Diário da Região
CRIME ORGANIZADO

Operação Carbono Oculto mira 16 alvos na região de Rio Preto

São seis alvos em Catanduva, cinco em Rio Preto, dois em Marapoama e três em Ariranha;  Receita Federal e o Ministério Público não divulgaram quem são os alvos da operação contra esquema bilionário de facção criminosa no setor de combustíveis

por Lucas Israel
Publicado há 12 horasAtualizado há 6 horas
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Operação Carbono Oculto tem mais de 350 alvos em todo o Brasil (Divulgação/Receita Federal)
Operação Carbono Oculto tem mais de 350 alvos em todo o Brasil (Divulgação/Receita Federal)
Operação Carbono Oculto tem mais de 350 alvos em todo o Brasil (Divulgação/Receita Federal)
Operação Carbono Oculto tem mais de 350 alvos em todo o Brasil (Divulgação/Receita Federal)
Operação Carbono Oculto tem mais de 350 alvos em todo o Brasil (Divulgação/Receita Federal)
Operação Carbono Oculto tem mais de 350 alvos em todo o Brasil (Divulgação/Receita Federal)
Operação Carbono Oculto tem mais de 350 alvos em todo o Brasil (Divulgação/Receita Federal)
Operação Carbono Oculto tem mais de 350 alvos em todo o Brasil (Divulgação/Receita Federal)
Operação Carbono Oculto tem mais de 350 alvos em todo o Brasil (Divulgação/Receita Federal)
Operação Carbono Oculto tem mais de 350 alvos em todo o Brasil (Divulgação/Receita Federal)
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Operação Carbono Oculto tem mais de 350 alvos em todo o Brasil (Divulgação/Receita Federal)
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A Operação Carbono Oculto tem 18 alvos na região de Rio Preto. Segundo a Receita Federal, o objetivo é desmantelar uma facção criminosa envolvida em crimes contra a ordem econômica, adulteração de combustíveis, crimes ambientais, lavagem de dinheiro, fraude fiscal e estelionato.

Na região, houve seis alvos em Catanduva, cinco em Rio Preto, quatro em Marapoama e três em Ariranha. A Receita Federal e o Ministério Público não divulgaram quem são os alvos.

Ainda de acordo a Receita Federal, em Rio Preto, os alvos são três empresas e duas pessoas físicas. Em Catanduva, são três empresas e três pessoas físicas. Em Ariranha, três empresas, enquanto em Marapoama são duas pessoas jurídicas.

A reportagem do Diário apurou que duas usinas de cana-de-açúcar são alvo em Catanduva. O modus operandi do grupo criminoso seria por um controle dissimulado, em que as organizações, utilizando um fundo multimercado, adquire a usina no nome de laranjas e comandam a empresa de maneira indireta.

Uma das usinas alvo dos mandados de busca e apreensão é a Usina Virgolino de Oliveira, que teria se tornado alvo em função de contato com um dos investigados de compor o esquema. Em nota publicada nas redes sociais, "O Grupo Virgolino de Oliveira, por intermédio de seus advogados que subscrevem informa que a empresa não é alvo da investigação, contribui com as autoridades e que suas operações financeiras foram informadas e aprovadas pelo Poder Judiciário, gerando centenas de empregos diretos e indiretos, e receitas ao Estado e União. Ademais, todas as contratações e recebimentos de valores foram e são devidamente declarados às autoridades competentes, de acordo a legislação vigente", diz o texto assinado pelos advogados Rogério Cury e Daniela Scabbia Cury.

Outra usina envolvida, é a Usina Itajobi, de Marapoama. O Diário entrou em contato com os responsáveis pela empresa, mas não obteve retorno.

Em Rio Preto, foi alvo das buscas uma distribuidora de combustível no Parque Industrial.

A força-tarefa é composta por cerca de 1,4 mil agentes do Ministério Público de São Paulo, por meio do Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado (Gaeco); das Polícias Civil e Militar; da Polícia Federal; do Ministério Público Federal; e da Receita Federal; além da Secretaria da Fazenda e Planejamento do Estado de São Paulo

Ao todo, são 350 investigados são cumpridos nos estados de São Paulo, Espírito Santo, Goiás, Mato Grosso do Sul, Mato Grosso, Paraná, Rio de Janeiro e Santa Catarina.

Só em São Paulo, foram empenhadas equipes dos Batalhões de Choque, da Polícia Militar, e do Departamento de Operações Policiais Estratégicas, da Polícia Civil, tanto na região da capital quanto em São José do Rio Preto, Campinas, Piracicaba, Ribeirão Preto, Bauru e Sorocaba, onde as ordens judiciais são cumpridas.

A OPERAÇÃO

Denominada Carbono Oculto, o objetivo da operação é desmantelar uma facção criminosa envolvida em crimes contra a ordem econômica, adulteração de combustíveis, crimes ambientais, lavagem de dinheiro, fraude fiscal e estelionato. Segundo as investigações, as irregularidades foram identificadas em diversas etapas do processo de produção e distribuição de combustíveis, atingindo mais de 300 postos. Fraudes qualitativas (combustíveis adulterados fora do padrão da ANP) e quantitativas (volume menor do que o registrado nas bombas) foram constatadas.

“A asfixia financeira do crime organizado é o nosso foco. Essa ação integrada entre as forças de segurança ataca diretamente o núcleo do problema, onde esses criminosos conseguem lucros vultuosos de forma fraudulenta, prejudicando toda cadeia econômica e, principalmente, a população de diversos estados brasileiros”, afirmou o secretário da Segurança Pública, Guilherme Derrite.

O Comitê Interinstitucional de Recuperação de Ativos do Estado de São Paulo (Cira/SP) deve entrar com um pedido na Justiça para bloquear bens suficientes para recuperar o tributo sonegado. A estimativa do valor ultrapassa os R$ 7 bilhões.

FRAUDE, AMEAÇA E LAVAGEM DE DINHEIRO

As autoridades responsáveis pela investigação descobriram irregularidades em diversas etapas no processo de produção e distribuição em mais de 300 postos de combustíveis. Há ainda indícios de que os investigados simulavam a compra dessas redes para ampliar o esquema criminoso, mas não pagavam os proprietários. Caso eles cobrassem, eram ameaçados de morte.

Segundo o Ministério Público, outra fraude investigada era a importação irregular do metanol. O produto, que chega ao país pelo Porto de Paranaguá, no Paraná, não seria entregue aos destinatários indicados nas notas fiscais, sendo desviado e transportado clandestinamente para outro lugar e utilizado para adulterar combustíveis.

Esse transporte irregular coloca em risco motoristas, pedestres e o meio ambiente, uma vez que o produto é altamente inflamável e tóxico.

Para ocultar os verdadeiros beneficiários dos lucros ilícitos, os ganhos eram distribuídos por meio de uma rede de interpostas pessoas, camadas societárias e financeiras, fundos de investimento e instituições de pagamento. Parte substancial desses recursos foi usada para comprar usinas sucroalcooleiras e expandir a atuação criminosa em distribuidoras, transportadoras e postos de combustíveis.

Os criminosos utilizavam ainda fintechs em vez de bancos tradicionais de pagamentos para dificultar o rastreamento dos recursos. Com a operação, as equipes devem colher ainda mais provas contra os envolvidos. Mais detalhes serão divulgados ao término das ações.