O transporte por aplicativo que conecta o passageiro ao motorista mais próximo. O canal de streaming que sugere conteúdo com base nos gostos do usuário. O assistente virtual que responde às dúvidas dos clientes. É inegável, a inteligência artificial já está inserida no cotidiano e evolui para que tarefas comuns do dia a dia sejam cada vez mais automatizadas. Especialistas ouvidos pelo Diário são unânimes em dizer: ter conhecimentos básicos sobre IA não é mais uma questão de interesse, mas de necessidade. E há caminhos para entender essa mudança.

Nesta semana, a Secretaria de Desenvolvimento Econômico (SDE) do governo do Estado abriu inscrições para o curso básico (e gratuito) “IA para todos”. Totalmente online, o curso é voltado para pessoas de qualquer idade e prevê quatro módulos com duração de uma hora cada um.

De acordo com a SDE, o primeiro módulo desmistifica a IA, demonstrando que qualquer pessoa pode utilizá-la. O segundo ensina como integrá-la ao dia a dia. O terceiro aborda a criação de aplicações para transformar atividades cotidianas em processos mais produtivos. Por fim, a última etapa foca na atualização e uso de diferentes ferramentas práticas.

Estudantes do ensino fundamental ao superior, pequenos empreendedores e empresários, funcionários de empresas e servidores, professores e até quem busca novas oportunidades de emprego e renda podem se beneficiar com o conteúdo.

Popularização

Pós-doutora e professora de Ciência da Computação na Fatec, Luciene Cavalcanti Rodrigues afirma que a popularização das ferramentas de inteligência artificial fará com que a grande massa tenha cada vez mais acesso aos processos automatizados. “É o caso do ChatGPT, Gemini e mais recentemente o Deepseek, que já têm grande adesão entre os jovens. A importância de se aprender sobre essas inovações está batendo à nossa porta. As possibilidades de aplicação da IA nos serviços, no mercado de trabalho e até mesmo no entretenimento são ilimitadas. Nos próximos dois anos veremos inovações que julgávamos impossíveis”, diz.

A especialista destaca pesquisas no campo da medicina em que sistemas de IA estão sendo desenvolvidos para detectar cânceres diversos através de imagens e dados. A IA também tem sido explorada na agricultura para melhorar o desempenho da lavoura.

No campo da educação, o governo do Piauí foi pioneiro no Brasil em adotar ensino de IA como disciplina da educação básica. Um dos conteúdos transmitidos é sobre “deepfake”, ou seja, como identificar fotos, vídeos e sons alterados por inteligência artificial.

Demanda

Doutor e professor do Departamento de Ciências da Computação e Estatística do Ibilce, Diego Renan Bruno menciona que universidades públicas estão abrindo cursos específicos de IA e reformulando cursos já existentes para atender a essa demanda de mercado, que ainda não tem profissionais em número suficiente.

É o caso da Universidade Federal de Goiás (UFG), cujo curso de IA já tem concorrência maior que Medicina.

“No Ibilce, o curso mais concorrido é o de Ciência da Computação, que traz disciplinas específicas sobre IA, visando formar profissionais preparados para as inúmeras possibilidades de aplicação. Na USP de São Carlos, o curso de Estatística foi transformado em Ciência de Dados, uma área de estudo que analisa grandes conjuntos de dados para extrair conhecimento e tomar decisões”, exemplifica.

O professor Diego destaca que a IA não é totalmente inteligente e ainda depende de mão de obra humana para alimentar bancos de dados, corrigir e aprimorar informações.

Ele e a professora Luciene são unânimes em dizer que, para além de uma necessidade de mercado, entender minimamente sobre IA também é uma questão de segurança.

As inscrições para o curso "IA para todos" podem ser feitas até o dia 31 de março no site www.qualificasp.sp.gov.br/