Governo do Estado de São Paulo desobriga uso de máscaras em áreas abertas
Governo estadual anunciou que a partir de 11 de dezembro as máscaras não serão mais obrigatórias em áreas abertas; Prefeitura de Rio Preto vai adotar a medida. Nada muda para locais fechados

A partir de 11 de dezembro, o uso de máscaras será flexibilizado no Estado de São Paulo. Não haverá mais obrigatoriedade de utilizar o item de segurança em locais abertos, como parques e praças. A Secretaria de Saúde de Rio Preto já anunciou que também vai deixar de exigir a máscara em áreas abertas, “mas vai recomendar que a população continue usando máscara até o avanço da cobertura vacinal na população”.
A transmissão do coronavírus se dá por vias respiratórias, pelo contato com gotículas contaminadas expelidas por meio da fala, tosse e espirros, por exemplo. A máscara ajuda a impedir a transmissão. A obrigatoriedade em todo o território paulista foi imposta no início de maio do ano passado.
De acordo com levantamento feito pelo Diário com base em dados do Vacinômetro, no Departamento Regional de Saúde de Rio Preto (DRS) há 77,6% da população com esquema vacinal completo. Em Rio Preto, são 79%.
Segundo a Fundação Seade, a média móvel de novos casos no DRS está em 17 por dia e a de internações em 15 por dia, números que há alguns meses ultrapassaram os 1,3 mil e 150, respectivamente. A ocupação de UTI está em 21,3%.
Para o secretário de Saúde de Rio Preto, Aldenis Borim, as taxas vacinais e os índices da doença na cidade indicariam o uso da máscara, mas não o exigiriam. “Eu vou usar máscara”, garantiu.
João Pessoa Araujo Junior, pesquisador e professor da Unesp de Botucatu e vice-presidente da Sociedade Brasileira de Virologia, considera oportuna a liberação de uso do item em locais abertos. “As pessoas acabam cruzando umas com as outras ao ar livre, mas com a vacinação a carga viral das pessoas infectadas é muito menor e a transmissibilidade é menor”, diz, fazendo ressalvas. “Em ambientes muito lotados, como shows, onde as pessoas ficam muito próximas, ainda é aconselhável. E também em ambientes fechados, que as contaminações não acabaram. Não vamos dar sopa para o azar.”
A doutora em virologia Carolina Pacca, professora da Faceres, diz que o caminho é esse: tirar a obrigatoriedade dos locais abertos e ver como ficam os índices. “Em lugar fechado tem propagação, então ainda é necessário. A gente vai ter que fazer esses testes por um tempo até conseguir tirar um dia as máscaras de todos os locais.”
Ulysses Strogoff de Matos, infectologista da Unidade Especial de Tratamento de Doenças Infecciosas do Hospital das Clínicas de Ribeirão Preto, acredita que a medida é precipitada, pois os níveis da doença no País, embora mais baixos, ainda estão altos, e a Covid tem matado por semana mais do que todas doenças respiratórias matavam em um ano antes da pandemia. A média móvel de mortes está em torno de 250.
“Isso dá uma mensagem errada para a população, que vai entender que a Covid está controlada, e não está. Nesse momento deveríamos estar incentivando o uso”, acredita. “Perdemos o parâmetro da civilidade; 250 mortes por dia seriam 50 bimotores por dia matando cinco pessoas, para fazer uma analogia de quanta tragédia é para as famílias que perdem essas vidas. Acho que o governo tem que tratar a coisa com mais seriedade, a Covid não se mede por uma cidade ou estado se mede por país”, defende.
O novo decreto que tratará da flexibilização do uso de máscaras deve ser editado e publicado no Diário Oficial do Estado nas próximas semanas. “Nas áreas internas e nas áreas de transporte público, inclusive nas estações, mesmo que a céu aberto, o uso de máscara continuará sendo obrigatório”, disse o governador João Doria.