Diário da Região
DO PAPEL À PELÚCIA

Artesã de Rio Preto transforma desenhos de crianças no papel em pelúcia

Artesã Patrícia Bruschi, 48, reproduz em pelúcia, com riqueza de detalhes e fidelidade impressionante, desenhos de animais, personagens e membros da família feitos por crianças

por Joseane Teixeira
Publicado em 18/05/2022 às 20:55Atualizado em 18/05/2022 às 21:16
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Patrícia Bruschi, 48 anos, com algumas das pelúcias que já produziu (Guilherme Baffi 18/5/2022)
Patrícia Bruschi, 48 anos, com algumas das pelúcias que já produziu (Guilherme Baffi 18/5/2022)
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A materialização da infância. É assim que pode ser resumido o trabalho da artesã Patrícia Bruschi, 48 anos, que reproduz em pelúcia, com riqueza de detalhes e fidelidade impressionante, desenhos feitos por crianças. Animais, personagens, membros da família. Cores e formas elaboradas por mãos pequeninas são transportadas do papel e transformadas em lembranças afetivas, presentes ou até decoração, como memória de tempos felizes. Quem encomenda o trabalho ainda contribui para uma causa nobre: 20% do valor do pedido é revertido para a ONG 4Patinhas, no Rio de Janeiro, que abriga atualmente 700 animais resgatados das ruas.

Patrícia mora em Rio Preto e conta que a ideia surgiu há um ano. “Um amigo tem uma filha de 5 anos que é muito talentosa para desenhar. Ele me mandou algumas fotos e eu, que já gostava de artesanato, tentei dar forma a uma das criações dela”, conta.

O deslumbramento e a felicidade da menina ao pegar nas mãos a pelúcia de um desenho produzido por ela incentivaram Patrícia a fazer do hobby um negócio.

“A maior dificuldade é transformar um desenho plano, feito em sulfite, em um objeto 3D. Porque o tecido dá volume e curvas, e pode descaracterizar a obra original, mas eu sou muito exigente com as encomendas”, brinca.

Nesta semana, Patrícia está reproduzindo um desenho feito por uma criança em 1992, e que foi guardado pela mãe. “Ela soube do meu trabalho e contou que tem várias ilustrações preservadas, de quando a filha era criança. Estava muito emocionada em poder abraçar, de fato, algo feito pela menina, que já é adulta. É um reencontro com o passado”.

Apenas com a divulgação boca a boca, a artesã produz em média cinco pelúcias por mês. As criações ganham forma e estrutura na máquina de costura e são finalizadas à mão.

O cartunista e ilustrador Pedro Leite, de Belo Horizonte, soube do trabalho de Patrícia pelas redes sociais. Ele sorteia os bonecos produzidos por ela, a partir dos desenhos dele, durante visita às escolas. “Ele conta as histórias e o aluno fica com uma lembrança daquela visita”, explica.

Ela também cria ursinhos com a roupa preferida de um ente ou um macacãozinho de bebê.

Patrícia é engajada na causa animal e adotou cinco gatos resgatados por instituições de proteção. Dois deles foram “importados” do Rio de Janeiro. A artesã sempre foi apoiadora da ONG 4Patinhas e, por meio de carona solidária, conseguiu adotar dois bichanos de lá. Sem emprego fixo, o artesanato foi a oportunidade que ela encontrou de continuar contribuindo com a causa.

O preço das pelúcias variam entre R$ 120 e R$ 150, e elas têm de 30 a 40 centímetros. O trabalho de Patrícia pode ser acompanhado por meio da página @pimarulho no Instagram. O nome é uma junção do apelido “Pi” dado por uma sobrinha e o som das ondas do mar, chamado marulho.