Diário da Região
POSTAGENS

Diretora denuncia ameaça de morte feita por aluna em Rio Preto

Foi a segunda educadora da cidade que procurou a polícia nesta semana

por Marco Antonio dos Santos
Publicado em 29/03/2023 às 21:18Atualizado em 30/03/2023 às 08:39
Caso foi registrado na Central de Flagrantes e deve ser investigado pelo 1º Distrito Policial (Johnny Torres/Arquivo)
Caso foi registrado na Central de Flagrantes e deve ser investigado pelo 1º Distrito Policial (Johnny Torres/Arquivo)
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A diretora de uma escola particular de Rio Preto procurou a Polícia Civil e registrou um boletim de ocorrência na tarde desta terça-feira, 28, após identificar supostas ameaças de uma aluna, de 13 anos, por meio de postagens feitas nas redes sociais.

Este é o segundo caso de violência escolar registrado em Rio Preto nesta semana. Também na terça-feira, uma professora de escola municipal denunciou na Polícia Civil ter sido ameaçada de agressão física por pais de um aluno. As duas denúncias ocorreram no dia seguinte ao atentado na Escola Estadual Thomazia Montoro, na cidade de São Paulo, que terminou com a morte de uma professora e com outras três educadoras e um aluno feridos. O autor foi um estudante de 13 anos.

Segundo o registro policial em Rio Preto, a diretora relatou que tomou conhecimento das ameaças ao ver as postagens que a aluna publicava em suas redes sociais. A preocupação da educadora surgiu após ler o teor, com frases como “espero que ela pegue câncer de próstata”, “até o final do ano eu mato aquela diretora”.

Para piorar, a jovem usou um print da notícia do atentado em São Paulo e postou: “E se nada der certo...”.

Além de registrar um boletim de ocorrência, a diretora comunicou a família da aluna e agendou uma reunião no colégio.

“Acabou sendo uma brincadeira de mau gosto, porém, já conversamos com a família. Foi tudo muito bem orientado, já está resolvido esse problema. Por ser menor de idade, temos que repensar todas as situações”, disse a diretora ao Diário nesta quarta-feira, 29.

A escola vai fazer uma outra reunião com toda equipe e familiares da estudante para decidir que tipo de punição será aplicada dentro do ambiente escolar.

O caso foi registrado na Central de Flagrantes como ameaça e será investigado pelo 1º Distrito Policial.

Conforme o Diário mostrou, para aumentar a segurança nos estabelecimentos de ensino estaduais da região de Rio Preto, a PM reforçou as rondas escolares, desde segunda-feira, quando aconteceu o assassinato da professora na escola em São Paulo.

Além disso, serão incentivadas a adoção do Programa Vizinhança Solidária Escolar, com grupos de WhatsApp composto por membros da alunos, professores, pais e até vizinhos para escola, para denunciar qualquer suspeita de violência.

Munições

Em outro caso envolvendo escolas, a Polícia Militar apreendeu no fim da tarde desta terça-feira, 28, duas cápsulas de revólver calibre 38 em uma unidade do bairro Santo Antônio, em Rio Preto. Um aluno afirmou ao professor que encontrou as cápsulas deflagradas na rua.

Segundo informações do boletim de ocorrência, o estudante levou as cápsulas para a escola e entregou a um professor, que entregou os objetos à diretora da unidade. Ela, por sua vez, acionou a Polícia Militar.

Os policiais foram até o local e apreenderam as duas cápsulas. Eles não chegaram a ouvir o aluno e o professor, que já tinham ido embora.

As cápsulas foram levadas à Central de Flagrantes e poderão passar por exame de balística para verificar se estão relacionadas a algum crime. O caso foi encaminhado ao 4º Distrito Policial.

(Colaborou Victória Oliveira)

É preciso observar atitudes

A repetição de casos de violência escolar, com envolvimento de adolescentes, aponta para a necessidade dos pais ficarem mais atentos ao comportamento dos filhos dentro de casa, alerta a psicóloga Mara Madureira.

Introspecção exagerada, recusa no contato social com o restante da família e vontade de ficar trancado no quarto o dia todo devem ser vistos como sinais de alertas pelos pais, que devem começar a checar principalmente o que os filhos veem nos celulares.

Em nome da prevenção, os pais devem retirar a privacidade dos filhos, principalmente dos adolescentes, para ver de perto com quem eles se relacionam e quais os assuntos.

“É possível os pais perceberem com os filhos, mas em geral o que acontece é uma negação dos pais. Para eles é muito difícil assumir que os filhos possam estar tendo comportamentos antissociais. Então acontece uma atenuação. As pessoas têm dificuldade em admitir que isso acontece na sua família”, diz a psicóloga.

A especialista também culpa a disseminação do ódio e culto às armas como influências negativas, principalmente para os jovens.

“Quando você tem uma notícia muito divulgada, aqueles que têm características afins se sentem encorajados. Não é porque foi divulgado um fato que todo mundo vai fazer igual, mas existe aquela ideia de se sentir representado e ficar à vontade para expressar isso também”, diz a psicóloga.

Mara recomenda aos pais levarem os filhos para o psicólogo, seja nos Caps (Centros de Atenção Psicossocial), nos profissionais da rede privada ou nas faculdades com curso de psicologia com atividades gratuitas de assistência de saúde mental. (MAS)