Diário da Região
JUSTIÇA

MP denuncia professora por maus-tratos em creche de Rio Preto

Para a promotora Ana Carolina Macri Morais, a denunciada abusou dos meios de correção; professora foi demitida da creche Irmã Julieta, administrada pelo Centro Social do Estoril após vídeos de monitoramento serem enviados às mães

por Joseane Teixeira
Publicado há 7 horasAtualizado há 2 horas
Momento em que professora arrasta criança em creche no Estoril (Reprodução)
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Momento em que professora arrasta criança em creche no Estoril (Reprodução)
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O Ministério Público de Rio Preto denunciou a professora de educação infantil Elizângela Gabriel por maus-tratos contra pelo menos três crianças da creche Irmã Julieta, administrada pelo Centro Social do Estoril. O caso aconteceu em junho do ano passado e ganhou repercussão após vídeos de câmeras de monitoramento serem enviados às mães das crianças.

“Nos vídeos disponibilizados é possível constatar que a denunciada abusa dos meios de correção”, escreveu promotora Ana Carolina Macri Morais.

A Justiça já recebeu a denúncia e a professora se tornou ré em processo penal.

Segundo informações da denúncia, entre o dia 4 ao dia 20 de junho de 2024, em diversas oportunidades, a denunciada expôs a perigo a vida ou a saúde quatro crianças, sendo dois meninos e duas meninas, todos de 3 anos de idade.

Imagens gravadas por câmeras de monitoramento da creche mostram Elizângela arrastando uma menina para fora da sala de aula. Em outra ocasião, ela pega outra menina pelo braço e joga em um colchonete. A professora também é flagrada puxando um menino pelo braço de forma abrupta. Outro menino é arremessado para dentro da sala de aula enquanto as crianças dormiam.

Após a repercussão dos vídeos pela imprensa, a professora foi demitida.

Em depoimento na Polícia Civil, Elizangela declarou que todas as crianças gostavam dela, que era carinhosa e preocupada com todos e que nenhum mal lhes fez em momento algum.

Para a promotora, embora a professora seja primária, o caso não comporta Acordo de Não Persecução Penal (ANPP) por envolver crianças.

“Os crimes que têm como vítima criança e adolescente representam violência psicológica contra esse ofendido, pessoa em formação, sendo dever da sociedade e do Estado colocar a criança e o adolescente a salvo de toda forma de exploração e violência”, escreveu.

A denúncia foi analisada pelo juiz Rodrigo Ferreira Rocha, da 2ª Vara Criminal, que acompanhou a promotora e determinou a citação da ré.

Ao Diário, o advogado Fernando José Yamaguchi Dobbert afirmou que a denúncia é infundada porque se baseia em cortes de imagens cujos arquivos não foram periciados.

“Trata-se de uma denúncia grave que não condiz com a conduta de uma professora com anos de experiência, sem qualquer antecedente”, disse.

Em nota, o Centro Social do Estoril informa que, ao tomar conhecimento dos fatos, adotou imediatamente as providências cabíveis, incluindo o afastamento e posterior desligamento da profissional envolvida.

"A instituição repudia qualquer forma de violência e reforça seu compromisso com a proteção, o cuidado e o bem-estar das crianças atendidas".