Intérprete de Libras participa de parto de paciente surda na Santa Casa de Rio Preto
Foi por meio dos movimentos das mãos da intérprete Emily Ribeiro que a paciente surda Josimara de Oliveira Paula conseguiu compreender tudo o que estava acontecendo no nascimento do filho Gael

O nascimento de um filho é um momento único para as mães. Além de toda emoção envolvida, é preciso que a mulher entenda o que está acontecendo a cada contração ou a cada procedimento. Parece simples, mas não para pacientes surdas. Por isso a importância de um intérprete de Libras nesse momento.
Foi por meio dos movimentos das mãos da da intérprete Emily Ribeiro que Josimara de Oliveira Paula conseguiu compreender tudo o que estava acontecendo no nascimento do Gael. O parto aconteceu no último dia 10 de julho, na Santa Casa de Rio Preto, pelo Sistema Único de Saúde (SUS).
O pequeno Gael veio ao mundo às 13h09, com 3,430 kg e 47 centímetros. Ele é o segundo filho de Josimara e Juliano da Silva Santos, nascido de cesariana.
Acompanhamento
Profissional da Secretaria Municipal de Saúde, Emily conta que o trabalho de parto exige muito da mulher e também de toda a equipe que a acompanha. A intérprete acompanhou a gestação de Josimara e, no momento em que a bolsa rompeu, atuou também como o apoio no trabalho de parto.
"Eu me mostrava presente e fazendo com que ela se sentisse segura, explicava o porquê das dores, de tudo o que ela estava sentindo ali, para que não se desesperasse e fosse acolhida. Por muitos momentos, também massageava, abanava, oferecia água e não deixava com que a dor a desestabilizasse", diz Emily.
A decisão pela cesariana foi comunicada à paciente pela intérprete, que permaneceu ao seu lado até o nascimento de Gael. "É desesperador pensar que podem ocorrer erros graves devido à falta de comunicação", afirma.
Um dos registros mais marcantes do momento é a foto em que a intérprete faz, com as mãos, o sinal de “Eu te amo” em Libras — gesto internacional da comunidade surda.
Essa foi a quinta vez que Emily acompanhou o parto de uma paciente surda. "Me sinto completamente realizada, é o trabalho da minha vida. Os surdos são a minha vida; quando não estou com eles, estou ensinando sobre eles. Participar tão ativamente desses momentos, poder cuidar da saúde deles e fazer com que eles se sintam vistos, entendidos e seguros de todos os procedimentos médicos me faz há cada dia, mais humana", finaliza.