Projeto TransplantAR, de promotor rio-pretense, vence o Prêmio Innovare
O anúncio do vencedor na categoria Justiça e Cidadania, que teve 134 inscritos, foi feito pelo ministro Alexandre de Moraes, do STF

Idealizado pelo promotor rio-pretense Eudes Quintino de Oliveira Junior, em parceria com o médico Ronaldo Honorato Barros dos Santos e o piloto de aviação Francisco de Assis Souza Campos Lyra, o Programa TransplantAR – que agiliza o resgate e transplante de órgãos por meio de parcerias com proprietários de aeronaves privadas – foi o vencedor da 22ª edição do Prêmio Innovare, na categoria Justiça e Cidadania, que teve 134 projetos inscritos.
O prêmio Innovare é considerado um dos reconhecimentos mais importantes do país em boas práticas. A cerimônia de premiação foi realizada no dia 3 de dezembro, no Salão Branco do Supremo Tribunal Federal (STF).
O vencedor da categoria Justiça e Cidadania foi anunciado pelo ministro Alexandre de Moraes, vice-presidente do STF, que durante os cumprimentos mencionou ao jornalista Heraldo Pereira, mestre de cerimônia, que Eudes foi seu colega de Ministério Público, quando exerceu a função de promotor de justiça no Estado de São Paulo entre 1991 e 2002.
Desde sua implementação, já foram realizados 71 voos por aviões a jato, turbo hélice e até helicópteros. Por meio do programa, já foram transplantados mais de 74 órgãos, sendo 46 corações, 14 pulmões, 13 fígados e um pâncreas.
Um dos pacientes beneficiados foi o pequeno Arthur, de 1 ano, diagnosticado aos dois meses de vida com miocardiopatia dilatada, uma insuficiência cardíaca muito grave, com indicação de transplante.
“É um coração muito pequeno que nós fomos captar, pesava 35 gramas. A doação dos órgãos daquela família, amparada pela logística do Programa Transplantar, foi fundamental para obtermos o sucesso que obtivemos com o Arthur”, disse o médico Ronado, cirurgião cardiovascular.
“O reconhecimento pelo Prêmio Innovare reforça que inovação e solidariedade podem caminhar juntas. O TransplantAR nasceu para encurtar distâncias e ampliar as chances de vida. Cada voo é mais do que logística, é esperança para milhares de pacientes que aguardam por um órgão”, celebrou Eudes Quintino, chefe de gabinete da Secretaria de Estado da Saúde.
Além de percorrer 16 cidades do estado de São Paulo, como Rio Preto, Catanduva e Votuporanga, o projeto já buscou ou levou órgãos para os estados de Goiás, Rio de Janeiro, Santa Catarina, Paraná e Tocantins, percorrendo 32 mil quilômetros.
“É uma corrida contra o relógio, porque tem que coordenar a logística de transporte terrestre e aéreo, às vezes combinando jato com helicóptero. É um quebra-cabeça e dá uma satisfação imensa quando tudo dá certo, e a gente vê o resultado das cirurgias”, diz o comandante Francisco.
Os empresários não recebem qualquer benefício ou dedução de imposto – a doação das horas de voo é totalmente altruísta. “Essas aeronaves são mais ágeis que os voos comerciais, o que é crucial para o transporte de órgãos como o coração e o pulmão, que precisam ser transplantados em até quatro horas, e o fígado, em até 12 horas após a captação”, informa o Governo do Estado.
Segundo a Secretaria de Saúde, neste ano, cerca de 27 mil pessoas aguardavam por um transplante de órgãos ou tecidos no estado de São Paulo. Responsável por 31% de todos os procedimentos realizados no país, até o mês de outubro foram realizados 6.641 transplantes em todo o estado.