Diário da Região
TRANSBORDANDO SOLIDARIEDADE

Corrente de solidariedade por Izabelly leva 418 doadores de sangue ao Hemocentro de Rio Preto

Menina de 8 anos sofreu um aneurisma e precisou de doações de sangue; como cada bolsa pode salvar até quatro vidas, quantidade arrecadada poderá salvar 1,6 mil pessoas

por Joseane Teixeira
Publicado em 22/05/2024 às 00:35Atualizado em 22/05/2024 às 09:50
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Oito dias após sofrer o aneurisma cerebral, Iza acordou do coma nesta terça-feira, 21, e disse “eu te amo” à mãe (Arquivo Pessoal)
Oito dias após sofrer o aneurisma cerebral, Iza acordou do coma nesta terça-feira, 21, e disse “eu te amo” à mãe (Arquivo Pessoal)
A pequena Izabelly acordou do coma nesta terça-feira, 21, e disse “eu te amo” à mãe (Arquivo pessoal)
A pequena Izabelly acordou do coma nesta terça-feira, 21, e disse “eu te amo” à mãe (Arquivo pessoal)
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Mil e seiscentas. Essa é a quantidade de vidas que serão salvas pela rede de solidariedade mobilizada em prol do tratamento da pequena Izabelly Franco Benites, de 8 anos, que sofreu um aneurisma cerebral no dia 13 de maio.

Em apenas sete dias, o Hemocentro de Rio Preto registrou a participação de 418 pessoas que compareceram à unidade para repor o estoque de sangue em nome de Izabelly, que utilizou duas bolsas. “Superamos o limite diário de doações, o qual é 120, e chegamos a 203 em um único dia”, comemora Guilherme Vila Real, coordenador de captação.

Relatório divulgado pelo Hemocentro mostra o aumento no volume de doações a partir de quarta-feira, 15, quando o Diário da Região divulgou a campanha realizada por familiares e amigos de “Belly”, como é carinhosamente chamada. Na terça-feira, 14, o núcleo registrou 73 doações. No primeiro dia da ação, o número de doações saltou para 129 – um aumento de 76%.

A quinta-feira, 16, foi ainda mais especial. Das 108 pessoas que compareceram ao Hemocentro para repor bolsas de sangue, todas informaram o nome de Izabelly.

PRIMEIRA DOAÇÃO

Uma das voluntárias foi a estudante Fabiellen Alana do Amaral, de apenas 16 anos, que doou sangue pela primeira vez.

“Eu que iria doar, mas fui informada que não poderia e minha filha perguntou se poderia doar no meu lugar. O mais emocionante é que ela tem muito medo de agulha, mas disse que faria esse sacrifício pela Belly, que é praticamente da nossa família”, disse Ellen do Amaral, mãe da adolescente.

Além da filha, amigos e clientes foram “convocados” para ajudar. No sábado, 16, o número de doadores atendidos na unidade chegou a 203 – também impulsionado pelas pessoas que se solidarizaram com a criança.

“Cada voluntário pode doar até 450 ml de sangue, o que equivale a uma bolsa. Com essa quantidade é possível salvar até quatro vidas. Então estamos realmente muito felizes por esse grande gesto de amor ao próximo, que acontece justamente em um momento muito delicado para nós. Em razão do aumento de internações por casos de dengue, o Hospital de Base e a Santa Casa estão precisando de muitas bolsas para repor plaquetas de pacientes”, diz Guilherme Vila real, coordenador de captação.

Ele afirma que o governo do Estado também emitiu um comunicado que os Hemocentros paulistas poderão ser convocados para auxiliar os hospitais do Rio Grande do Sul, estado afetado por uma calamidade climática.

Recuperação surpreendente

Oito dias após sofrer um grave aneurisma cerebral congênito, a pequena Izabelly Franco Benites, de 8 anos, acordou do coma e disse “eu te amo” à mãe, Loren Franco.

A notícia foi publicada pela própria mãe em suas redes sociais nesta terça-feira, 21. “Ela já respondeu a várias perguntas. O som sai bem baixinho, mas entendemos o que ela fala. Hoje falou ‘mamãe eu te amo’ e ‘papai eu te amo’”, escreveu.

A criança está internada no Hospital HapVida desde segunda-feira, 13, quando sofreu um desmaio na escola. Diagnosticada com malformação da artéria venosa, ela passou por duas cirurgias.

Ao Diário, Loren disse que se surpreendeu com a enxurrada de mensagens de apoio que tem recebido nas redes sociais e o grande número de doadores de sangue que compareceram ao Hemocentro para reporem os estoques em nome de Izabelly.

“Pedimos ajuda apenas para parentes e amigos próximos. Mas um foi chamando o outro e se transformou nessa grande corrente de amor. Jamais imaginei que tanta gente que nem nos conhece poderia nos abraçar dessa forma”, emociona-se.

Mariana Poloni Amâncio Silvino, cardiologista e diretora médica do hospital, disse que a equipe médica se surpreendeu com a recuperação da criança.

“O quadro era muito grave, porque tinha um sangramento intenso. Foi para a primeira cirurgia, para poder drenar, mas não foi suficiente. Fez uma craniotomia descompressiva no dia seguinte. No oitavo dia de cirurgia ela está ‘dançando’ Ana Castela”, disse a médica, se referindo à coreografia que Izabelly fez com as mãos, nesta terça-feira. (JT)