Diário da Região
VIOLÊNCIA

Polícia Civil indicia rapaz por linchamento em Rio Preto

Ele foi o único a ser identificado entre grupo de pessoas que agrediram o pedreiro Kilde Ramon da Silva Brito, no Residencial Edson Baffi; delegado classificou o crime como "espetáculo de horror e covardia"

por Joseane Teixeira
Publicado há 6 horasAtualizado há 1 hora
Crime foi filmado por moradores (Reprodução)
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Crime foi filmado por moradores (Reprodução)
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A Polícia Civil de Rio Preto indiciou um rapaz de 25 anos por participação direta no linchamento do pedreiro Kilde Ramon da Silva Brito, espancado e morto por moradores do Residencial Edson Baffi em janeiro deste ano. As investigações apontam que o rapaz, que está preso, agrediu Kilde já desacordado e foi quem colocou uma fita no pescoço do homem para enforcá-lo.

Para o delegado Roberval Costa Macedo, responsável pela condução do inquérito, a conduta do indiciado configura homicídio triplamente qualificado por motivo torpe, com emprego de meio cruel (asfixia mecânica por enforcamento com fita plástica) e recurso que impossibilitou a defesa da vítima.

Ao contrário do noticiado anteriormente – de que Kilde teria sido agredido após invadir um serv-festa nu e caído em cima de um bebê –, as investigações realizadas pela Divisão Especializada de Investigações Criminais (Deic) mostram que a vítima já estava sendo perseguida por moradores do bairro em razão de uma suposta briga com a companheira. Ambos seriam usuários de droga.

Foi fugindo da população que o homem entrou no serv-festa.

Laudo toxicológico revelou que Kilde estava sob efeito de álcool e cocaína, mas não morreu de overdose. Ele apresentava múltiplas fraturas na face e traumatismo craniano provocado por agente contundente – este apontado pelo médico legista como causa da morte.

De acordo com as investigações, imagens captadas por câmeras de monitoramento e vídeos produzidos por populares comprovam um tumulto de moradores, mas uma pessoa se destacou pela hostilidade. “Mesmo com a vítima sem reação, (o rapaz) continuava desferindo chutes, pisões e, por fim, não se contendo em sua agressividade, coloca no pescoço da vítima uma fita plástica, com um nó de enforcamento”, consta no relatório da Polícia Civil, que continua: “após cometer tamanha atrocidade, (rapaz) anda de um lado para outro, demonstrando indiferença com o semelhante, e ao mesmo tempo uma exibição de poder a todos que ali estavam, um espetáculo de horror e covardia”.

Por medo, moradores do bairro só concordaram em indicar a autoria do crime e proceder ao reconhecimento mediante anonimato.

Em interrogatório, o rapaz negou o crime, não se reconheceu nas imagens e alegou que estava em Uberlândia (MG) na data dos fatos.

Os demais participantes da barbárie não foram identificados.

O inquérito foi remetido ao Ministério Público.

Reincidente

O rapaz indiciado foi preso em flagrante pela Polícia Militar em agosto deste ano por tráfico de drogas na praça Dom José Marcondes, no Centro de Rio Preto. Com ele foram apreendidos pedras de crack e mais de R$ 1 mil em dinheiro. Por este crime, ele foi denunciado pelo Ministério Público por tráfico de drogas em concurso de pessoas.

A reportagem apurou que, somente neste ano, é a terceira denúncia do MP contra ele.

A primeira foi em fevereiro, por receptação, após ele ser flagrado com uma Parati furtada.

A segunda, em abril, por furto. Ele foi detido com uma moto poucas horas depois de furtá-la. Aos policiais, ele assumiu o crime, mas foi liberado na delegacia porque não era mais flagrante.