Exoesqueleto que fez senadora andar será usado por pacientes da região de Rio Preto
Parceria do Estado com empresa francesa vai trazer um equipamento robótico para o Lucy Montoro de Fernandópolis; exoesqueleto vai ajudar na reabilitação de pacientes com paraplegia

De maneira inédita, a região de Rio Preto vai receber, entre julho e agosto, um equipamento robótico supermoderno que representa esperança de autonomia para pacientes com lesão medular. O exoesqueleto, desenvolvido pela empresa francesa Wandercraft, permite que pessoas com paraplegia e tetraplegia possam ficar de pé, caminhar e até realizar pequenas atividades. Apenas duas unidades da tecnologia serão disponibilizadas ao Brasil. Uma ficará na USP, em São Paulo, e outra será entregue no Centro de Reabilitação Lucy Montoro de Fernandópolis, graças a um acordo de cooperação entre o governo do estado e a startup francesa.
O ortopedista traumatologista e fisiatra Flávio Benez, que é diretor técnico do Lucy, em Fernandópolis, comemorou a escolha do centro para apoiar, junto ao Instituto de Medicina Física e Reabilitação do Hospital das Clínicas da USP, o projeto de pesquisa sobre o desempenho do equipamento na reabilitação motora.
“Todos os pacientes com dificuldade de marcha ou mobilidade reduzida poderão se beneficiar. Não só a cidade de Fernandópolis foi presenteada, mas os 52 municípios vinculados à nossa unidade, que atende a uma população aproximada de 500 mil habitantes”, disse.
Para o especialista, a escolha da cidade para receber o equipamento é o reconhecimento dos resultados obtidos pelo centro, administrado pela Fundação Faculdade Regional de Medicina de Rio Preto - Funfarme.
Durante o evento de anúncio da parceira pelo governo do estado, Linamara Rizzo Battistella, presidente do conselho diretor do Instituto de Medicina Física e Reabilitação do Hospital das Clínicas da USP, destacou que a grande vantagem do exoesqueleto, em comparação com outros equipamentos, é a possibilidade de ajuste ao corpo de qualquer pessoa, além de ser aproveitado no tratamento fisioterapêutico de variadas condições que provocam limitações motoras como lesões medulares, acidente vascular cerebral (AVC), Parkinson e paralisia cerebral, por exemplo.
“Ele é muito leve e se adapta a pessoas de diferentes alturas e pesos. Isso significa que eu não preciso ter um equipamento para cada um. Dentro do centro de reabilitação, eu posso ter um equipamento que atinja vários pacientes”, disse.
Recentemente, a senadora Mara Gabrilli, que é tetraplégica, vestiu o exoesqueleto e se entusiasmou com a experiência de ficar de pé e caminhar. “Firmar essa parceria vai permitir o desenvolvimento de estudos e avaliações sobre o uso de exoesqueletos para auxiliar a movimentação de pacientes em reabilitação. As ações são o primeiro passo para aprimorar nossa reabilitação, investir em saúde, qualidade de vida, além de autoestima e felicidade”, escreveu nas redes sociais.
Diretor e paciente do Lucy

Até mesmo o diretor técnico do Lucy poderá se beneficiar da inovação tecnológica. Em 2014, Flávio Benez sofreu um acidente em uma piscina e se tornou tetraplégico. “Além de trabalhar no centro, sou também paciente. O que me permite compreender melhor as necessidades das pessoas assistidas e humanizar o atendimento”, afirma.
O modelo de exoesqueleto robótico produzido pela Wandercraft possui um sistema que controla o centro de gravidade do usuário, impedindo que ele se desequilibre. É possível também programar as atividades que serão realizadas pela estrutura robótica, como levantar o paciente, marchar ou estimular apenas alguns membros do corpo.
A partir da análise de desempenho do exoesqueleto, os profissionais responsáveis pelo trabalho de reabilitação motora produzirão relatórios que serão encaminhados à Wandercraft para aperfeiçoamento do mecanismo.
“O governo de São Paulo vai investir o que for preciso para trazer essa experiência para mais pessoas e levar a Rede Lucy Montoro mais longe. Nós temos uma grande responsabilidade e estamos cientes dos nossos desafios”, disse o governador Tarcísio de Freitas no anúncio sobre a parceria. (JT)
A tecnologia

- Os exoesqueletos são estruturas “vestíveis” que ajudam no suporte e movimento do corpo humano
- Eles já são vistos por especialistas como aliados importantes na delicada recuperação de quem sobrevive a um AVC, por exemplo
- É geralmente uma estrutura mecânica dura com articulações que permitem o movimento do operador humano
Parceria
- O Governo do Estado de São Paulo, por meio da Rede Lucy Montoro, e a empresa francesa Wandercraft fizeram parceria para pesquisa científica e tecnológica com exoesqueletos robóticos
- O Centro Paralímpico Brasileiro também participa do acordo de cooperação
- O acordo de cooperação vai permitir o desenvolvimento de estudos e avaliações do uso do equipamento para auxiliar a movimentação de pacientes em reabilitação
- O Lucy Montoro de Fernandópolis vai receber o equipamento para utilizar no tratamento de seus pacientes
Como funciona
- A pessoa “veste” o exoesqueleto e, com o movimento do próprio corpo, o robô inicia a marcha
- O modelo conta com um sistema que controla o centro de gravidade do usuário para dar maior equilíbrio
- Programado de acordo com os objetivos do paciente, o robô pode se inclinar, sentar e levantar, andar de frente, de costas e de lado, além de subir degraus
- Uma das vantagens do equipamento em relação a outros é a capacidade de ser adaptado para diferentes perfis de pacientes
- No início da parceria, o robô será destinado, especialmente, ao treinamento de pacientes com lesão medular, Parkinson e AVC