EXEMPLOS DO QUE DE FATO MUDOU
Para os especialistas ouvidos pelo Diário, difícil é apontar uma área da ciência médica que não tenha sido palco de revoluções tecnológicas

Marcelo Lucio é médico coloproctologista, com atuação também em cirurgia geral e videolaparoscópica e como presidente do Conselho de Administração da Unimed Rio Preto. Ele tem 54 anos, metade deles dedicados à profissão.
Em sua avaliação, as maiores revoluções aconteceram no diagnóstico, tratamento e gestão de saúde. “A videolaparoscopia, por exemplo, revolucionou a cirurgia: oferece menor dor pós-operatória, tem recuperação mais rápida e excelente resultado estético, sem comprometer a segurança”, descreve.
O especialista cita ainda a inteligência artificial e a integração digital, que permitem identificar riscos precoces e personalizar o cuidado.
Aldo José Fernando da Costa, ortopedista e traumatologista do Austa Hospital, é médico há quase três décadas, mais da metade de seus 57 anos. Em sua avaliação, um dos maiores trunfos da medicina moderna é a cirurgia robótica - tecnologia de que Rio Preto dispõe no Austa, Beneficiência Portuguesa e Hospital de Base, inclusive disponível para pacientes do SUS.
“Esses sistemas utilizam dados em tempo real para otimizar a precisão e a eficiência dos procedimentos, permitindo que os cirurgiões realizem operações mais precisas e personalizadas para cada paciente. O paciente sente menos dor e conta com maior durabilidade dos implantes”, garante.
Na área de endocrinologia, além das canetas que estão sendo usadas para emagrecimento, mas originalmente foram desenvolvida para o tratamento de diabetes, outros avanços importantes foram as bombas de insulinas modernas, acopladas a sensores de glicose que por meio de algoritmos conseguem controlar a saída de insulina conforme o nível de glicose.
“As próprias medicações do diabetes e obesidade são um grande avanço na tecnologia farmacológica já que estimulam a secreção de insulina apenas quando os níveis de glicose está elevado”, diz Flavio Fontes Pirozzi, vice-presidente da Sociedade Brasileira de Diabetes do Estado de São Paulo e professor da Unilago.
Segundo ele, há estudos com inteligência artificial para algoritmos de bombas de insulina e também para avaliação remota de complicações do diabetes, como a retinopatia diabética. Estas são descobertas que podem impactar positivamente a vida de milhões de pessoas, uma vez que, conforme estudo recente do Atlas de Diabetes da Federação Internacional de Diabetes (IDF), aproximadamente 16,6 milhões de brasileiros com idade entre 20 e 79 anos sofrem com o problema.
“Aqui no Brasil temos testes com esse tipo de IA, no qual podemos fazer uma foto da retina do paciente em uma cidade afastada, a foto é analisada pela IA e, se houver alteração, ela indica a necessidade de avaliação com um oftalmologista”, esclarece Pirozzi.