Mães reivindicam sala adaptada para autistas em centro de reabilitação em Rio Preto
Secretaria de Saúde, responsável pelo CER, diz que ambiente será organizado

A falta de uma sala de espera adequada para pacientes com transtorno do espectro autista, no Centro Especializado em Reabilitação (CER), mantido pela Secretaria de Saúde de Rio Preto, tem sido motivo de preocupação para mães de crianças que fazem tratamento no local.
Isso porque os diversos estímulos sensoriais da recepção, como a grande quantidade de pessoas, entra e sai de pacientes e barulho da campainha de senha têm provocado crises nervosas nos pequenos, que ficam desregulados, o que acaba impactando no resultado da terapia.
A autônoma Alessandra Souza, 38, acompanha o filho Samuel, de 2 anos, nas consultas e disse que precisa levar brinquedos para distrair o filho durante a espera para que ele não fique agitado.
“Às vezes fico mostrando as plantas do jardim. Porque se ele fica parado, aguardando, acaba ficando ansioso, quer ficar correndo. Se tivesse um espacinho para ele brincar, ajudaria bastante”, disse.
Samuel iniciou o acompanhamento recentemente e não teve oportunidade de conhecer a brinquedoteca que existia no CER antes da pandemia de Covid, espaço que foi extinto e virou consultório.
“Foi muito útil para os autistas, que chegavam até a interagir e brincar entre eles”, lembra a autônoma Gabrielli Paglione, 35, mãe do Miguel, de 5 anos, que faz terapia na unidade. “Hoje, sem a sala especial, eu vejo que as mães têm que ficar correndo atrás dos filhos na recepção”, completa.
Queixa na Ouvidoria
Mães formalizaram reclamação na Ouvidoria da Saúde sobre os impactos negativos da espera na recepção, mas a resposta recebida é que “dentro dos objetivos traçados no plano terapêutico, inclui-se o processo de dessensibilização para que essas crianças possam se desenvolver em ambientes inclusivos para uma vida plena, que permita a realização e participação de atividades para além dos espaços terapêuticos (parque, shopping, escola) que também possuam os mesmos estímulos encontrados nos serviços de saúde”.
Um contrassenso, na avaliação do neurologista infantil Gustavo Teixeira, especialista em autismo. “Se é um local para atendimento de criança autista, precisa ser um espaço minimamente preparado. Se a sala de espera é um ambiente tumultuado, e o município oferece apenas 40 minutos de terapia, tem criança vai se beneficiar mais em não ir nesse lugar, porque ela vai se desorganizar. O pedido das mães é legítimo, a sala adequada faz parte do tratamento”, disse.
A reportagem questionou a Secretaria de Saúde sobre o posicionamento da Ouvidoria, mas a resposta foi oposta: “De modo a atender a demanda das mães, as crianças irão aguardar em ambiente separado, de menor fluxo e mais reservado. O ambiente já está sendo organizado”, informou, em nota.