Duas empresas de comércio de ouro da região de Rio Preto são alvos da Polícia Federal
Suspeita é de ligação dos empresários com garimpo ilegal de ouro

A Polícia Federal investiga uma empresa de Rio Preto suspeita de comprar ouro extraído de terras indígenas. Documentos e arquivos de computadores foram apreendidos na manhã de terça-feira, 14, durante mandado de busca e apreensão, que foi cumprido no edifício Navarro Building, na Vila São José, sede do estabelecimento comercial.
“Eles (integrantes da empresa) adquiriram ouro extraído ilegalmente de terras indígenas. Eles faziam parte deste grupo. Descobrimos a partir da movimentação financeira”, explica o delegado responsável pela operação, Sinval Junior Pereira, da PF do Mato Grosso. O nome da empresa não foi divulgado.

Além de Rio Preto, outra empresa de comércio de ouro da região, instalada em Catanduva, também foi alvo de mandado de busca e apreensão.
Ao todo foram cumpridos dez mandados de busca nas cidades de Pontes e Lacerda, Cuiabá e Várzea Grande, todas no Estado do Mato Grosso, endereços de pessoas suspeitas de integrarem uma quadrilha interestadual, especializada na comercialização do ouro vendido por garimpeiros.

Segundo o delegado Sinval, as investigações começaram em novembro do ano passado, quando a Polícia Rodoviária Federal (PRF) prendeu na BR-070, no km 641, próximo de Cáceres (MT), um homem que dirigia uma caminhonete S10 e transportava 1,6 kg de ouro. A carga, dividida em oito barras, estava escondida debaixo do console do câmbio do veículo.
Em depoimento, o motorista confessou ter comprado as barras de ouro na cidade de Pontes e Lacerda e que viajava em direção à capital do Estado, Cuiabá, para fazer a negociação.
Como o motorista não tinha nota fiscal ou qualquer documento legal que comprovasse a origem do ouro, ele foi preso e as barras de ouro, apreendidas.
A partir das investigações sobre as ligações do motorista, os policiais descobriram uma rede composta por garimpeiros e comerciantes de ouro. Foram identificados os principais integrantes da organização criminosa que financiam de fato a exploração ilegal do meio ambiente.
“Essa organização criminosa foi estruturada para extrair ouro de garimpos ilegais, principalmente em terras indígenas e comercializar esse ouro,” diz o delegado.
Os garimpos ilegais estão instalados em terras indígenas na região das cidades de Vila Bela da Santíssima Trindade, Pontes e Lacerda e Nova Lacerda, todas do interior do Mato Grosso.
“Foi determinado pela Justiça Federal a ordem de bloqueio de todos os veículos em nome dos investigados, bem como o bloqueio de valores em até R$ 9.613.265,42”, afirma a polícia, em nota.
Todo o material apreendido, inclusive em Catanduva e Rio Preto, vai ser periciado, porque as apurações continuam para descobrir se há mais integrantes da quadrilha.
O garimpo ilegal constitui crime contra o patrimônio, na modalidade de usurpação, por produzir bens ou explorar matéria-prima pertencentes à União. A pena é de um a cinco anos de prisão, que pode ser aplicada aos comerciantes, caso fique comprovado financiamento deles na extração do metal precioso.
O nome da operação foi Via Áurea e faz referência ao fato da prisão em flagrante ter ocorrido na rodovia (via) e investigação ser por extração ilegal de ouro (áurea).