Justiça decreta prisão de rapaz que matou ciclista atropelada em Bálsamo
Atropelamento no fim de semana causou a morte de enfermeira

A Justiça decretou a prisão preventiva do servidor público Guilherme Augusto dos Reis Jordão, 32, autor do atropelamento a um casal de ciclistas no último domingo, 10, em Bálsamo. O acidente provocou a morte da enfermeira Naitielle de Paula Pantano, 33, e ferimentos graves no marido dela, Júlio César Braguini Fernandes, 33, que está internado no Hospital de Base com múltiplas fraturas.
O mandado de prisão foi cumprido nesta quarta-feira, 13, quando Guilherme se apresentou na delegacia de Bálsamo acompanhado dos advogados Diego Carretero e Priscila Furlaneto.
Ainda na segunda-feira, 11, o delegado João Otávio Spaca pediu a prisão preventiva do investigado sob a justificativa de garantia da ordem pública. No entendimento da autoridade policial, o homem teria cometido os crimes de homicídio, lesão corporal grave na direção de veículo, fuga do local de acidente e dirigir veículo sem carteira de habilitação.
“A conduta do representado de se evadir do local sem prestar socorro às vítimas demonstra sua periculosidade e frieza, encontrando-se em local incerto, inclusive os detalhes levam a crer pelo dolo eventual”, escreveu o juiz André da Fonseca Tavares, da 2ª Vara Criminal de Mirassol, para decretar a prisão.
Por orientação dos defensores, o investigado permaneceu em silêncio durante o interrogatório nesta quarta.
Segundo a advogada Priscila, o procedimento já havia sido concluído quando o escrivão pediu que eles esperassem a chegada do delegado.
“O Guilherme foi colocado na cela antes da publicação da decisão judicial (da prisão), que só saiu ao meio-dia. O que configura prisão ilegal. Vamos impetrar habeas corpus para que ele responda ao processo em liberdade. Ele é servidor público há 11 anos, não registra antecedentes criminais e não representa nenhum risco à investigação”, disse.
Sobre o acidente, a advogada afirmou que o motorista fugiu porque ficou assustado com a situação.
Testemunhas ouvidas pela Polícia Civil afirmaram que Guilherme passou a tarde bebendo e teria sido aconselhado a não dirigir.
À frente da investigação, o delegado Spaca afirmou que já recebeu o laudo sobre a causa da morte de Naitielle, que foi politraumatismo. “O autor do acidente foi indiciado nesta quarta-feira. Porém, antes de concluir o inquérito, ainda preciso ouvir a vítima sobrevivente e aguardar a entrega do laudo da perícia realizada na estrada de terra”.
Por telefone, Heloísa Pantano, irmã de Naitielle, disse que quer justiça. “Seria uma falta de respeito com a família se ele permanecesse solto”, protesta.
Ela afirmou que o cunhado sofreu fraturas na perna, maxilar e costelas, além de lesões no cérebro e no pulmão. “O Júlio está na UTI e precisou ser sedado quando soube que a esposa morreu. O sofrimento é enorme”, falou.
Guilherme é funcionário concursado da prefeitura de Bálsamo e trabalhava como zelador do almoxarifado. A prefeitura informou que vai instaurar sindicância administrativa porque, após o acidente, o funcionário não compareceu mais ao trabalho.
Defesa alega prisão ilegal
Nesta quinta-feira, 14, o preso será submetido a audiência de custódia, que tem por objetivo verificar se a prisão é legal, bem como se o indiciado tem alguma queixa relacionada a abuso de autoridade.
Priscila Furlaneto disse que vai apresentar à Justiça provas de que a Polícia Civil prendeu o cliente antes que houvesse determinação judicial.
“Temos foto do Guilherme na cela às 11h30. O mandado de prisão foi decretado 12h08. Pedimos ao escrivão o documento que autorizava o encarceramento e ele não tinha. Tanto que o Guilherme foi retirado da cela e colocado sentado na sala novamente”.
O advogado Diego Carretero, que também representa a comissão de prerrogativas da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB) em Rio Preto, comunicou a Corregedoria da Polícia Civil sobre o fato. Na audiência de custódia, os defensores pedirão que a Justiça oficie a Corregedoria para instauração de sindicância administrativa.
Questionado sobre a suposta ilegalidade na prisão de Guilherme, o delegado João Spaca disse que não vai comentar o assunto. (JT)