Polícia Civil de Rio Preto tem novo comandante
Novo comandante da Polícia Civil na região de Rio Preto, delegado José Luiz Ramos Cavalcanti adota tom conciliador e demonstra entusiasmo com o novo desafio; nomeação saiu no Diário Oficial

Diplomático e agregador. As primeiras impressões compartilhadas com a reportagem por delegados e investigadores sobre o novo chefe da Polícia Civil de Rio Preto, José Luiz Ramos Cavalcanti, parecem afastar o fantasma das substituições drásticas (e políticas) que assombrava o efetivo na última semana, quando todos foram surpreendidos com a demissão do delegado João Pedro Arruda, há 11 anos à frente da unidade mais importante da polícia judiciária na região de Rio Preto.
A aguardada nomeação do delegado Cavalcanti, então seccional da região de Barretos, como diretor do Deinter-5 foi publicada nesta quarta-feira, 19, no Diário Oficial do Estado.
Na primeira entrevista concedida ao Diário da Região, Cavalcanti demonstrou cordialidade, entusiasmo com o novo desafio e não fugiu de nenhuma pergunta.
Entre elas, se recebeu algum direcionamento do delegado-geral, Ruy Ferraz Fontes, acerca do trabalho que deverá ser desenvolvido na cidade. “Otimizar os recursos e melhorar a qualidade do atendimento”, respondeu de pronto.
O delegado, que tem 39 anos de serviço público e já passou pelas fileiras da Polícia Civil como escrivão e investigador, conhece as agruras e potencialidades da instituição. Para o novo diretor, o déficit de profissionais é indiscutivelmente a maior problema a ser enfrentado frente ao Deinter-5, que congrega 140 unidades policiais em 96 municípios.
Um novo concurso previsto para este ano, com abertura de três mil vagas, deve desafogar a grande demanda de inquéritos e possibilitar respostas mais rápidas à sociedade. Cavalcanti deposita grande expectativa nos investimentos em tecnologia, que substituem, em boa parte, as “pesquisas de campo” ou, no jargão policial, as diligências.
Ele cita como uma das ferramentas de investigação a plataforma de reconhecimento facial, que tem capacidade para armazenar até 90 milhões de registros de identidade.
Por meio da comparação entre imagens de câmeras e o banco de dados, é possível identificar suspeitos sem que as equipes tenham que se deslocar para a coleta de informações primárias, otimizando recursos e tempo dos policiais.
Questionado sobre a possibilidade de mexer nas cadeiras das seis delegacias seccionais sob o seu comando – Rio Preto, Catanduva, Votuporanga, Jales, Novo Horizonte e Fernandópolis –, disse que não tem o perfil de assumir cadeira alterando cargos.
“Gosto de conhecer as equipes, analisar os resultados. Tive ótimas referências sobre os seccionais sob a tutela do Deinter-5. Quando assumi como seccional de Barretos, fiz pouquíssimas substituições, muito pontuais e necessárias”, falou.
Perguntado sobre a marca que quer imprimir na nova gestão, respondeu “trabalho”. “Eu sou um delegado operacional. Reconheço a importância da minha função administrativa. Como gestor, devo dar condições para que os policiais façam o melhor trabalho. Mas, sempre que posso, gosto de estar nas ruas, vivendo a Polícia Civil e auxiliando as equipes”.
O trabalho do diretor do Deinter é intermediar a comunicação entre as delegacias seccionais e a Delegacia-geral de polícia. Além de gerenciar os recursos humanos, distribuindo conforme a necessidade de cada região. O diretor do Deinter ainda escolhe os delegados seccionais e pode determinar diretrizes de trabalho, indicando o que deve ser prioridade da polícia investigativa.
Assalto em shopping está na pauta
Antes mesmo da oficialização do diretor do Deinter-5, policiais civis da Deic de Rio Preto já compartilhavam com o novo comandante relatórios de investigação e os próximos passos a serem adotados pela especializada na identificação da quadrilha envolvida no assalto à joalheria Costantini, ocorrido na última sexta-feira, 14.
Cavalcanti afirmou que os policiais demonstraram bom planejamento e estratégia e não viu necessidade de direcionar as equipes ou dar sugestões de investigação.
Questionado sobre a expectativa que a sociedade deposita na Polícia Civil em se antecipar aos criminosos, por meio do trabalho de inteligência, ele defende que é possível prevenir grandes assaltos, mas que algumas ações são imprevisíveis e estão atreladas não a deficiências da segurança pública, mas em fragilidades de âmbito particular, como o pouco investimento das empresas e centros de compras em sistemas de monitoramento e vigilância.
O novo diretor vê com ressalvas a exposição de policiais civis nas redes sociais. Recentemente, o comando da Polícia Militar proibiu manifestações políticas e exibição de armas e fardamento, restringindo os perfis unicamente à vida pessoal dos agentes. Cavalcanti concorda. “Não se deve fazer propaganda própria às custas da instituição. Quem trabalha é a Polícia, como um todo. Não existe mérito individual. Nosso trabalho é em equipe e, se devemos prestar conta dos nossos resultados é à imprensa, e não a seguidores”, defende.
O delegado vivenciou boa parte da carreira na capital e regiões metropolitanas, e foi transferido para o interior a pedido próprio, em busca de mais qualidade de vida. “Era um desejo antigo. E Rio Preto tem condições muito favoráveis de vida. Além de ser uma cidade onde tenho muitos amigos”, finalizou sem, contudo, entregar nomes. (JT)