Diário da Região
VIOLÊNCIA

Pedreiro vai a júri popular por matar o enteado com o uso de fogo

 José Ediberto Timóteo da Silva senta no banco dos réus acusado de homicídio duplamente qualificado por uso de meio cruel (emprego de fogo) e recurso que dificultou a defesa da vítima

por Joseane Teixeira
Publicado em 20/10/2025 às 19:51Atualizado em 21/10/2025 às 12:18
Investigadores conduzem José Ediberto à prisão, após captura no Ceará; crime aconteceu em setembro de 2022, no bairro Maria Lúcia ( Polícia Civil)
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Investigadores conduzem José Ediberto à prisão, após captura no Ceará; crime aconteceu em setembro de 2022, no bairro Maria Lúcia ( Polícia Civil)
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O júri popular de um dos casos mais cruéis registrados na história policial de Rio Preto será realizado nesta terça-feira, 21, a partir das 13h30: o caso envolvendo a morte de Hiago Fiuza, trancado no quarto pelo próprio padrasto, que jogou combustível no cômodo e ateou fogo. Laudos periciais mostraram que o rapaz, de 26 anos, tentou arrebentar a grade da janela para escapar das chamas, mas não conseguiu. O crime aconteceu em setembro de 2022, no bairro Maria Lúcia.

O pedreiro José Ediberto Timóteo da Silva, 58 anos, senta no banco dos réus sob a acusação de homicídio duplamente qualificado por meio cruel (emprego de fogo) e recurso que dificultou a defesa da vítima.

Segundo as investigações, após uma discussão com o enteado, José Ediberto comprou um galão de gasolina em um posto de combustível perto de casa, jogou no quarto do rapaz, trancou a porta e ateou fogo em seguida.

Laudo necroscópico identificou fuligem nas vias respiratórias de Hiago, o que indica que ele estava vivo quando foi queimado.

Após o crime, José Ediberto fugiu e foi localizado, um ano depois, no estado do Ceará. Ele está preso preventivamente.

Além da condenação nos termos da denúncia, o promotor Gustavo Yamaguchi pediu que o acusado pague indenização de R$ 10 mil à mãe da vítima. O júri, no entanto, terá a participação do promotor Horival Marques de Freitas Júnior, que conta com as advogadas Claudionora Tobias e Camila Roque como assistentes de acusação. Elas foram nomeadas pela mãe de Hiago, Raquel Fiuza da Silva.

"Nós enquanto assistentes de acusação, entendemos que chegou o dia da justiça ser feita. A nossa função enquanto assistente de acusação não é buscar vingança, não é buscar linchamento, não. Muito pelo contrário. Nós estamos buscando apenas o justo julgamento, para que com esse julgamento, a família possa descansar, a família só realmente vai descansar quando ela entender que a justiça aqui na terra foi feita, foi realizada. E isso só vai acontecer quando, naquela plenária, os jurados entenderem pela condenação do réu", diz a advogada Claudionora.

O criminoso era casado há 22 anos com a mãe de Hiago, tendo cuidado do enteado desde os 4 anos de idade. Em interrogatório na fase judicial, ele afirmou que tinha afeto pelo rapaz, mas que a convivência era conturbada em razão do suposto consumo de drogas pela vítima. Disse ainda que, ao atear fogo, pensou que Hiago conseguiria escapar do quarto, e que se arrependeu do ato.

O réu é representado pelo advogado Diego Carretero, por meio de convênio com a Defensoria Pública. Ao Diário ele afirmou que vai explorar a tese de legítima defesa.

"Na data dos fatos, eles tiveram uma discussão e Hiago o ameaçou, sendo que, para se defender, o acusado ateou fogo através da janela do quarto de Hiago, mas imaginou que ele sairia correndo, pois não tinha a intenção de matá-lo, mas sim de assustá-lo". disse.

Como tese alternativa, o advogado vai tentar afastar uma das qualificadoras para reduzir a pena.