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Piloto tentou incendiar aeronave com 663 quilos de cocaína, diz PF de Jales

Dois ocupantes do avião conseguiram fugir após a interceptação

por Luna Kfouri
Publicado em 04/07/2022 às 21:21Atualizado em 05/07/2022 às 08:46
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Policial federal ao lado da aeronave interceptada pela Força Aérea Brasileira (FAB) (Divulgação/Polícia Federal)
Policial federal ao lado da aeronave interceptada pela Força Aérea Brasileira (FAB) (Divulgação/Polícia Federal)
Pacotes com a carga de cocaína, que está avaliada em R$ 13,2 milhões (Divulgação/Polícia Federal)
Pacotes com a carga de cocaína, que está avaliada em R$ 13,2 milhões (Divulgação/Polícia Federal)
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O piloto da aeronave interceptada pela Força Aérea Brasileira (FAB) com 663 quilos de cocaína tentou incendiar o avião para esconder provas que permitam a identificação dos criminosos. A Polícia Federal diz que foram localizadas cápsulas de munição de calibre 9 mm no local em que a aeronave fez um pouso forçado, entre Pontalinda e Jales no domingo, 3.

“Policiais desconfiam que o piloto, no intuito de ocultar as provas, ele mesmo atirou contra a asa da aeronave para incendiar”, disse o delegado federal Alexandre Manoel Gonçalves, durante entrevista coletiva na manhã desta segunda-feira, 4. Piloto e um comparsa conseguiram fugir logo após o pouso e não tinham sido localizados até a tarde de segunda. A PF apreendeu a droga.

“A Polícia Federal foi informada pela FAB que a aeronave fez o pouso em uma fazenda de Pontalinda, onde existe uma pista rural. No local, há uma grande plantação de cana e uma mata. Com a chegada do reforço, houve buscas no local, mas os ocupantes da aeronave não foram encontrados”, disse o delegado.

A aeronave entrou no espaço aéreo brasileiro pela fronteira do Mato Grosso do Sul. Segundo a FAB, duas aeronaves de defesa aérea A-29 Super Tucano foram empregadas para monitorar e interceptar o avião. Os pilotos ordenaram a mudança de rota e o pouso obrigatório em aeródromo específico, mas o piloto do avião não obedeceu. Foram realizados procedimentos de tiros de detenção. Após a execução do tiro de detenção, a aeronave fez pouso forçado.

“De acordo com o Comando de Operações Aeroespaciais (Comae), os radares identificaram a aeronave entrando no espaço aéreo brasileiro. O avião, sem contato com o controle, descumpriu todas as medidas de policiamento realizadas, mostrando-se hostil”, afirma a FAB em nota. A ação fez parte da Operação Ostium, para coibir ilícitos transfronteiriços, na qual atuam em conjunto a FAB e a PF.

Policiais militares de São Paulo e Mato Grosso do Sul também deram apoio à ocorrência no local, inclusive com a participação de dois helicópteros das corporações. As investigações serão conduzidas pela Polícia Federal em Jales.

Laudo preliminar de constatação deu positivo para cloridrato de cocaína, a forma mais pura e mais cara da droga. A reportagem apurou que o quilo da droga custa por volta de R$ 20 mil, ou seja, a carga está avaliada em R$ 13,2 milhões.

Conforme a PF, após ser abandonada, a aeronave foi transportada em um caminhão pela rodovia Eliéser Montenegro Magalhães, com o apoio do Corpo de Bombeiros, da Polícia Militar e do DER até o aeroporto municipal de Jales, onde permaneceu à disposição da Justiça. Foi necessário interditar algumas vias para que a aeronave passasse.

Segundo a Agência Nacional de Avião Civil (Anac), o avião tem matrícula PR-WCP e foi fabricado em 1973 pela Beech Aircraft. É um bimotor que tem capacidade máxima de decolagem de 2.449 quilos e até cinco passageiros. O proprietário adquiriu a aeronave em abril deste ano e o Certificado de Verificação de Aeronavegabilidade (CVA) está suspenso desde 21 de junho deste ano.

(Colaboraram Joseane Teixeira e Marco Antonio dos Santos)