Diário da Região
PANDEMIA

Cidades da região de Rio Preto lideram ranking de mortes por Covid-19

Topo do ranking com mais mortes por coronavírus, proporcionalmente ao número de habitantes, tem três cidades da região; entre os municípios com mais de cem mil moradores, Rio Preto é vice-líder

por Joseane Teixeira
Publicado em 30/06/2022 às 21:59Atualizado em 01/07/2022 às 08:27
Andreia Negri, gerente da Vigilância Epidemiológica (Divulgação/Prefeitura)
Andreia Negri, gerente da Vigilância Epidemiológica (Divulgação/Prefeitura)
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Três cidades da região de Rio Preto ocupam o topo do ranking elaborado pelo Ministério da Saúde entre os municípios com mais números de óbito por Covid-19 por 100 mil habitantes. Em primeiro lugar aparece Santa Clara d’Oeste, com 20 óbitos entre 2.115 habitantes. Em segundo, Meridiano, que registrou 36 mortes entre 3.836 moradores; em terceiro Parisi, com 19 óbitos entre 2.161 habitantes. Quando o critério leva em conta cidades com mais de 100 mil habitantes, Rio Preto ocupa o segundo lugar nacional – a cidade já chegou a ocupar o primeiro. Catanduva aparece em quinto entre as grandes cidades.

Para o infectologista Ulysses Strogoff de Matos, o ranking do Ministério da Saúde pode não representar a realidade nacional, porque diversos fatores influenciam para o posicionamento das cidades na lista.

“Por exemplo, a baixa testagem. Alguns municípios brasileiros registraram uma mortalidade muito grande durante a pandemia, principalmente no pico da contaminação, e os óbitos foram registrados como indeterminados. Então os estados e, consequentemente, as cidades que investiram em testagem acabam se destacando em uma lista negativa porque investigaram a causa dos óbitos e notificaram as autoridades de Saúde. A gente tem um cenário real do que acontece nelas, mas não um cenário geral do país para traçar comparativos mais honestos”, diz.

Andreia Negri, gerente da Vigilância Epidemiológica de Rio Preto, enumera três fatores que contribuíram para colocar Rio Preto em segundo lugar nacional: a testagem em massa, ser polo de atendimento em saúde e a grande circulação de pessoas.

“Nenhuma pessoa que procurou as unidades de saúde de Rio Preto com queixa de insuficiência respiratória saiu sem ser testada. Todos os pacientes internados que evoluíram para óbito tiveram a morte investigada. Mesmo que a suspeita fosse de pneumonia ou gripe. No outro lado dessa pirâmide, muita gente buscou socorro em Rio Preto durante a pandemia se passando por morador da cidade. Por falta de estrutura no seu município de origem. Apresentavam um comprovante de residência de Rio Preto. Então o teste positivo foi contabilizado para Rio Preto e a morte também”, explica.

Outra razão, segundo a porta-voz da Secretaria de Saúde, é o movimento contínuo de pessoas que visitam a cidade para passear, estudar ou para tratar de negócios. “Se aumenta a circulação, naturalmente aumenta a contaminação. Em um cenário onde ainda não havia vacinação, ou era limitada a poucos grupos, isso contribuiu muito para o aumento no número de óbitos”, justifica.

Sobre a incidência de municípios do interior paulista no ranking nacional das cidades com mais mortes por coronavírus, Strogoff critica os critérios de relaxamento das medidas restritivas do Plano São Paulo. “O Estado tinha um grande número de óbitos e índices de transmissão bastante consideráveis. Mas a classificação de risco era medida pela ocupação dos leitos. Como os leitos ampliaram significativamente para atender a demanda, o cenário foi mascarado e o comércio foi reaberto em um momento que ainda não era o ideal”, finaliza.

Todas as cidades mencionadas foram procuradas, mas não responderam a que atribuem a posição negativa no ranking do Ministério da Saúde.

Média diária de novos casos cai pela terceira semana

Boletim divulgado nesta quinta-feira, 30, pela Secretaria Municipal de Saúde aponta que o número de casos de Covid-19 vem sofrendo queda por três semanas consecutivas. Passou de 3.234 novos casos no dia 15 de junho para 2.998 positivados no dia 23 e, agora, 2.141. A média diária de novos casos caiu de 539 para 374 e está atualmente em 305.

Em contrapartida, o número de pacientes internados em leitos de UTI e de enfermaria sofreu movimento inverso: aumentou gradativamente nas últimas três semanas.

Segundo Andreia Negri, gerente da Vigilância Epidemiológica da Secretaria de Saúde, o cenário era previsível. “Sofremos com a quarta onda de contaminação, em razão da capacidade de disseminação da variante Ômicron. Após o aumento no número de casos, é esperado que isso se reverta em internações logo depois”, afirma.

A cidade tem 98 pacientes internados, sendo 60 em enfermaria e 38 em Unidade de Terapia Intensiva. O boletim coronavírus da semana anterior informava 79 internados e, no dia 15, um total de 65 internados.

“Tivemos dois óbitos de pacientes na faixa etária dos 50 a 60 anos. São considerados muito novos dentro do critério de gravidade, levando em consideração a cobertura vacinal. É preciso reforçar que ainda não é momento de relaxar as medidas de prevenção, como vacina e uso de máscara”, finaliza Andreia. A Saúde vem informando que as principais vítimas da variante Ômicron têm sido idosos com comorbidades e pessoas com esquema vacinal incompleto.

Nesta semana, Rio Preto registrou 11 mortes, duas a menos do que no boletim da semana passada. Ao todo, a cidade registra 155.153 resultados positivos de coronavírus desde o início da pandemia e 3.117 mortes pela doença.

A Saúde começou nesta semana a aplicar a quarta dose da vacina contra o coronavírus em pessoas com mais de 40 anos. O imunizante está disponível em todas as Unidades Básicas de Saúde (UBSs), das 7h30 às 15h. (JT)

Covid nos municípios

Cidades do País com mais mortes por número de habitantes

  • 1ª Santa Clara d’Oeste
  • 2ª Meridiano
  • 3ª Parisi
  • 4ª Itaúba (MT)
  • 5ª Campos Verdes (GO)
  • 6ª Salto do Itararé (PR)
  • 7ª Bálsamo
  • 8ª Pirapó (RS)
  • 9ª Macedônia
  • 10ª São José do Calçado (ES)

Cidades do País com mais mortes por número de habitantes entre as maiores de cem mil habitantes

  • 1ª São Caetano do Sul
  • 2ª Rio Preto
  • 3ª Cuiabá (MT)
  • 4ª Santos
  • 5ª Catanduva
  • 6ª Teresópolis (RJ)
  • 7ª Niterói (RJ)
  • 8ª Rio de Janeiro (RJ)
  • 9ª Petrópolis (RJ)
  • 10ª Governador Valadares (MG)

Fonte: Ministério da Saúde