Diário da Região
OS PRIMEIROS PASSOS

Exoesqueleto que fez senadora andar será usado por pacientes da região de Rio Preto

Parceria do Estado com empresa francesa vai trazer um equipamento robótico para o Lucy Montoro de Fernandópolis; exoesqueleto vai ajudar na reabilitação de pacientes com paraplegia

por Joseane Teixeira
Publicado em 29/05/2023 às 20:23Atualizado em 30/05/2023 às 08:53
Postagem da senadora Mara Gabrilli: “De um lado, a primeira maratona que fiz na vida. Do outro, meus primeiros passos depois de 28 anos sem andar” (Reprodução: Instagram)
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Postagem da senadora Mara Gabrilli: “De um lado, a primeira maratona que fiz na vida. Do outro, meus primeiros passos depois de 28 anos sem andar” (Reprodução: Instagram)
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De maneira inédita, a região de Rio Preto vai receber, entre julho e agosto, um equipamento robótico supermoderno que representa esperança de autonomia para pacientes com lesão medular. O exoesqueleto, desenvolvido pela empresa francesa Wandercraft, permite que pessoas com paraplegia e tetraplegia possam ficar de pé, caminhar e até realizar pequenas atividades. Apenas duas unidades da tecnologia serão disponibilizadas ao Brasil. Uma ficará na USP, em São Paulo, e outra será entregue no Centro de Reabilitação Lucy Montoro de Fernandópolis, graças a um acordo de cooperação entre o governo do estado e a startup francesa.

O ortopedista traumatologista e fisiatra Flávio Benez, que é diretor técnico do Lucy, em Fernandópolis, comemorou a escolha do centro para apoiar, junto ao Instituto de Medicina Física e Reabilitação do Hospital das Clínicas da USP, o projeto de pesquisa sobre o desempenho do equipamento na reabilitação motora.

“Todos os pacientes com dificuldade de marcha ou mobilidade reduzida poderão se beneficiar. Não só a cidade de Fernandópolis foi presenteada, mas os 52 municípios vinculados à nossa unidade, que atende a uma população aproximada de 500 mil habitantes”, disse.

Para o especialista, a escolha da cidade para receber o equipamento é o reconhecimento dos resultados obtidos pelo centro, administrado pela Fundação Faculdade Regional de Medicina de Rio Preto - Funfarme.

Durante o evento de anúncio da parceira pelo governo do estado, Linamara Rizzo Battistella, presidente do conselho diretor do Instituto de Medicina Física e Reabilitação do Hospital das Clínicas da USP, destacou que a grande vantagem do exoesqueleto, em comparação com outros equipamentos, é a possibilidade de ajuste ao corpo de qualquer pessoa, além de ser aproveitado no tratamento fisioterapêutico de variadas condições que provocam limitações motoras como lesões medulares, acidente vascular cerebral (AVC), Parkinson e paralisia cerebral, por exemplo.

“Ele é muito leve e se adapta a pessoas de diferentes alturas e pesos. Isso significa que eu não preciso ter um equipamento para cada um. Dentro do centro de reabilitação, eu posso ter um equipamento que atinja vários pacientes”, disse.

Recentemente, a senadora Mara Gabrilli, que é tetraplégica, vestiu o exoesqueleto e se entusiasmou com a experiência de ficar de pé e caminhar. “Firmar essa parceria vai permitir o desenvolvimento de estudos e avaliações sobre o uso de exoesqueletos para auxiliar a movimentação de pacientes em reabilitação. As ações são o primeiro passo para aprimorar nossa reabilitação, investir em saúde, qualidade de vida, além de autoestima e felicidade”, escreveu nas redes sociais.

Diretor e paciente do Lucy

Governador Tarcísio de Freitas com Flávio Benez, diretor técnico do Lucy em Fernandópolis (Reprodução/Redes sociais)
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Governador Tarcísio de Freitas com Flávio Benez, diretor técnico do Lucy em Fernandópolis (Reprodução/Redes sociais)

Até mesmo o diretor técnico do Lucy poderá se beneficiar da inovação tecnológica. Em 2014, Flávio Benez sofreu um acidente em uma piscina e se tornou tetraplégico. “Além de trabalhar no centro, sou também paciente. O que me permite compreender melhor as necessidades das pessoas assistidas e humanizar o atendimento”, afirma.

O modelo de exoesqueleto robótico produzido pela Wandercraft possui um sistema que controla o centro de gravidade do usuário, impedindo que ele se desequilibre. É possível também programar as atividades que serão realizadas pela estrutura robótica, como levantar o paciente, marchar ou estimular apenas alguns membros do corpo.

A partir da análise de desempenho do exoesqueleto, os profissionais responsáveis pelo trabalho de reabilitação motora produzirão relatórios que serão encaminhados à Wandercraft para aperfeiçoamento do mecanismo.

“O governo de São Paulo vai investir o que for preciso para trazer essa experiência para mais pessoas e levar a Rede Lucy Montoro mais longe. Nós temos uma grande responsabilidade e estamos cientes dos nossos desafios”, disse o governador Tarcísio de Freitas no anúncio sobre a parceria. (JT)

A tecnologia

Equipamento durante teste na empresa que o desenvolveu (Divulgação)
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Equipamento durante teste na empresa que o desenvolveu (Divulgação)
  • Os exoesqueletos são estruturas “vestíveis” que ajudam no suporte e movimento do corpo humano
  • Eles já são vistos por especialistas como aliados importantes na delicada recuperação de quem sobrevive a um AVC, por exemplo
  • É geralmente uma estrutura mecânica dura com articulações que permitem o movimento do operador humano

Parceria

  • O Governo do Estado de São Paulo, por meio da Rede Lucy Montoro, e a empresa francesa Wandercraft fizeram parceria para pesquisa científica e tecnológica com exoesqueletos robóticos
  • O Centro Paralímpico Brasileiro também participa do acordo de cooperação
  • O acordo de cooperação vai permitir o desenvolvimento de estudos e avaliações do uso do equipamento para auxiliar a movimentação de pacientes em reabilitação
  • O Lucy Montoro de Fernandópolis vai receber o equipamento para utilizar no tratamento de seus pacientes

Como funciona

  • A pessoa “veste” o exoesqueleto e, com o movimento do próprio corpo, o robô inicia a marcha
  • O modelo conta com um sistema que controla o centro de gravidade do usuário para dar maior equilíbrio
  • Programado de acordo com os objetivos do paciente, o robô pode se inclinar, sentar e levantar, andar de frente, de costas e de lado, além de subir degraus
  • Uma das vantagens do equipamento em relação a outros é a capacidade de ser adaptado para diferentes perfis de pacientes
  • No início da parceria, o robô será destinado, especialmente, ao treinamento de pacientes com lesão medular, Parkinson e AVC