Diário da Região
ATROPELAMENTO COM MORTE

Ministério Público denuncia motorista após laudo sobre como acidente em Cedral ocorreu

Perícia mostra que o carro invadiu a grama e atropelou Estéfany Medina

por Joseane Teixeira
Publicado em 15/02/2023 às 21:37Atualizado em 16/02/2023 às 08:58
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Estéfany Ferreira Medina, 20 anos, foi atropelada na manhã de domingo, 29 (Reprodução/Redes Sociais)
Estéfany Ferreira Medina, 20 anos, foi atropelada na manhã de domingo, 29 (Reprodução/Redes Sociais)
Reprodução gráfica do movimento feito pelo Astra que atropelou Estéfany Medina (César Belisário)
Reprodução gráfica do movimento feito pelo Astra que atropelou Estéfany Medina (César Belisário)
Marca de pneu na grama mostra que o carro saiu da pista (Instituto de Criminalística)
Marca de pneu na grama mostra que o carro saiu da pista (Instituto de Criminalística)
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A Polícia Civil de Cedral apresentou à Justiça o laudo pericial do local em que Estéfany Medina foi atropelada, no dia 29 de janeiro, após o término de uma festa de pré-carnaval. O documento traz a dinâmica do acidente e mostra que o motorista do Astra, João Pedro Silva Alves, saiu da pista de asfalto e invadiu parte do gramado onde alguns jovens estavam sentados. Ele está preso preventivamente. Segundo a polícia, o jovem confessou ter ingerido bebida alcoólica antes do acidente.

A perícia aponta que João dirigia o carro pela estrada, de asfalto ruim e sem sinalização terrestre, em direção à rodovia Washington Luís. Em determinado trecho, ele “galgou à direita” e passou com as rodas do lado direito sobre a grama.

O laudo não aponta o local exato onde Estéfany estava sentada, mas informa que, após ser atingida pela lateral direita do para-choque do carro, a vítima foi arrastada. Além das extensas escoriações nas costas, ela fraturou os dois braços e seis ossos da costela. A causa da morte foi politraumatismo.

Outro indício que reforça a informação de que a jovem foi arrastada é a perícia no veículo, que mostra sinais de “esfregaço” na parte interna do pneu e embaixo do carro.

A partir do ponto em que o Astra invade o gramado, há uma marca de frenagem no asfalto que se estende por três metros. Após o rastro do pneu é onde o corpo da vítima foi fotografado.

“Os dois laudos só reforçam o meu entendimento de que João Pedro cometeu homicídio com dolo eventual. As testemunhas que estavam dentro do carro relataram que visualizaram a vítima antes de ela ser atingida. Soma-se a isso o fato de que o acidente aconteceu na saída da festa, quando várias pessoas deixavam o local, o que exigia dos motoristas cuidado na pista”, disse o delegado José Rubens.

O inquérito já foi relatado, com indiciamento de João Pedro por homicídio duplamente qualificado (por surpresa e meio cruel), e lesão corporal leve dolosa, contra uma amiga de Estéfany que conseguiu desviar do carro.

O Ministério Público ainda aguarda a chegada de duas perícias: o laudo toxicológico da vítima e a análise das imagens captadas por câmeras durante a fuga do motorista. O objetivo é tentar aferir a velocidade que João Pedro dirigia.

No final da tarde desta quarta-feira, 15, o promotor Evandro Ornelas Leal seguiu o entendimento do delegado José Rubens e denunciou João Pedro nos mesmos termos do indiciamento. Para o representante do Ministério Público, o caso caracteriza-se por dolo eventual, porque o motorista assumiu o risco de matar.

O advogado Juan Siqueira, que representa João Pedro, disse que é fundamental saber o local exato em que Estéfany foi atropelada e se a jovem estava sob efeito de substância psicoativa. Ele disse que vai solicitar perícia particular para esclarecer questões não respondidas no laudo oficial, produzido pelo Instituto de Criminalística.