Diário da Região
TEA

Jovem denuncia agressões e ameaças durante ritual espiritual em chácara de Guapiaçu

Segundo o boletim de ocorrência, o encontro religioso acontecia por volta da meia-noite, em uma chácara às margens da Rodovia Assis Chateaubriand; desorientada, foi alvo de empurrões, chutes e puxões, além de tentarem arrancar seus fones de ouvido

por Lucas Israel
Publicado há 14 horasAtualizado há 10 horas
Caso foi registrado na Central de Flagrantes de Rio Preto (Arquivo Diário)
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Caso foi registrado na Central de Flagrantes de Rio Preto (Arquivo Diário)
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Uma jovem de 23 anos procurou a Polícia Civil na madrugada desta segunda-feira, 7, para denunciar ter sido agredida, ameaçada e retirada à força durante um rito espiritual realizado em uma chácara na zona rural de Guapiaçu.

Segundo o boletim de ocorrência, o encontro religioso acontecia por volta da meia-noite, em uma chácara às margens da Rodovia Assis Chateaubriand, quando a jovem — que informou ser autista e necessitar de mecanismos de autorregulação sensorial — passou a usar fones de ouvido para evitar desorganização sensorial, prática que teria sido previamente comunicada aos responsáveis pela cerimônia.

Ao final da ritualística, relatou a vítima, ela se sentiu sobrecarregada e buscou um local mais tranquilo dentro do espaço para se recompor. Sentou-se próxima a um objeto ritualístico chamado “tronqueira”, pertencente à dirigente da casa, momento em que a mulher responsável pela condução da cerimônia teria se irritado e passado a apontar o dedo no rosto da jovem, proferir ofensas e tentar removê-la do local à força.

A vítima afirmou ainda que, em razão de sua dificuldade psicomotora quando está desregulada sensorialmente, não conseguia se levantar. Nesse momento, outras pessoas que participavam do ritual se aproximaram, formando um círculo em torno dela. Três indivíduos teriam tentado retirá-la violentamente, aplicando empurrões, chutes e puxões, além de tentarem arrancar seus fones de ouvido. Conforme o relato, ouviu frases como: “se não for por bem, vai ser pela força”.

Sentindo-se cercada por cerca de 30 pessoas, a jovem relatou que, mesmo após conseguir se deslocar para outra parte da chácara, uma mulher continuou a dirigir-lhe xingamentos e insultos, deixando-a em estado de extrema vulnerabilidade emocional. Ela afirmou ainda que não havia sido informada previamente sobre qualquer regra que a impedisse de permanecer no local onde estava sentada.

A Polícia Civil registrou as ocorrências de ameaça e vias de fato, e a vítima foi orientada sobre o prazo legal para representação criminal. O caso será investigado pela delegacia de Guapiaçu, responsável pela área.