torres/Arquivo)
Ouvir matéria

O projeto de reurbanização da favela da Vila Itália, Favela 3D (Digital, Digna e Desenvolvida), conta com uma rede de solidariedade de empresários e apoiadores que pretende arrecadar R$ 6 milhões até o final deste mês para garantir a transformação das moradias e das vidas das 240 famílias que vivem hoje na comunidade. Organizados em torno do projeto piloto de transformação social de favelas, desenvolvido pela ONG Gerando Falcões e aplicado pela primeira vez na Vila Itália, a ideia do grupo organizado pelo Lide Noroeste Paulista é somar empresas e pessoas interessadas em adotar uma das 240 famílias que vivem na favela e assim transformar a vida de mais de 600 pessoas. Até esta semana, a corrente já arrecadou R$ 3 milhões.

Como projeto pode ser modelo para transformações de outras favelas do País e do mundo, a reurbanização conta com apoio do poder público estadual e municipal, institutos Tellus e As Valquírias e empresários, como Jorge Paulo Lemann, considerado pela Forbes, em 2019, o segundo homem mais rico do Brasil.

A proposta envolve a Prefeitura de Rio Preto para regularização da área e fornecimento da infraestrutura, no valor de R$ 7 milhões. A ONG Gerando Falcões entrou com a criação do projeto e arrecadação de recursos para implementação de equipamentos e ações de transformação social. O Estado também participa para derrubar barracos e erguer as casas e conta com parceria da iniciativa privada para construção das mais de 200 moradias, as quais também contarão com financiamentos, com parcelas para as famílias.

Nessa iniciativa, o “Noroeste do Bem” está em campanha para angariar doações de alimentos e de dinheiro. Cada empresário, filiado ou não ao Lide, ou pessoa física pode adotar uma ou mais famílias na missão de transformar a realidade da favela. Cada família “custa” R$ 25 mil à vista ou em até 36 parcelas de R$ 694,45.

Segundo o Lide, 125 famílias já foram adotadas, das 240 que há na favela, com 634 moradores. Na linha de frente das doações estão a Americanflex (AMX) e a Facchini, empresas vizinhas da comunidade que estão engajadas no projeto como patrocinadoras master da rede de solidariedade.

Para a gestora estratégica do grupo AMX, Beatriz Jardini, a adoção de 20 famílias pelo grupo é mais que um projeto de impacto social. “Estamos dando voz aos ‘sonhos grandes’, como diz minha querida amiga Amanda Oliveira (fundadora do Instituto As Valquírias), das mais de 600 vidas que hoje se encontram em um estado indigno de expectativa de vida e futuro”.

Beatriz disse que a favela grita por socorro. “A hora de se ter um verdadeiro olhar empresarial é agora! É a hora de olhar para o lado e apoiar um excelente projeto piloto, que orgulhosamente escolheu nossa cidade para nascer”, pediu.

O diretor da Facchini, Marcelo Facchini, explicou que a organização levará uma das principais necessidades das famílias que vai além de moradias: capacitação para levar oportunidades de emprego e renda. Segundo mapeamento feito pelo Instituto Tellus, mais de 70% da população da favela está desempregada ou vive na informalidade. Outro dado aponta que 52% das famílias são chefiadas por mulheres – parte delas vítimas de violência doméstica ou com crianças abandonadas pelos pai.

"Não adianta nada reconstruir uma favela e seis meses depois as famílias não terem dinheiro para comprar comida. A id eia é capacitar as pessoas que moram lá para gerar renda e se tornarem autossuficientes, prepará-los para o mercado de trabalho”, explicou Facchini. “Precisamos muito da sociedade nos apoiando, qualquer pessoa que puder ajudar, pode ajudar com qualquer valor”, completou o diretor.

Convite deixado também por Bruno Malvezzi, do Grupo Impper, que entrou para o projeto com a adoção de oito famílias e outros recursos. “Que outras empresas se aliem a este propósito transformador, que possam contribuir de alguma maneira para uma sociedade melhor”, finalizou.

Modelo transformado

O presidente do Lide, Marcos Scaldelai, afirmou que o projeto Favela 3D é o com maior visibilidade do País para acabar com as favelas brasileiras. “Num processo de transformação que não é só dar uma casa, é uma mandala completa de ações para transformar e emancipar a favela. Temos um orgulho de dar um passo enorme de transformação que o Brasil merece, que a população brasileira merece”, disse.

Marcos destacou o engajamento de empresários em transformar o sonho em realidade. “Vamos colocar a favela como peça de um museu. Quero muito que os empresários do Noroeste Paulista se envolva nesse processo de transformação”, convidou. “Na nossa região, precisamos buscar esses R$ 6 milhões, já temos a metade. O que já conseguimos é recorde de busca de doações no nosso Noroeste. E não podemos parar, agora é um período crucial para fechar todos os acordos e parcerias e atingir os nossos objetivos”, complementou o presidente. Os dados para contribuições estão disponíveis no site www.noroestedobem.com.br. (FP)