Jornalista presa por homofobia em shopping de São Paulo teve passagem por Rio Preto
Adriana Catarina Ramos compôs, em Rio Preto, a primeira turma de jornalistas da TV Globo Noroeste Paulista

Desde o último sábado, 14, circula nas redes sociais o vídeo de uma mulher, em um shopping de São Paulo, proferindo injúrias homofóbicas contra um cliente. Sozinha em uma mesa, ela direciona ao gerente de vendas Gabriel Galluzzi Saraiva, de 39 anos, palavras ofensivas como “bicha nojenta” e “assassino”. A razão do ataque, segundo o boletim de ocorrência, seria porque a vítima pediu que a mulher “abaixasse o tom de voz” com a atendente de uma cafeteria que ela estaria tratando mal.
Presa em flagrante por crime de homofobia, que é equiparado a racismo, a mulher das imagens é a jornalista Adriana Catarina Ramos de Oliveira, 61 anos, que já teve passagem pela afiliada da TV Globo em Rio Preto na década de 90.
Solta em audiência de custódia no dia seguinte, ela voltou a estampar os noticiários após ofender um morador do prédio onde reside em São Paulo, também se referindo à orientação sexual dele. Nesse caso, a jornalista não foi presa.
Passagem por Rio Preto
Adriana é natural de Campinas e, em suas redes sociais, há informação de que ela se mudou para Rio Preto em 1986. O Diário apurou que ela compôs a primeira turma de jornalistas da TV Globo Noroeste Paulista, ao lado de grandes profissionais como Mário Soler e Adib Muanis Júnior.
Em Rio Preto, ela conquistou amigos e teve duas filhas, que mantêm raízes na cidade.
Uma das amigas demonstrou perplexidade com as notícias envolvendo Adriana.
“Era uma excelente profissional, tinha um texto muito bom. Foi repórter, apresentadora e editora. Uma pessoa fácil de trabalhar e muito gentil”, disse.
Em pesquisa pública no site do Tribunal de Justiça de São Paulo, consta que, em 2020, as filhas entraram com um processo pleiteando a curatela da mãe em razão do diagnóstico de bipolaridade, alegando que ela não possui capacidade para os atos da vida civil.
Adriana resistia em seguir corretamente o tratamento e passou a sofrer delírios persecutórios, chegando a cancelar a própria conta bancária por meio da qual recebia a pensão pela morte do pai militar e deixando de arcar com compromissos como a taxa de condomínio do apartamento onde mora.
Na ocasião da citação, o oficial de Justiça declarou que se deparou com uma mulher lúcida e plenamente comunicativa, sem indicativo de doença psiquiátrica.
Representada pela Defensoria Pública, Adriana impugnou o pedido de interdição e foi submetida a perícia médica, cujo laudo indicou que ela possuía “discernimento suficiente para se submeter ao instituto da tomada de decisão apoiada”, que é uma alternativa à curatela, buscando proteger a capacidade civil da pessoa com deficiência, ao invés de restringi-la.
O processo foi extinto por falta de manifestação das filhas, mas teve pedido de desarquivamento em abril deste ano.
O inquérito criminal por injúria pode ser arquivado pela Justiça se a jornalista for considerada inimputável.
Câmara
Nesta terça-feira, 17, o vereador Abner Tofanelli (PSB), ocupou a tribuna da Câmara Municipal de Rio Preto para manifestar revolta com o que considerou “ataques homofóbicos” feitos por Adriana.
“Em pleno 2025 têm pessoas que se sentem no direito de atacar a sexualidade de quem quer que seja. São cidadãos como todos os outros, pagam seus impostos, tem suas funções sociais e merecem, sobretudo, respeito”, disse, adiantando que vai protocolar moção de repúdio.