Parkinson: doença que afetou Ozzy Osbourne atinge mais de 200 mil brasileiros
Especialista da Famerp explica causas, sintomas e tratamento do distúrbio neurodegenerativo


Diagnosticado com Parkinson em 2020, o cantor britânico Ozzy Osbourne, que morreu nesta terça-feira (22), aos 76 anos, conviveu nos últimos anos com a doença que atinge mais de 200 mil pessoas no Brasil, segundo estimativas da Organização Mundial da Saúde (OMS). No mundo, o número atual de casos ultrapassa 8,5 milhões, com projeções de crescimento acelerado: até 2050, o total pode superar 25 milhões, conforme estudo publicado pela revista científica The BMJ.
Conhecido como o “Príncipe das Trevas” e líder da banda Black Sabbath, Osbourne só descobriu o diagnóstico após complicações decorrentes de uma queda em casa, em 2019. Casos como o do artista são frequentes, segundo especialistas, por se tratar de uma condição progressiva que pode se manifestar de forma sutil nas fases iniciais.
O neurologista Fábio de Nazaré, professor da Famerp (Faculdade de Medicina de São José do Rio Preto) e coordenador do Ambulatório de Transtornos do Movimento da Famerp/Funfarme, explica que o diagnóstico do Parkinson é predominantemente clínico. “À medida que envelhecemos, os mecanismos de proteção dos neurônios deixam de funcionar adequadamente, tornando as células mais vulneráveis”, afirma.
Embora o envelhecimento seja o principal fator de risco, a exposição a agrotóxicos e metais pesados também pode estar associada ao desenvolvimento da doença. Os sintomas mais comuns incluem tremores, rigidez muscular e lentidão dos movimentos. Não há cura, mas o tratamento medicamentoso pode aliviar significativamente os sintomas.
“Há, no entanto, medidas que ajudam a retardar a evolução: boa alimentação, sono adequado, atividade física, lazer e evitar álcool e cigarro”, destaca o neurologista.
Em casos em que os medicamentos deixam de surtir efeito, uma das alternativas é a cirurgia de Estimulação Cerebral Profunda (DBS, na sigla em inglês), que consiste na implantação de eletrodos em regiões específicas do cérebro, conectados a um gerador no tórax – um tipo de “marcapasso cerebral”. A técnica pode reduzir em até 50% a necessidade de remédios e melhorar a qualidade de vida dos pacientes.
“Mas nem todos os pacientes são candidatos. Eles passam por triagem rigorosa no ambulatório, onde avaliamos histórico, resposta ao medicamento, exames de imagem e testes neuropsicológicos”, explica o professor.