Diário da Região
INVESTIGAÇÃO

Polícia prende dupla por desaparecimento de estudante da Unesp de Ilha Solteira 

Um dos suspeitos é um rapaz com quem a vítima mantinha um relacionamento amoroso. O outro é um policial militar aposentado que teria relação com o primeiro suspeito

por Diego Bressant*
Publicado há 12 horasAtualizado há 9 horas
Carmen de Oliveira Alves desapareceu no dia 12 de junho; ao lado, a moto elétrica em que ela estava quando desapareceu (Arquivo pessoal)
Carmen de Oliveira Alves desapareceu no dia 12 de junho; ao lado, a moto elétrica em que ela estava quando desapareceu (Arquivo pessoal)
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A Polícia Civil de Ilha Solteira cumpriu, nesta quinta-feira, 10, dois mandados de prisão temporária relacionados ao desaparecimento da estudante Carmen de Oliveira Alves, de 25 anos, ocorrido em 12 de junho. Um dos suspeitos é um rapaz que também estudava zootecnia na Unesp de Ilha Solteira e com quem a vítima mantinha um relacionamento amoroso. O outro é um policial militar aposentado que mantinha relação amorosa com o primeiro suspeito.

Segundo o delegado de Ilha Solteira, Miguel Rocha, após o desaparecimento da jovem, a polícia iniciou as investigações que resultaram na quebra do sigilo e interceptação telefônica da vítima e dos suspeitos. Todo o material disponibilizado pelas operadoras foi analisado e ficou constatado que a vítima não havia saído da cidade. Também foram analisadas as câmeras de segurança em diversos pontos do município, entre casas e estabelecimentos comerciais, traçando todo o percurso feito por Carmen desde que saiu da universidade.

O último local onde ela foi vista com vida foi no Assentamento Estrela da Ilha, localização onde o suposto namorado mora.

Com base nessas investigações, o caso, que inicialmente foi tratado como desaparecimento, passou a ser investigado como feminicídio. De acordo com o delegado, a mudança se deu pela constatação de que Carmen foi vista pela última vez na residência do rapaz e não foi vista saindo do local.

O suspeito que se relacionava com a estudante também mantinha um envolvimento com o outro homem preso, o policial militar aposentado. As investigações apontam que os dois teriam matado a jovem e ocultado o corpo.

Motivação

De acordo com o delegado, a possível motivação do crime seria o fato de Carmen ter descoberto que o rapaz com quem se relacionava estava envolvido em furtos e roubos de fios de cobre na região.

Os dois suspeitos seguem presos temporariamente por 30 dias, e as investigações continuam.

Nesta sexta-feira, 11, a Polícia Civil, com o apoio da Polícia Militar e da Guarda Civil Municipal (GCM) de Ilha Solteira, realizou buscas no assentamento, na tentativa de localizar a jovem ou seu corpo.

Até o momento, os dois presos não confessaram o crime.

Relembre o caso

Carmen, que é mulher transexual, e estudante de zootecnia no período diurno da Unesp, desapareceu ao sair do campus II, em Ilha Soleira, após realizar uma prova no dia 12 de junho.

Desde então, familiares, amigos e conhecidos se mobilizaram para encontrar a jovem estudante, que até o momento não foi encontrada.

Nota

Em nota divulgada nas redes sociais, a Unesp de Ilha Solteira manifestou solidariedade à família de Carmen e amigos. Segundo a universidade, desde os primeiros momentos, por meio da Pró-Reitoria de Ações Afirmativas, Diversidade e Equidade (Proade), a Reitoria e a direção da unidade têm colaborado ativamente com as autoridades policiais nas investigações.

"A prisão temporária de dois suspeitos e a hipótese de feminicídio reforçam a gravidade da situação e mantêm toda a comunidade universitária na expectativa de que os fatos sejam plenamente esclarecidos. Reiteramos nosso repúdio a toda forma de violência e nosso respeito à diversidade. A Universidade reafirma seu compromisso com a defesa da vida e da dignidade humana", finaliza.

*Estagiário sob supervisão de Luna Kfouri