As opções em Rio Preto para contemplar a Mãe Natureza
Árvores que nutrem, produzem sombra e abrigo e espalham vida com suas sementes convidam à reflexão neste dia especial dedicado às mães




A teia que tece o tempo também tece a natureza, mãe que alimenta a vida que nos envolve; em cores, em formas, em detalhes quase imperceptíveis. Na vida que pulsa em silêncio, na pluma das painas desgarradas das paineiras que agora florescem e irrompem o rosa no cinza dos céus de Rio Preto.
Como se traduz o balé da vida em tantas nuances, naquilo que revela a face de mãe generosa a prover abrigo, sombra, segurança, alimento? Na silhueta imponente das paineiras que agora ressurgem revestidas de pura delicadeza, um pouco dos sinais que nos levam a refletir sobre este dia.
Espiar um pouco que seja as árvores em rosa vivo pelos caminhos tornados áridos pelo concreto e indiferentes pela nossa pressa vale o ônus do “tempo perdido”. E o que se perde em minutos de contemplação se ganha em inspiração para enxergarmos mais cores em nossa vida.
Opções em Rio Preto não faltam e ficaram mais evidentes nesta última semana. De norte a sul da cidade é possível encontrar belos exemplares – seja, por exemplo, no Solo Sagrado (sugestivo nome, neste caso), no São Tomás, no São Judas Tadeu ou na sempre agitada avenida Ernani Pires Domingues – ali, a quem presta um pouco de atenção, está uma bela Ceiba speciosa (nome científico da paineira-rosa). Apenas para citar algumas!
Consta que neste ano a florada deve ser especialmente generosa e isso, além de presente para nossos olhos, é tido como um bom presságio, pois há um ditado que diz que “florada farta é sinal de fortuna”. Para os antigos que viviam do cultivo da terra, era sinônimo de fartura.
A madeira é leve e pouco resistente, mas na roça a paineira valia demais. Era muito comum utilizar a paina que a árvore produz para encher colchões, almofadas e travesseiros.
A paina é uma fibra branca e fina, parecida com o algodão, que sai quando o fruto rebenta no inverno. Ela é carregada pelo vento por longas distâncias e levam consigo as sementes, espalhando vida.
Não por acaso a terapeuta floral Vilma Domeneghetti define a paineira como o arquétipo da grande mãe. “Se tivermos a oportunidade de nos sentarmos embaixo de uma árvore florida, entrar em sintonia com todas as virtudes de proteção, nutrição, acolhimento, que emanam de suas flores rosas, poderemos vivenciar um sentimento de conforto e aconchego, abrindo espaços para a cura de todo sentimento de desamor, rejeição e dificuldades de estabelecermos vínculos”, diz.
A ‘mãe’ imperial
Consta que dom João VI inaugurou o Jardim Botânico do Rio de Janeiro em 1809, pouco após chegar ao Brasil. Embalado pela necessidade de aclimatação de novas plantas e em busca de novos produtos, o Jardim Botânico foi uma necessidade econômica desde que nasceu sob a guarda do Ministério dos Negócios de Guerra.
Logo na inauguração dizem que dom João foi o grande incentivador do plantio da Palmeira Imperial, cujo nome científico é Roystonea oleracea.
E a primeira muda nascida aqui no Brasil foi chamada de Palma Mater, logo apelidada de palmeira-imperial. Reza a lenda que dela descendem todas as palmeiras imperiais espalhadas pelo território brasileiro, seja por sementes adquiridas licitamente como presentes do imperador ou seja contrabandeadas. A palma mater foi destruída por um raio em 1972, mas ficou a história.
Assim temos mais que motivos para contemplarmos o belo que se apresenta e que desafia a aridez dos cenários humanos. É a vida que pede passagem, na delicadeza do rosa de uma paineira, na força inabalável da palmeira imperial, que atravessou o tempo espalhando suas sementes. Puro instinto materno!