Diário da Região
JUSTIÇA

Polícia Civil de Rio Preto indicia mais dois homens por morte de Giovana

O Ministério Público ainda denunciou o empresário Gleison Luís Menegildo por posse ilegal de arma

por Joseane Teixeira
Publicado em 11/09/2025 às 11:03Atualizado em 11/09/2025 às 18:07
Giovana morreu aos 16 anos e teve o corpo enterrado em uma chácara (Reprodução)
Giovana morreu aos 16 anos e teve o corpo enterrado em uma chácara (Reprodução)
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A Polícia Civil de Rio Preto indiciou o chefe de oficina Anderson Luís Bardella e o caseiro Cleber Danilo Partezani por homicídio qualificado por motivação fútil e recurso que dificultou a defesa da vítima, relacionado à morte da adolescente Giovana Pereira Caetano de Almeida, cujo corpo foi enterrado em uma propriedade rural de Nova Granada e localizado, após denúncia anônima, em agosto de 2024. A vítima, que tinha 16 anos, estava desaparecida desde dezembro de 2023.

O indiciamento segue os mesmos termos da imputação contra o empresário Gleison Luís Menegildo, dono de uma oficina de caminhões onde a adolescente foi vista com vida pela última vez. Além do homicídio, ele foi indiciado também por tráfico de drogas e por fornecer bebida alcoólica para menor de 18 anos.

De acordo com o relatório de investigação, a morte de Giovana resultou da conduta de Gleison, Anderson e Cleber, que não só deixaram de prestar socorro, quando a vítima necessitava, como dificultaram que ela sobrevivesse, enterrando o corpo.

Em interrogatório, o empresário afirmou que Giovana esteve na empresa dele em dezembro de 2023 para participação em um processo seletivo para vaga de estágio. No entanto, a entrevista foi realizada após o fim do expediente, por volta das 18h15. Segundo o empresário, “o assunto passou para safadezas”. Gleison alega que ele e Anderson se relacionaram sexualmente com a adolescente. Após o ato, ambos saíram da sala por alguns minutos e, quando retornaram, constataram que Giovana estava convulsionando, possivelmente em razão do consumo de uma porção de cocaína, que estava ocultada em um frasco de medicamento, e que pertencia a Gleison.

Notando que a adolescente parou de respirar, ele afirma que se desesperou e decidiu ocultar o corpo da vítima na propriedade rural dele, contando com o apoio do caseiro.

Relatório de investigação aponta que o homem passou próximo a duas Unidades de Pronto Atendimento (Jaguaré e Santo Antônio) e deixou de prestar socorro à vítima.

Os três acusados estão presos.

Ao Diário, o advogado dos indiciados, Carlos Sereno Vissechi, afirmou que a Polícia Civil não individualizou a conduta dos três homens, tampouco comprovou onde, de fato, aconteceu a morte da adolescente.

"Se a Giovana morreu na empresa, o caseiro não pode ser responsabilizado por homicídio. Se morreu na chácara, o Anderson não esteve lá. Aguardo o final da investigação para verificar de que forma será fundamentado que eles mataram a adolescente", disse.

Réu

O Ministério Público denunciou o empresário Gleison Luís Menegildo por posse ilegal de arma de fogo e de munição de uso restrito, e posse irregular de arma de fogo de uso permitido, além de posse de droga para consumo pessoal.

Os crimes estão relacionados à prisão em flagrante do acusado, durante cumprimento de mandado de busca e apreensão em endereços ligados a ele no curso da investigação sobre a morte da adolescente Giovana Pereira Caetano.

Durante as incursões, em agosto deste ano, policiais civis da Delegacia de Homicídios de Rio Preto apreenderam na casa dele, em um condomínio fechado de Mirassol, 52 projéteis do calibre 9 milímetros e uma maleta da marca Glock. Questionado, Gleison afirmou que possuía uma pistola registrada em seu nome, a qual estava guardada em um cofre da empresa, onde a arma foi localizada, juntamente com uma garrucha calibre e um revólver, ambos calibre 22, além de 17 projéteis. A pistola, que é de uso proibido e deveria estar guardada na casa dele, estava com a Guia de Tráfego vencida desde março de 2024 - indicativo de que o denunciado não poderia possuir na residência ou no no seu local de trabalho a arma e as munições de uso restrito.

A denúncia, feita pelo promotor Dosmar Sandro Valeri, foi remetida ao juizado criminal, para apreciação de um juiz.

O advogado do empresário, Carlos Sereno Vissechi, entende que houve excesso do MP. "A pistola já tinha sido apreendida em Nova Granada e foi devolvida porque a irregularidade era apenas administrativa. O Gleison tem registro de CAC (caçador, atirador e colecionador)", disse.