Diário da Região
OS MISTÉRIOS DO EXORCISMO

Padre exorcista revela como são os rituais utilizados pela Igreja Católica para expulsar demônios

Ritual praticado e aceito pela Igreja Católica se tornou mais raro com o avanço da medicina, mas ainda existe. Confira entrevista exclusiva com o Monsenhor Rubens Zani

por Rita Fernandes
Publicado em 11/12/2021 às 19:07Atualizado em 13/12/2021 às 17:13
Monsenhor Rubens Zani, padre exorcista de Bauru (Egberto Nogueira/Ímãfotogaleria)
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Monsenhor Rubens Zani, padre exorcista de Bauru (Egberto Nogueira/Ímãfotogaleria)
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A primeira coisa que vem à cabeça de muita gente quando se fala em exorcismo é saber se ele realmente é como nos filmes e livros, com portas batendo, gritos, flutuações e acontecimentos fora do normal. Um dos especialistas ouvidos pelo Diário diz que sim, se tem conhecimento de coisas incomuns, ainda que de forma menos sensacionalista que na televisão. “Já ouvi relatos de pessoas que faziam pacto. O demônio pode falar o pecado das pessoas, falar em outras línguas, como analfabetos falarem em latim”, diz.

O exorcismo dentro da Igreja Católica já foi retratado de diversas formas – chocantes – na literatura e no cinema. Hoje, descobertas mais doenças psiquiátricas, é raro e deve ser feito somente por padres que passaram por um processo de formação e sempre depois de uma avaliação criteriosa em que não restem dúvidas de que a pessoa está realmente “possuída”. É um sacramental, um ritual com menos peso que os sacramentos como batismo e matrimônio.

Sobre o assunto, o Diário entrevistou o Monsenhor Rubens Zani, padre exorcista de Bauru e membro da Associação Internacional de Exorcistas, que já foi reconhecida pelo Vaticano. Na Diocese de Rio Preto não existe nenhum padre associado a essa entidade para realização do ritual de exorcismo. Em conversa exclusiva, Monsenhor Rubens fala em quais casos o ritual, que não é simples, é indicado.

Quando existe a conclusão de que a pessoa está sob influência de um demônio, o padre precisa conversar com o Bispo, que indica quem deve fazer o exorcismo. No ritual, que consiste em uma oração de libertação, que pode precisar ser realizada diversas vezes, pergunta-se o nome do demônio. Quando a criatura do mal é expulsa, geralmente a pessoa nem se lembra do que aconteceu.

“O demônio vai sempre se esconder, não se revelar. Se ele revela o nome, está fraco. Jesus disse: ‘conhecereis a verdade e a verdade os libertará”, afirma Paulo Raphael Oliveira Andrade, professor de filosofia e teologia da Pontifícia Universidade Católica (PUC) de São Paulo. Segundo o estudioso, muitas vezes um ritual, uma oração, não é suficiente. "Não é que o padre vai rezar e a pessoa está liberta. Tem gente que passa até dois, três anos fazendo oração de libertação.”

Todos garantem: a possessão é a mais rara das formas de agir do demônio. Ele age mesmo é no dia a dia, na fofoca, na inveja, na intriga, tomando conta da vida dos filhos de Deus de forma sorrateira. “A Igreja tem muita cautela. Essa questão de exorcismo virou charlatanismo, tudo virou demônio. A Igreja não proibiu, ela não é contra, ela só é cautelosa, prudente, procura estudar o caso e vou ser sincero: a cada cem pedidos de exorcismo, 99,9% são ligados à área emocional, psíquica”, diz Fábio Aparecido da Silva Dungue, da paróquia São Sebastião, de Rio Preto.

Segundo ele, na cidade há muito tempo não aparece um pedido de exorcismo. O que existem são pessoas que procuram os párocos – a orientação inicial é sempre essa – porque estão com algum tipo de sofrimento. Na imensa maioria das vezes, o padre consegue aliviar a dor e até indica que o fiel procure um atendimento psicológico ou psiquiátrico.

Um dos motivos para a cautela da Igreja Católica com relação à possessão e ao exorcismo é a responsabilidade das pessoas sobre seus atos. “A pessoa está devendo: foi o demônio, está com crise no casamento: foi o demônio. E a sua responsabilidade?”, questiona o padre Fábio.

'Quando é momento oportuno para o demônio? Sempre', diz exorcista

Monsenhor Rubens Zani, padre exorcista de Bauru: “tentação é a ação ordinária do demônio que nos quer fazer agir e pensar como ele" (Egberto Nogueira/Ímãfotogaleria)
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Monsenhor Rubens Zani, padre exorcista de Bauru: “tentação é a ação ordinária do demônio que nos quer fazer agir e pensar como ele" (Egberto Nogueira/Ímãfotogaleria)

Em entrevista exclusiva ao Diário, o Monsenhor Rubens Zani, de Bauru, padre exorcista membro da Associação Internacional dos Exorcistas, que foi reconhecida pelo Vaticano, falou sobre a prática e explicou em quais contextos ela deve ser realizada. Confira a entrevista na íntegra:

Diário da Região - O exorcismo é um importante ritual litúrgico da Igreja Católica que só pode ser realizado por um padre nomeado pelo Bispo. Justamente por existirem poucos exorcistas, este ritual deixou de ser uma prática comum da Igreja, se tornando um assunto distante do imaginário comum. Por que o exorcismo se tornou um "tabu" para a Igreja e sociedade?

Monsenhor Rubens Zani – Segundo o cânon 1172 do Código de Direito Canônico, somente o bispo diocesano ou um seu delegado podem exercer esse ministério. A carência de exorcistas no Brasil e no mundo se deve à falta de formação específica (que antigamente era oferecida na grade institucional dos cursos de Teologia nos seminários, mas foi tirada após o Vaticano II), a uma influência da Teologia da Libertação (que frisava principalmente o engajamento e a transformação social), a invenção da parapsicologia como ciência (nenhum cientista sério aceita a chamada parapsicologia como ciência) e todos esses fatores colaboram para um despreparo dos futuros sacerdotes para conhecerem e assumirem esse ministério. Mas não se trata absolutamente de um tabu, haja vista a existência de uma Associação Internacional dos Exorcistas aprovada como associação privada de fiéis pela Santa Sé há anos, e que atua com a formação de novos exorcistas e a reciclagem dos veteranos, que publica regularmente material formativo e, até antes da pandemia, se reunia regularmente em convenções nacionais e internacionais. Quanto à sociedade, esta se descristianiza com rapidez e se refugia na Psicologia, na Psiquiatria, no neo-paganismo (Wicca e outros tipos de magia, Nova Era, etc.) e no seu afã de se afastar da verdade revelada por Jesus Cristo corre atrás das quimeras que o mundo lhe apresenta, buscando a felicidade aqui e agora.

Diário – Por favor, explique quais são os tipo de ações diabólicas e suas respectivas manifestações e comportamentos? Dessas, qual é a pior e por quê?

Zani – Distinguimos entre ação ordinária e extraordinária. A ação ordinária é a tentação: forma comum pela qual o demônio sugere ou instiga o mal pela ação dos sentidos e da imaginação, buscando inclinar a pessoa a praticar o que lhe sugere ou instiga. Esta é a forma mais perigosa da ação demoníaca, ainda que corriqueira, porque envolve a colaboração e vontade humanas. Ele oferece e o homem aceita e se torna seu cúmplice. Como nos diz São Paulo, quem comete o pecado se torna escravo do pecado. Há também as ações extraordinárias, assim chamadas não pela espetacularidade das ações mas pela sua raridade. São distintas entre ações diretas contra o homem e ações indiretas (mesmo as indiretas, porém, têm como objetivo sempre causar dano ao homem):

Vexação: ação demoníaca contra a saúde física do homem, (pancadas, mordidas, espetadas, cortes, queimaduras, etc.) contra seus bens, negócios, trabalhos, afetos. Não devemos confundir com os normais percalços ou dificuldades da vida. Há muita gente que, ao ouvir falar da vexação, imediatamente se sente alvo disso porque na sua vida há problemas ou dificuldades, males de saúde ou problemas financeiros. Não se trata disso. Problemas todos temos, fazem parte da vida e quem lhes disser algo em contrário está mentindo e enganando! O sofrimento faz parte da vida humana - muitas vezes somos nós mesmos que o provocamos com nossas ações. As vexações são realidades totalmente inexplicáveis pela ciência e pela razão humana.

Obsessão: atividade demoníaca mental que faz com que a pessoa seja incapaz de controlar seus pensamentos e imagens mentais que o bombardeiam incessantemente. Atenção: não se trata de uma doença mental, como a esquizofrenia, o desdobramento de personalidade, e qualquer outro tipo de patologia mental. Doentes mentais não são vítimas desse tipo de ação, são vítimas de uma doença.

Possessão: é a mais conhecida das ações extraordinárias do demônio e se caracteriza pelo domínio despótico do demônio sobre a pessoa, fazendo-a agir, falar, se comportar segundo o querer do demônio e não da pessoa. Esta pode ter ou não consciência do que lhe sucede, mas não tem controle dos seus atos.

Sujeição: situação na qual a pessoa se entrega ao demônio por pacto ou por uma vida desregrada, pecaminosa, se adequando sempre mais ao querer e ao agir demoníacos. É uma espécie de possessão, mas a pessoa não perde os sentidos, já que o seu querer e agir coincidem e se identificam com o querer e o agir do demônio. É o estado habitual de bruxos e outros operadores do oculto.

Existe ainda a infestação (ação indireta contra o homem), quando o demônio se serve de lugares, animais ou objetos para causar o seu dano.

Diário – Existem diferentes tipos de exorcismo para cada uma dessas ações diabólicas? Por exemplo, em se tratando de um malefício (seja em objeto ou animal, mas que esteja dentro da casa, sem que a pessoa saiba), o exorcismo da pessoa resolve ou precisa exorcizar a casa?

Zani – Há dois tipos de exorcismo previstos no novo Ritual dos Exorcismos: o que se faz nas pessoas e o que se faz nos lugares, animais e objetos. No antigo Rituale Romanum também havia dois tipos, ambos no Título XI: o "Ritus exrocizandi obssessos a daemonio" e o do Papa Leão XIII, "Exorcismus in satanam et angelos apostataicos".

Diário – O que é a tentação? Como podemos saber se a pessoa está sofrendo uma tentação ou se as ações são motivadas por outros problemas, seja de ordem mental, psicológica, vício ou caráter, entre outros?

Zani – Como dissemos acima, a tentação é a ação ordinária do demônio que nos quer fazer agir e pensar como ele e, assim, fazer-nos perder a graça divina e, com ela, a salvação eterna.

Diário – Na ânsia de ajudar um ente querido (e justamente pela dificuldade em obter ajuda da Igreja Católica nesse sentido), geralmente as pessoas buscam outras religiões, como espiritismo, umbanda e igreja evangélica, entre outras. Quais são os riscos de um "exorcismo" feito por quem não é capacitado para isso? Como as pessoas próximas podem ajudar?

Zani – Primeiramente, fica sem o auxílio da Igreja Católica apenas quem não procura por tal auxílio. Ainda que não existam exorcistas em todas as dioceses, todos os sacerdotes católicos estão à disposição para atenderem e orientarem os fiéis. É necessário que se saiba que uma confissão bem feita é muito mais do que um exorcismo. O exorcismo é um sacramental, enquanto a confissão é um sacramento. O que realmente acontece é que as pessoas não querem esperar para receber a libertação nem se comprometem com uma vida cristã autêntica. As pessoas querem mágica! Sem esforço, sem trabalho, sem empenho de vida, querem alguém que, num passe de mágica, usando uma fórmula ou algo semelhante, resolva o seu problema. Quem se aproxima de um exorcista com essa mentalidade está procurando a pessoa errada. Isso já aconteceu comigo um sem-número de vezes. Uma vez uma pessoa me disse literalmente: “Eu quero que o senhor abra os meus caminhos.” Eu lhe respondi que não sou trator de esteira nem pai-de-santo. Essa mentalidade mágica - que é capaz de pagar uma fortuna por algo, mas que não quer se comprometer em viver a fé segundo o Evangelho, não quer uma vida cristã e, menos ainda, levar a cruz de cada dia seguindo a Jesus – é que faz com que esses que se dizem católicos busquem outras soluções “mais eficientes”. Como diz São João na sua primeira carta, “Saíram de nós, mas não eram dos nossos.” Quanto ao perigo ao qual se expõem, deixo à imaginação dos seus leitores, recordando-lhes que a realidade supera a fantasia.

Diário – Muitas orações, especialmente o “Pai Nosso”, pedem para que Deus nos livre das tentações. Apenas fazer uma oração (mesmo que seja diariamente) é o suficiente para nos manter livre das tentações?

Zani – A oração prepara-nos para o combate. No Pai Nosso não pedimos para sermos livres, mas não cairmos em tentação (veja bem o texto da oração nos Evangelhos!). Seremos tentados enquanto estivermos neste mundo. A tentação cessará somente após a nossa morte. Daí pedirmos, na Ave Maria, a assistência de Nossa Senhora particularmente para essa hora decisiva. Nas narrações das tentações de Jesus nos Evangelhos lemos que o demônio o tentou após o seu jejum de quarenta dias e noites e que, repelido seguidamente por Jesus, retirou-se para voltar no momento oportuno. Ora, quando é momento oportuno para o demônio? Sempre. Assim sendo, os exegetas dizem que os evangelistas condensaram nessas páginas as tentações que Jesus sofreu durante toda a Sua vida terrena, como qualquer um de nós, mas na qual nunca caiu, sabendo sempre repelir cada uma delas com a Palavra de Deus e a Sua determinação de fidelidade ao Pai.

Diário – As orações de libertação são uma forma de exorcismo? Qual é o poder dessas orações? Pode nos indicar uma?

Zani – Para que um exorcismo seja considerado público, oficial, ele precisa de algumas características: 1) que a pessoa tenha a devida autorização para proferi-lo; 2) que o rito usado seja aprovado pela competente autoridade eclesiástica; e 3) que se faça seguindo e segundo a fé e a intenção da Igreja. Na falta de apenas um desses elementos não podemos falar de exorcismo público ou oficial. As orações de libertação são exorcismos privados. Nelas, ou falta o rito aprovado pela Igreja, ou quem o profere não tem a devida autorização ou, até, pode faltar a intenção e a fé da Igreja. Quem se arrisca proferir orações de libertação está indo à luta com o demônio valendo-se exclusivamente da sua santidade pessoal e está sujeito a uma série de riscos, como já indiquei acima. Eis porque eu nunca indico oração de libertação alguma. Quem quiser rezar pela libertação de alguém, nunca dê ordens ao demônio, nem em nome de Jesus. Os Atos dos Apóstolos contam de um grupo de exorcistas que usavam os nomes de Jesus e dos apóstolos nos seus exorcismos e que foram não apenas repreendidos pelo demônio como levaram uma sova dele: “Jesus eu conheço, Pedro e Paulo eu conheço, mas vocês, quem são e com qual autoridade fazem isso?” E choveu cacetada sobre tais “exorcistas”.

Diário – Vi uma entrevista em que o senhor diz que são raros os casos que realmente necessitam de exorcismo. Se o demônio está atormentando todo mundo, o tempo todo, então por que é raro?

Zani – É raro que necessitem de um exorcista porque o nosso ministério é necessário apenas para os casos de uma ação extraordinária (vide supra). Para os casos bem frequentes da sua ação principal, ordinária, que é a tentação, não há a menor necessidade de um exorcista. Qualquer padre pode orientar, confessar e acompanhar na vida cristã um fiel.

Diário – Atualmente muitos jovens estão distantes da igreja e de Deus. Quais são os riscos e as consequências de quem nega a Deus?

Zani – Abra os seus olhos e veja o que acontece. Preciso ser mais explícito que os fatos?

Diário – Pode, por gentileza, nos contar em detalhes um caso de exorcismo que o senhor realizou? (sem revelar nomes ou possível identificação, mas para desmistificar aquelas cenas do filme, em que a pessoa fica verde, flutua, etc)

Zani – Não posso porque está em jogo a privacidade de uma pessoa. Assim como na confissão, no nosso ministério as pessoas devem se sentir seguras e protegidas na sua privacidade. Ponha-se no lugar delas e veja como seria agradável ler num jornal a sua intimidade exposta.

Diário – O senhor é membro da Associação Internacional dos Exorcistas. Por favor, explique aos nossos leitores a importância desta entidade e o que significa ser membro?

Zani – A AIE (Associação Internacional dos Exorcistas) é uma associação privada de fiéis de direito pontifício que congrega exorcistas do mundo inteiro e tem várias finalidades como formá-los (formação de base e permanente), reuni-los para compartilharem experiências (aprende-se muito com a prática do ministério e a partilha dos colegas), cuida de publicações periódicas que cultivam essa formação e se empenha em oferecer ao povo cristão cursos formativos sobre o argumento, seja para sacerdotes como para leigos. Já oferecemos muitos cursos aqui no Brasil, interrompidos momentaneamente por causa da pandemia, mas assim que nos for permitido, retomaremos.

Diário – Por favor, nos informe o local, dia e horário do seu atendimento.

Zani – Nunca atendo sem antes fazer uma triagem, que faço por telefone. Assim sendo, a pessoa que crê necessitar do meu ministério primeiramente deve me telefonar e expor seu caso e como é a sua vida cristã.

Diário – Quais outras informações o senhor acha relevantes?

Zani – Tenham uma verdadeira vida cristã (missa todos os domingos, leitura diária da Bíblia e meditação do que leu, oração diária do terço, confissão frequente, adoração ao Santíssimo Sacramento - chegue antes da missa uns 15 minutos e O adore - participação na vida da sua paróquia). Isso é o fundamental! quem vive assim não deve se preocupar em ser vítima de uma ação extraordinária do demônio e estará pronto para combater contra a ação ordinária do demônio, a tentação.

O EXORCISMO

Orientações importantes

Os casos que devem ser tratados pelo sacerdote exorcista diocesano são aqueles em que há suspeita ou confirmação da intervenção extraordinária do demônio

O sacerdote exorcista autorizado é antes de mais nada um evangelizador e, como tal, deve ser consultado também para outros tipos de auxílio, por exemplo orientação espiritual, mas sempre por intermédio do pároco da pessoa

Cada diocese possui um sacerdote exorcista autorizado pelo bispo diocesano, conforme cânon 1172 do Código de Direito Canônico. Caso não haja, os casos devem ser encaminhados ao bispo

O sacerdote exorcista autorizado não deve ser o primeiro a ser procurado

Primeiro, deve-se procurar o pároco para fazer uma boa confissão, resolver a vida sacramental (verificar se há impedimentos para frequentar os sacramentos e de que forma se pode resolvê-los). Não se deve ligar para tentar marcar atendimentos com os sacerdotes exorcistas

Pároco é a o sacerdote da paróquia que eu frequento. Se não frequento uma paróquia, devo procurar a que for mais próxima da minha residência, marcar horário com o pároco, fazer direção espiritual e confissão

O pároco fará o encaminhamento ao sacerdote exorcista autorizado se encontrar alguma suspeita de que essa ajuda é necessária

Se, após procurar o pároco e o bispo não encontrar a ajuda necessária, então deve-se cogitar a possibilidade de procurar o exorcista de outra diocese, sabendo que muitos deles não têm permissão para atenderem casos de outras dioceses ou, se o podem fazer, precisam de encaminhamento do seu bispo ou do seu pároco

A lista abaixo visa trazer segurança aos fiéis que necessitam dessa ajuda específica, sempre lembrando que os casos da ação extraordinária do
demônio são poucos e, quando surgem, são responsabilidade da diocese local, que deve cuidar deles com zelo pastoral

Locais com exorcistas oficiais no Brasil

São Paulo

  • Diocese de Campo Limpo
  • Diocese de Santo Amaro

ABC

  • Diocese de Santo André

Interior

  • Diocese de Assis
  • Diocese de Franca
  • Diocese de Jundiaí
  • Diocese de São Carlos
  • Diocese de Taubaté
  • Diocese de Bauru
  • Diocese de Itapetininga
  • Diocese de Limeira

Minas Gerais

  • Arquidiocese de Pouso Alegre
  • Arquidiocese de Diamantina

Rio de Janeiro

  • Arquidiocese do Rio de Janeiro
  • Diocese de Petrópolis
  • Arquidiocese de Niterói

Espírito Santo

  • Arquidiocese de Vitória

Santa Catarina

  • Arquidiocese de Florianópolis

Paraná

  • Arquidiocese de Curitiba
  • Arquidiocese de Cascavel
  • Arquidiocese de Londrina
  • Diocese de Foz do Iguaçu

Rio Grande do Sul

  • Arquidiocese de Porto Alegre
  • Diocese de Rio Grande

Distrito Federal

  • Arquidiocese de Brasília

Goiás

  • Diocese de Uruaçu
  • Diocese de Rubiataba-Mozarlândia

Bahia

  • Diocese de Camaçari

Sergipe

  • Arquidiocese de Aracaju

Rio Grande do Norte

  • Arquidiocese de Natal

Paraíba

  • Diocese de Patos

Amazonas

  • Arquidiocese de Manaus

Tocantins

  • Arquidiocese de Palmas

A associação

A Associação Internacional dos Exorcistas (AIE) foi reconhecida pela Igreja Católica Apostólica Romana em 13 de junho de 2014, através do Decreto da Congregação para o Clero, Prot. N. 2014 1257

A Associação foi fundada em 1991, pelo saudoso padre Gabriele Amorth e pelo padre René Laurentin, ambos exorcistas. Foi reconhecida pela Igreja como Associação Privada de Fiéis e está intimamente ligada à Congregação para o Clero, orientando sacerdotes do mundo inteiro nomeados por seus bispos para praticar o Ritual Romano dos Exorcismos naqueles que precisam

De acordo com o Código de Direito Canônico, parágrafo 1172: “Ninguém pode legitimamente exorcizar os possessos, a não ser com licença especial e expressa do Ordinário do lugar.”

Fonte: https://aiebrasil.org.br

Mal age nas coisas pequenas

Paulo Raphael Oliveira Andrade, professor de filosofia e teologia da Pontifícia Universidade Católica de São Paulo (PUC), diz que a possessão é algo raro. Um dos motivos é porque o demônio não gosta de se revelar, ele age às escondidas. Nesse sentido, trabalha nas pequenas coisas do dia a dia. Por isso, todos precisam fazer renúncias ao mal. “Renunciar tudo aquilo que é contrário a Deus, que é contrário ao amor. Se purifique, tenha atenção com os pensamentos. Quando a pessoa chega num nível de exorcismo, é porque já juntou muita coisa dentro dela.”

Como o Monsenhor Rubens explicou em sua entrevista, a forma mais comum de ação do demônio é a tentação. O diabo é aquele que separa, que destrói. “Fofoca, reclamação do dia a dia, quando você é grosso com uma pessoa, fala mal, brigas políticas. O mal existe, mas ele age de formas simples. É um anjo vestido de luz, não quer mostrar a cara dele”, fala o estudioso. “Ele trabalha pela destruição a conta-gotas, quando você vê está em uma situação de pecado e contradição enorme. Todas essas coisas que as pessoas acham que não têm problema. Todos somos sempre tentados, esse é o meio ordinário do demônio se manifestar.”

O professor também cita a responsabilidade, razão pela qual a Igreja é muito cautelosa no que se refere à possessão. “As pessoas vão transferir responsabilidades: ‘ah, foi o demônio, eu não tive culpa’. É um discurso muito perigoso.” (MG)

O que a medicina diz

O médico psiquiatra Júlio César de Souza, de Rio Preto, diz que a medicina explica todos os casos tratados pela Igreja Católica como possessão. “A medicina vê esse quadro como um transtorno dissociativo, é como se a mente humana desse um curto circuito, um rompimento com a realidade”, explica. “A pessoa pode apresentar esse quadro de transe, possessão. São, geralmente, pessoas que estão passando por sofrimento psíquico, que sofreram violência física, sexual, trauma. O paciente pode gritar, mudar de personalidade, pode ficar agressivo, com muita raiva, ter uma força descomunal e depois não tem memória disso.”

O psiquiatra diz que nem sempre a pessoa que acredita estar possuída tem algum vínculo religioso – inclusive, ele explica que só é tratado como patológico o quadro que ocorre fora dos cultos. Da porta da igreja para dentro, se a pessoa acreditar que vivenciou um episódio sobrenatural, vai da fé de cada um. "O tratamento trata com psicoterapia e com psicólogo. Em casos extremos a pessoa fica em observação na emergência, mas em poucos dias ela tem uma melhora e volta ao normal”.

Ururary Barroso é psiquiatra e terapeuta e vice-presidente do Grupo Espírita Orvalho de Luz (Geol). Ele não acredita em possessão, mas em espíritos maldosos que se conectam com as pessoas de acordo com a vibração delas. Para ele, a medicina explica até certo ponto alguns acontecimentos. O médico cita a Classificação Internacional de Doenças, que prevê “estados de transe e possessão”.

"A psiquiatria progrediu com o auxílio da ciência. Pacientes que apresentam determinado transtorno, que nada mais é do que uma disfunção dos neurotransmissores, a gente resolve com medicação e psicoterapia. Quando as alucinações são desconexas, que não têm continuidade, provavelmente se trata de transtorno mental”. (MG)