Ministério Público denuncia motorista após laudo sobre como acidente em Cedral ocorreu
Perícia mostra que o carro invadiu a grama e atropelou Estéfany Medina



A Polícia Civil de Cedral apresentou à Justiça o laudo pericial do local em que Estéfany Medina foi atropelada, no dia 29 de janeiro, após o término de uma festa de pré-carnaval. O documento traz a dinâmica do acidente e mostra que o motorista do Astra, João Pedro Silva Alves, saiu da pista de asfalto e invadiu parte do gramado onde alguns jovens estavam sentados. Ele está preso preventivamente. Segundo a polícia, o jovem confessou ter ingerido bebida alcoólica antes do acidente.
A perícia aponta que João dirigia o carro pela estrada, de asfalto ruim e sem sinalização terrestre, em direção à rodovia Washington Luís. Em determinado trecho, ele “galgou à direita” e passou com as rodas do lado direito sobre a grama.
O laudo não aponta o local exato onde Estéfany estava sentada, mas informa que, após ser atingida pela lateral direita do para-choque do carro, a vítima foi arrastada. Além das extensas escoriações nas costas, ela fraturou os dois braços e seis ossos da costela. A causa da morte foi politraumatismo.
Outro indício que reforça a informação de que a jovem foi arrastada é a perícia no veículo, que mostra sinais de “esfregaço” na parte interna do pneu e embaixo do carro.
A partir do ponto em que o Astra invade o gramado, há uma marca de frenagem no asfalto que se estende por três metros. Após o rastro do pneu é onde o corpo da vítima foi fotografado.
“Os dois laudos só reforçam o meu entendimento de que João Pedro cometeu homicídio com dolo eventual. As testemunhas que estavam dentro do carro relataram que visualizaram a vítima antes de ela ser atingida. Soma-se a isso o fato de que o acidente aconteceu na saída da festa, quando várias pessoas deixavam o local, o que exigia dos motoristas cuidado na pista”, disse o delegado José Rubens.
O inquérito já foi relatado, com indiciamento de João Pedro por homicídio duplamente qualificado (por surpresa e meio cruel), e lesão corporal leve dolosa, contra uma amiga de Estéfany que conseguiu desviar do carro.
O Ministério Público ainda aguarda a chegada de duas perícias: o laudo toxicológico da vítima e a análise das imagens captadas por câmeras durante a fuga do motorista. O objetivo é tentar aferir a velocidade que João Pedro dirigia.
No final da tarde desta quarta-feira, 15, o promotor Evandro Ornelas Leal seguiu o entendimento do delegado José Rubens e denunciou João Pedro nos mesmos termos do indiciamento. Para o representante do Ministério Público, o caso caracteriza-se por dolo eventual, porque o motorista assumiu o risco de matar.
O advogado Juan Siqueira, que representa João Pedro, disse que é fundamental saber o local exato em que Estéfany foi atropelada e se a jovem estava sob efeito de substância psicoativa. Ele disse que vai solicitar perícia particular para esclarecer questões não respondidas no laudo oficial, produzido pelo Instituto de Criminalística.