Diário da Região
DESPEDIDA REAL

Família real britânica prepara funeral da rainha Elizabeth 2ª

Ainda sem data confirmada para o enterro, família real britânica e as autoridades de governo do Reino Unido se preparam para cumprir um longo plano de despedida da rainha Elizabeth 2ª

por Agência Estado
Publicado em 09/09/2022 às 22:12Atualizado em 09/09/2022 às 22:26
Milhares de pessoas foram ao Palácio de Buckingham, em Londres (Divulgação/Mazur/cbcew.org.uk)
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Milhares de pessoas foram ao Palácio de Buckingham, em Londres (Divulgação/Mazur/cbcew.org.uk)
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Com a morte da rainha Elizabeth 2ª, a família real britânica e as autoridades de governo do Reino Unido se preparam para cumprir um longo plano de despedida, programado em seus mínimos detalhes durante anos. A chamada Operação London Bridge, que vinha sendo divulgada desde a piora no estado de saúde da rainha, seria o protocolo a ser seguido originalmente, caso Elizabeth tivesse morrido em Londres. No entanto, como a rainha morreu na Escócia, no Palácio de Balmoral, o protocolo acionado será a Operação Unicórnio.

Segundo o jornal britânico The Guardian, algumas coisas no início do trâmite após a morte de Elizabeth mudam. De acordo com o cronograma, o caixão será levado de carro para o Palácio de Holyroodhouse, em Edimburgo, onde ficará repousando por alguns dias. Ali, durante 24 horas, será permitida a entrada do público para velar a monarca mais longeva do Reino Unido.

Apenas o novo rei, Charles 3º, poderá decidir sobre determinados aspectos até o funeral de Elizabeth na Abadia de Westminster. Mas é possível fazer um resumo das próximas etapas com base nas opiniões de especialistas e nas indiscrições da imprensa britânica.

O rei Charles 3º e sua esposa, Camila, devem retornar a Londres depois de passar a noite em Balmoral, a residência escocesa onde Elizabeth 2ª faleceu na quinta-feira. O novo monarca deve ter sua primeira audiência com a primeira-ministra britânica, Liz Truss.

O soberano deve finalizar os últimos detalhes dos funerais, a duração do luto para a família real - que prosseguirá por até sete dias após o funeral - e o governo confirmará quantos dias vai durar o luto nacional, provavelmente entre 12 ou 13. O dia do enterro, que ainda não foi definido, será feriado.

As bandeiras britânicas serão hasteadas a meio mastro, os sinos das igrejas tocarão em Londres ao meio-dia e 96 salvas de canhão serão disparadas em memória da soberana, uma para cada ano de vida.

A primeira-ministra e os membros de seu governo devem comparecer a uma cerimônia religiosa "improvisada" na catedral londrina de St. Paul. Um conselho de autoridades se reunirá durante a manhã no Palácio de St. James de Londres e proclamará Charles 3º como novo rei.

A coroação de Charles ainda não tem data, mas pode levar "alguns meses", segundo a Casa Real. A morte da rainha marca o fim de uma era em um país que enfrenta sua pior crise econômica em 40 anos. A inflação chegou aos dois dígitos e o custo de vida está nas alturas. Parte do problema está no reaquecimento da demanda pós-pandemia e na guerra na Ucrânia, mas é também um reflexo do Brexit.

A rainha também deixa um reino à beira da fragmentação. Enquanto os nacionalistas escoceses se preparam para um novo referendo de independência, a Irlanda do Norte escorrega na direção da reunificação com a Irlanda, caso o governo de Truss não consiga renegociar o acordo de saída da União Europeia.

Outro desafio do rei será manter unida a comunidade britânica. Sem o mesmo carisma da mãe, Charles é impopular em várias partes do mundo.

Rio-pretense relata tristeza em Londres

Homenagem à rainha em pontos de ônibus em Londres (Colaboração/Karoline Porto)
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Homenagem à rainha em pontos de ônibus em Londres (Colaboração/Karoline Porto)

A rio-pretense Karoline Porto, que atualmente mora em Londres, relata que, embora a rainha Elizabeth 2ª estivesse mais frágil e com as aparições públicas reduzidas, ela ainda seguia uma agenda de tarefas. A morte da matriarca da família real deixou muita gente surpresa e o sentimento é de tristeza na cidade.

“Realmente, as pessoas estão tristes com a morte da rainha, mas sinto que todos são muito gratos pela vida que ela dedicou em serviço pelo Reino Unido e pelas nações ligadas ao reino”.

Na quinta e na sexta-feira, 8 e 9, Karoline conta que muitas pessoas foram até a frente do Palácio de Buckingham, em Londres, para prestar homenagens, levar flores, cartões, lembrancinhas. Uma fila enorme se formou.

Ela finaliza falando sobre a importância de poder acompanhar a transição de um novo rei. “Tenho certeza que a família real britânica vai continuar sendo uma representação de monarquia no mundo. Claro que algumas tradições sempre são mantidas, mas quem sabe com as novas gerações poderemos ver modernidade”. (Colaborou Luna Kfouri)

Reinado foi o mais longevo

Elizabeth e Charles durante o Jubileu de Diamante, que comemorou os 70 anos de reinado dela (Divulgação/Roger Harris)
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Elizabeth e Charles durante o Jubileu de Diamante, que comemorou os 70 anos de reinado dela (Divulgação/Roger Harris)

Milhões de britânicos foram dormir órfãos. Milhares se aglomeraram diante do Palácio de Buckingham para se despedir da rainha, que ocupou o trono por 70 anos, o reinado mais longo da história britânica. “A rainha morreu pacificamente em Balmoral”, dizia a curta nota da Casa Real, em referência ao castelo na Escócia, sua residência de verão.

Nascida em 1926, entre as duas grandes guerras, Elizabeth não deveria ser rainha. Desde cedo, a coroa não estava nos planos. Um dia, porém, foi surpreendida com a notícia de que seu tio, o rei Edward 8º, havia se apaixonado pela americana Wallis Simpson, divorciada, e deveria abdicar se quisesse se casar. A partir daquele momento, a linha sucessória colocava a pequena Lilibeth, a duquesa de York, na rota do trono.

O rei seria seu pai, George 6º. Ela tinha 10 anos e sua vida mudou. Biógrafos contam que a possibilidade de se tornar rainha aterrorizava a garotinha “Ela costumava rezar à noite para que a mãe (Elizabeth, então com 36 anos) tivesse um menino, para que ela não precisasse ser rainha”, lembra a historiadora Sarah Bradford. Com o tempo, ela e Margaret, sua irmã caçula, foram se acostumando com a ideia - e gostando. A coroa era uma questão de tempo. Em 1952, o pai morreu.

Pouco antes, em 1947, ela havia se casado com Philip Mountbatten, com quem teve quatro filhos: Charles, herdeiro do trono, Edward, Andrew e a princesa Anne.