Herança teria motivado jovem a encomendar morte de pai e irmão em Votuporanga, diz polícia
Mãe dela também seria alvo, mas estava em viagem e escapou

O desejo de ficar com uma herança de R$ 2 milhões em patrimônio é apontado pela Polícia Civil como motivação pelo latrocínio do agricultor Wladmyr Baggio, de 56 anos, e do filho dele, Vítor More Baggio, de 22, em uma propriedade rural de Votuporanga. Uma das suspeitas de ser mandante do crime seria Viviane More Ramos, 27, filha de Wladmyr e irmã de Vítor. Ela foi presa na noite de segunda-feira, ao lado do marido, o advogado Carlos Ramos, também suspeito de ser mandante.
Wladmyr e o filho Vítor foram encontrados pela Polícia Militar amarrados, com os olhos vendados, e baleados na cozinha da propriedade rural, em Votuporanga. O pai, que levou um tiro na cabeça, morreu no local. Já o filho chegou a ser socorrido pelo Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (Samu), mas morreu na Santa Casa de Votuporanga. Os dois autores do crime foram presos horas depois, na periferia da mesma cidade.
O delegado Rafael Latorre Costa, responsável pela investigação, a princípio tratou o caso como roubo seguido de assassinato das vítimas. Segundo a primeira versão de um dos autores, eles resolveram cometer o crime após Vítor comentar com clientes de sua loja sobre seu poder aquisitivo. A investigação mudou o rumo a partir do depoimento do outro executor do crime, que teria revelado em depoimento na Delegacia de Investigações Gerais (DIG) que a dupla tinha sido contratada pelo casal.
“O plano do casal era matar pai, mãe e irmão. Eles iriam pagar R$ 10 mil para cada uma das mortes. Ela deu a rotina noturna interna da casa da família. Mas a mãe não foi morta porque não estava em casa naquela noite. Como a filha estava brigada com a família, ela não sabia que a mãe estava em viagem. Por isso, a mulher não foi morta”, afirma o delegado.
Ainda segundo a Polícia Civil, o casal teria orientado os executores do crime a roubar objetos e dinheiro que fossem encontrados no imóvel, como ganho extra e também para fazer parecer para a investigação policial que a família tinha sido vítima de um latrocínio.
Para comprovar o depoimento de um dos executores, a equipe da DIG colheu informações sobre troca de ligações telefônicas entre os suspeitos e os executores. Além disso, conseguiu filmagens de câmeras de monitoramento com um encontro entre o casal e os autores do crime três dias antes do crime.
A conclusão do caso surpreendeu a DIG, porque o casal chegou a comparecer ao velório e ao enterro de Wladmyr e Vítor, no cemitério municipal de Votuporanga.
Com base nas informações obtidas pela investigação, o delegado Rafael Latorre pediu a prisão preventiva do casal. A ordem judicial foi cumprida na residência deles, no final da tarde de segunda-feira. Ambos foram levados para a carceragem do plantão policial de Votuporanga.
O mandado de prisão do casal foi expedido pela justiça de Votuporanga, que também autorizou a conversão da prisão temporária em preventiva. Os dois autores diretos do crime, presos em flagrante, também já tiveram a prisão preventiva decretada. Eles tinham passagens por furto e roubo.
O casal não tinha passagens pela polícia. Os quatro acusados vão responder por latrocínio duplo com agravantes.
Defesa alega inocência
Advogada de defesa do casal, Mariflavia Peixe diz que os dois são inocentes até que se prove o contrário e todos os recursos tenham sido julgados na última instância.
“Todo mundo está sujeito a prisão preventiva. Para a condenação, precisa de prova robusta. E o princípio da inocência é garantido pela Constituição (Federal), depois de transitado e julgado. Qualquer acusação, a defesa abomina”, diz a advogada.
Caso seja mantida a prisão preventiva, Mariflavia diz que vai entrar com habeas corpus em favor dos clientes para relaxamento da prisão.
O casal deve passar por audiência de custódia, para depois ser definido para qual unidade prisional cada um deles será levado.
Os dois executores do crime estão presos no Centro de Detenção Provisória (CDP) de Riolândia. A reportagem não conseguiu contato , nesta terça-feira, 23, com a defesa dos outros dois acusados. O nome deles não foi divulgado. (MAS)