Grupo faz primeira 'Marcha da Maconha' em Rio Preto
Expectativa da organização é reunir de 200 a 500 pessoas

Está marcada para este sábado, 5, em Rio Preto, a 1ª Marcha da Maconha, movimento social que defende o livre plantio de cannabis para fins terapêuticos e a descriminalização do porte de maconha para uso pessoal. A pauta da manifestação ganhou ampla visibilidade nesta semana com a retomada do julgamento sobre o porte de droga pelo Supremo Tribunal Federal (STF). Os ministros julgam se é constitucional o artigo 28 da Lei 11.343/2006, que considera crime adquirir, guardar e transportar entorpecentes para consumo pessoal. A votação, adiada mais uma vez, já tem quatro votos favoráveis à descriminalização.
Um dos líderes do movimento em Rio Preto, o advogado Raphael Machado Brandão diz que o objetivo da Marcha é desmistificar o tema e reforçar o potencial da cannabis, ainda pouco explorado no Brasil. “Setores conservadores da sociedade defendem a proibição da planta amparados em um discurso de pânico moral. Além dos benefícios já comprovados pela ciência para tratamento de inúmeras doenças, o mercado no exterior tem utilizado o cânhamo em larga escala na construção civil e na indústria têxtil. É preciso dar abertura para discussão do tema”, afirma.
“Graças ao óleo do cannabis meu filho autista de 9 anos virou outra criança, trouxe a normalidade de volta à minha vida e da minha família. Mas o acesso a ele ainda custa muito caro. Todos ganham com a melhora de transtornos mentais, inclusive a sociedade. Cannabis vai ser a revolução da medicina tal qual foi o antibiótico”, afirma Patrícia Falquette.
Segundo Raphael, a política de proibição da maconha contribuiu para a marginalização dos usuários, criando um ciclo de discriminação que afeta principalmente a população pobre e negra
Os ministros Alexandre de Moraes, Gilmar Mendes, Luis Roberto Barroso e Edson Fachin votaram favoráveis à descriminalização do porte de maconha. O plantio e a comercialização, no entanto, continuam proibidos. Gilmar Mendes, que é relator da ação, pediu vistas para analisar os votos dos colegas. A discussão ainda não tem data para ser retomada.
A expectativa da organização é reunir de 200 a 500 pessoas. O movimento tem o apoio do Conselho Regional de Psicologia Rio Preto, Movimento Negro Unificado, Coletivo Feminista Lugar de Mulher é Onde Ela Quiser, Coletivo Mãos Femininas, Coletivo Kabenlege Munanga – Unesp, Núcleo Negro da Unesp e Arteiras Pela Democracia.
A concentração está marcada para 14h20 em frente à Prefeitura de Rio Preto. A partir das 16h20 o grupo caminha em direção ao Anfiteatro da Represa Municipal, onde ocorre a dispersão.