Polícia do Paraná diz que rio-pretenses foram mortos dentro de carro
De acordo com laudos periciais, foram realizados disparos de ao menos cinco armas de fogo, de calibres diversos, deflagrados de três pontos distintos, atingindo o veículo na parte da frente, parte traseira e pelo lado esquerdo

A Polícia Civil do Paraná divulgou nesta quarta-feira, 10, um relatório preliminar sobre a execução de quatro homens – três deles da região de Rio Preto - durante uma cobrança de dívida em Icaraíma. O crime, ocorrido no dia 5 de agosto, vitimou Robishley Hirnani de Oliveira, 53, e Rafael Juliano Marascalchi, 43, de Rio Preto, Diego Henrique Afonso, 39, de Olímpia, e Alencar Gonçalves de Souza, que contratou o serviço do trio. Os corpos das vítimas, no entanto, só foram encontrados no dia 19 de setembro, enterrados na zona rural da cidade.
Os autores do crime estão foragidos.
As investigações, conduzidas pelo delegado Gabriel Menezes, apontam que os quatro homens foram assassinados no mesmo dia do desaparecimento, sem que tivessem chance de sair do carro que utilizavam, uma Fiat Toro.
“Os elementos de provas obtidos durante a investigação indicam que as vítimas foram mortas assim que chegaram na propriedade rural que era objeto da dívida, por volta das 12h30 (tempo de deslocamento de Icaraíma a Vila Rica). Possivelmente, foram alvos de uma emboscada, com o início dos disparos quando eles ainda estavam dentro do veículo Fiat Toro, chegando no local”, consta na manifestação da Polícia Civil.
De acordo com laudos periciais, foram realizados disparos de ao menos cinco armas de fogo, de calibres diversos, deflagrados de três pontos distintos, atingindo o veículo na parte da frente, parte traseira e pelo lado esquerdo.
“O conjunto dos indícios apurados indica que não houve sequestro, que as vítimas não foram mantidas em cativeiro e não houve tortura, pois as mortes foram instantâneas”, afirma o delegado.
Para a autoridade policial, a constatação é reforçada pela localização dos ferimentos nos corpos, concentrados na cabeça e no tórax e pela grande quantidade de sangue nos bancos, - o que torna remota a possibilidade de sobrevida.
“As provas obtidas permitem afirmar que, após a execução, as vítimas foram levadas até o local de enterro dentro da própria Fiat Toro, colocadas na cova onde os corpos foram encontrados e, em seguida, o automóvel foi encaminhado até o bunker e enterrado”, completa.
A Polícia Civil possui imagens de câmeras de segurança que mostram o veículo Fiat Toro seguindo em direção ao local da cova logo após a execução, mas o arquivo não foi disponibilizado.
Apesar do esclarecimento sobre a dinâmica do crime, informações relacionadas à autoria dos homicídios não foram divulgadas. Segundo o delegado, o inquérito segue em sigilo.
Áudios confirmam negociação
Áudios obtidos pela Polícia Civil a partir da perícia em aparelhos celulares confirmam que Robishley, Rafael e Diego foram contratados por Alencar para cobrar o pagamento de uma dívida referente a compra de uma propriedade rural pela família Buscariollo. Embora Diego tenha exigido 50% do valor cobrado, a quantia exata do negócio ainda é controversa, havendo diálogos que falam em R$ 129 mil e R$ 255 mil.
Nos arquivos disponibilizados para a imprensa, Alencar compartilha o medo de ser alvo de vingança pelos Buscariollos.
“É esse ponto aí que eu estava meio receoso de te falar, Henrique. Eles mexem com um trem errado aqui. Depois que eu fui mexer com a compra do sítio, que eu fui saber quem era os cara”, revela.
Diego responde que tem experiência em cobrança e tenta tranquilizar Alencar.
“O Alencar, deixa eu te falar uma coisa. Nossas cobranças, cara, não tem justiça, tá? Da pessoa querer ir atrás de você. Nós somos muito fortes, ninguém põe a cara com nós, você entendeu? Você fica tranquilo que o cara vai saber com quem que ele tá lidando. Você não tá lidando com um cobrador 'Zezão' não, você entendeu? Então isso aí você pode ficar tranquilo, se você tiver com medo do cara fazer alguma coisa pra você, você tira isso da tua cabeça”, respondeu.