Tabu ainda impede homens de buscar diagnóstico precoce do câncer de próstata
No mês dedicado à conscientização sobre o câncer de próstata, Diário traz depoimento de homens que trabalham em prol da comunidade e fazem acompanhamento regular, com o objetivo de diminuir o preconceito

Quando diagnosticado precocemente, o câncer de próstata tem uma chance de cura superior a 90%. Apesar disso, em cinco anos, a doença matou 285 homens na região de Rio Preto, somente na rede pública de saúde. O Instituto Nacional do Câncer (Inca) estima que cerca de 210 mil casos sejam diagnosticados entre 2023 e 2025 no Brasil. Em estágios avançados, o que era para ser um câncer localizado e tratável pode avançar para outras partes do corpo, como os ossos.
O tumor de próstata é o mais comum entre os homens e o rastreamento da doença, segundo as autoridades de saúde, deveria começar aos 40 anos - antes se houver fatores de risco como histórico familiar do problema.
Mesmo com campanhas frequentes, dentre elas o Novembro Azul, um mês inteiro dedicado à conscientização sobre os tumores da próstata, que se inicia neste sábado, 1º, um dos principais fatores que impedem o diagnóstico precoce e permitem o avanço da neoplasia é o tabu - há homens que acham que o exame de toque ou qualquer diagnóstico que possa vir a partir dele ofende sua masculinidade.
Uma pesquisa da Sociedade Brasileira de Urologia (SBU) mostrou que 46% dos homens acima de 40 anos só vão ao médico quando sentem algo; se a pessoa utiliza somente o sistema único de saúde (SUS), esse número salta para 58%. Apenas 32% se consideram muito preocupados com a própria saúde. São dados como esses que explicam a disparidade na expectativa de vida entre homens e mulheres: segundo as últimas estatísticas do IBGE, eles vivem em média 73,1 anos, enquanto elas chegam aos 79,7.
Para ajudar a combater esse preconceito completamente infundado e que prejudica a saúde masculina, o Diário traz hoje uma série de depoimentos de homens que são destaques em suas áreas de atuação e fazem seus exames periodicamente, conforme determinação médica.
“É importante que os homens tenham essa conscientização. Precisamos mudar a cultura e fazer com que as pessoas entendam que é importante ir ao médico sem estar doente”, ressalta José Carlos Mesquita, urologista do Hospital de Base e professor da Famerp. “Quando o diagnóstico é feito antes da manifestação da doença, a chance de cura é maior.”
O tratamento vai depender do estágio da doença, e pode ser com múltiplas terapias. “Quando diagnosticado o câncer, o sucesso do tratamento depende do estágio da doença e pode incluir vigilância ativa, radioterapia, hormonioterapia ou cirurgia, explica Gabriel Gustavo dos Santos, urologista e cirurgião do Austa Hospital.
Como detectar
FATORES DE RISCO
Tanto a incidência quanto a mortalidade aumentam significativamente após os 60 anos.
Histórico de câncer na família
Excesso de gordura corporal (sobrepeso e obesidade) aumenta o risco de câncer de próstata avançado.
Tabagismo
Exposição a alguns tipos de produtos químicos
Como detectar precocemente?
A recomendação é que todos os homens façam acompanhamento médico periódico e a partir dos 40 anos comecem a fazer os exames de próstata, que incluem exame de sangue, toque colorretal e ultrassom, por exemplo. Se houver fatores de risco, conforme orientação médica, o rastreio pode começar antes.
Fonte: Ministério da Saúde e reportagem