Arraias invadem afluentes do rio Tietê e acendem alerta para acidentes nas prainhas da região de Rio Preto. Construção da Usina de Itaipu mudou curso dos peixes, segundo pesquisadores
Arraia encontrada por pescador no rio Tietê (Divulgação/ Unesp de Botucatu)
Os rios da região de Rio Preto estão ganhando novos moradores nesses últimos anos. São arraias de água doce, das espécies do gênero Potamotrygon, que são comuns no rio Paraná da Argentina, mas que estão invadindo os afluentes do Tietê, após a construção da Usina Hidrelétrica de Itaipu. A constatação foi feita por meio de uma pesquisa da Unesp de Botucatu.
Apesar de serem dóceis, os animais ferroam quando pisados ou manipulados de maneira errada. O seu formato de disco e corpo recoberto de bolinhas também confundem pescadores e banhistas, o que acende um alerta para as prefeituras da região de Rio Preto para a realização de campanhas educativas e de como proceder em caso de acidente.
Segundo o professor da Faculdade de Medicina da Universidade Estadual Paulista (Unesp) de Botucatu, Vidal Haddad Júnior, a construção da Usina Hidrelétrica de Itaipu é o que explica o aparecimento desses peixes cartilaginosos no rio Tietê. “A arraia é um bicho da fauna brasileira, mas que existia apenas nos rios da Amazônia e Pantanal, não existia nesta região. Mas quando fizeram a Itaipu, elas tiveram acesso a Sete Quedas, que era uma barreira natural e começaram a subir o rio Paraná, chegando ao Tietê”.
A pesquisa aponta que, em cerca de 30 anos, os peixes avançaram 140 quilômetros acima do rio Tietê. Entre as cidades que já tiveram aparecimento de arraias de água doce estão Ilha Solteira, Itapura, Andradina, Pereira Barreto, Araçatuba, Sud Mennucci, Santo Antônio do Aracanguá e Buritama.
Outra cidade que também já constatou o aparecimento de arraias é Santa Albertina, que chegou a instalar placas informativas para o risco de acidentes na prainha municipal, o que indica que os peixes também já estão presentes no rio Grande. “A questão delas é inevitável, o importante agora é uma campanha educativa das prefeituras para banhistas e pescadores, com o objetivo de evitar acidentes”, apontou Vidal.
Autora de uma pesquisa de doutorado, a enfermeira Isleide Saraiva Rocha Moreira, monitorou durante três anos o aparecimento das arraias no rio Tietê, por meio de pescadores que começaram a encontrar arraias durante a pesca. “O registro mais longevo que fizemos na pesquisa de arraia foi em Buritama, mas a tendência é que ela continue avançando o Tietê”.
Isleide explica que diferente de outros peixes, as arraias de água doce encontradas na região de Rio Preto se reproduzem durante todo o ano. “Ela não pega o período de novembro a janeiro, como outros peixes para se reproduzir. Durante todo ano existe reprodução e não temos um predador natural, o que facilita sua rápida propagação pelo rio”.
Prevenção
Pesquisadores alertam que para evitar acidentes são necessárias campanhas educativas das prefeituras junto a pescadores e a instalação de placas indicativas nas prainhas da região de Rio Preto, como forma de alertar os turistas. “Não é evitar que o turista entre na água, mas apenas alertar de como proceder na água e caso encontrar o peixe. São espécies dóceis, a questão é quando manipuladas de maneira errada”, alertou Vidal.
Entre as orientações para evitar acidentes estão andar com cuidado na água, evitando arrastar o pé sobre a areia ou no lodo; verificar se há arraias ou marcas de sua presença na areia ou em volta do barco.
Já em caso de acidente, Isleide alerta que a primeira medida é procurar atendimento médico, pois pode haver infecções e quebra dos ferrões. “A dor é muito grande e as pessoas que já foram aferroadas apontam que a dor é parecida com uma faca. A orientação inicial é colocar água quente como forma de aliviar a dor e procurar atendimento médico”, aconselhou.
A expectativa é de que, com a pesquisa, os pesquisadores consigam mobilizar prefeituras para adotar planos educativos e até preparar as unidades de saúde para acidentes. Não existe na região um levantamento de quantas pessoas foram ferroadas por arraias nos últimos anos. “Apesar de não matar, traz muitos problemas, pois o veneno é necrótico e causa muita dor na hora do acidente. A pesquisa é um alerta.”
Nome (científico)
Cidades com presença de arraias no rio Tietê
Como evitar acidentes
Em caso de acidentes
Primeiro, o ideal é sair da área e não tentar capturar o animal
Procure atendimento médico, pois pode haver infecções e quebra dos ferrões
Água quente (mas não fervente) possuem propriedade que quebram a proteína do veneno e aliviam a dor
Evitar fazer torniquetes ou aplicar compressas de gelo
Fonte: Professor Vidal Haddad Junior e enfermeira Isleide Saraiva Rocha Moreira, Faculdade de Medicina, Medicina Veterinária e
Zootecnia da Unesp de Botucatu
Pescador de Buritama com arraia durante a pesca (Divulgação)
Exemplar da Potamotrygon rex, comum nos rios de água doce (Jim Capaldi/Wikimedia Commons)
{{input-template}}{{/input-template}}{{^input-template}}{{#auto_left.0.contentId}}
{{input-template}}{{/input-template}}{{^input-template}}{{#auto_left.1.contentId}}
{{input-template}}{{/input-template}}{{^input-template}}{{#auto_left.2.contentId}}
{{input-template}}{{/input-template}}{{^input-template}}{{#auto_left.3.contentId}}
{{input-template}}{{/input-template}}{{^input-template}}{{#auto_left.4.contentId}}
{{input-template}}{{/input-template}}{{^input-template}}{{#auto_left.5.contentId}}
{{input-template}}{{/input-template}}{{^input-template}}{{#auto_left.6.contentId}}
{{input-template}}{{/input-template}}{{^input-template}}{{#auto_left.7.contentId}}
{{input-template}}{{/input-template}}{{^input-template}}{{#auto_center.0.contentId}}
{{input-template}}{{/input-template}}{{^input-template}}{{#auto_center.1.contentId}}
{{input-template}}{{/input-template}}{{^input-template}}{{#auto_center.2.contentId}}
{{input-template}}{{/input-template}}{{^input-template}}{{#auto_center.3.contentId}}
{{input-template}}{{/input-template}}{{^input-template}}{{#auto_center.4.contentId}}
{{input-template}}{{/input-template}}{{^input-template}}{{#auto_center.5.contentId}}
{{input-template}}{{/input-template}}{{^input-template}}{{#auto_center.6.contentId}}
{{input-template}}{{/input-template}}{{^input-template}}{{#auto_center.7.contentId}}
{{input-template}}{{/input-template}}{{^input-template}}{{#contentId}}
{{input-template}}{{/input-template}}{{^input-template}}{{#contentId}}{{/contentId}}{{/input-template}}{{/manual_right}}
{{input-template}}{{/input-template}}{{^input-template}}{{#contentId}}
teaser template not found{{/image.contentId}}
{{input-template}}{{/input-template}}{{^input-template}}{{#contentId}}
teaser template not found{{/image.contentId}}
{{input-template}}{{/input-template}}{{^input-template}}{{#contentId}}{{/contentId}}{{/input-template}}{{/auto_left}}
{{input-template}}{{/input-template}}{{^input-template}}{{#contentId}}
{{input-template}}{{/input-template}}{{^input-template}}{{#contentId}}{{/contentId}}{{/input-template}}{{/auto_center}}
{{input-template}}{{/input-template}}{{^input-template}}{{#contentId}}
teaser template default not found{{/image.contentId}}
{{input-template}}{{/input-template}}{{^input-template}}{{#contentId}}
teaser template default not found{{/image.contentId}}
Nós utilizamos cookies para garantir que você tenha a melhor experiência em nossas plataformas.
Ao utilizar nosso site, você aceita os termos de uso e política de privacidade.