Diário da Região
RESISTÊNCIA CENTENÁRIA

Conheça a história de idosos com mais de 100 anos que foram vacinados na região

Conheça a história de Joana, Julia, Francisca, Maria Jorge, Sebastiana e José Honório, idosos com mais de 100 anos que foram os primeiros vacinados contra a Covid-19 nesta semana na região

por Rone Carvalho
Publicado em 13/02/2021 às 19:14Atualizado em 06/06/2021 às 12:04
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Joana Pereira Correia, 101 anos, tomou a primeira dose da vacina (Guilherme Baffi)
Joana Pereira Correia, 101 anos, tomou a primeira dose da vacina (Guilherme Baffi)
Vacinados contra a Covid-19, idosos com mais de cem anos são símbolo de resistência em meio à pandemia (Divulgação/ Prefeitura de Pindorama)
Vacinados contra a Covid-19, idosos com mais de cem anos são símbolo de resistência em meio à pandemia (Divulgação/ Prefeitura de Pindorama)
Francisca, de 107 anos, ao lado da filha e neta ao serem vacinadas (Arquivo Pessoal)
Francisca, de 107 anos, ao lado da filha e neta ao serem vacinadas (Arquivo Pessoal)
O mais velho morador de Onda Verde, o José Honório, de 103 anos (Divulgação/ Prefeitura de Onda Verde)
O mais velho morador de Onda Verde, o José Honório, de 103 anos (Divulgação/ Prefeitura de Onda Verde)
Sebastiana de Oliveira, 100 anos, foi a primeira vacinada em Rubinéia (Divulgação/ Prefeitura de Rubinéia)
Sebastiana de Oliveira, 100 anos, foi a primeira vacinada em Rubinéia (Divulgação/ Prefeitura de Rubinéia)
Júlia Pagoto Morano, 105 anos, foi a primeira vacinada em Olímpia (Divulgação/ Prefeitura de Olímpia)
Júlia Pagoto Morano, 105 anos, foi a primeira vacinada em Olímpia (Divulgação/ Prefeitura de Olímpia)
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Eles viram guerras, superaram epidemias, viram o rádio e a televisão nascer e completaram mais de um século de vida. Desde março do ano passado, a vida deles virou de cabeça para baixo. Com isolamento mais restritivo que outros idosos pela idade avançada, nesta semana, os centenários puderam voltar a planejar encontros familiares após receberam a primeira dose da vacina contra a Covid-19.

Com 108 anos e uma vitalidade única, a portuguesa Maria Jorge Espetes de Almeida, de 108 anos, tomou a vacina na última segunda-feira, 8, em Pindorama. Quando a agulha entrou no seu braço esquerdo a primeira frase que pronunciou foi: "ele quer matar a gente, mas a gente mata ele", se referindo ao vírus que matou 237 mil pessoas no Brasil em menos de um ano.

Corinthiana fanática, a portuguesa de Vila de Tocha veio aos 4 anos para Brasil. Se casou e morou boa parte da vida entre Pindorama e Catanduva. Quando a pandemia chegou tudo mudou e ela sofreu para cumprir o período de isolamento social. "Minha mãe é muito alegre. Ficou até brava que não aguentava mais ficar no apartamento. Ela dizia eu quero viver. É uma coisa incrível", conta a filha, Silvia Jorge de Almeida Martins, de 84 anos.

Na expectativa pela segunda dose da vacina do Instituto Butantan, a primeira coisa que ela deseja fazer neste ano, segundo a filho, é poder voltar a reunir a família em sua festa de aniversário. "A gente sempre fez festa de aniversário, reúne a família. O ano passado com pandemia não fizemos. Essa vacina representa muito pra ela poder a voltar a ter uma vida mais saudável".

Em Rio Preto, na última segunda-feira, 8, em um dos mais de cem carros com idosos para se vacinar que aguardavam o início da imunização na cidade, estava a aposentada Joana Corrêa, de 101 anos. "Não senti nada, não doeu. Graças a Deus estou imunizada. Tenho idade avançada e todo mundo aqui em casa estava preocupado com isso, minha filha tem diabetes. Agora tem que esperar a outra dose", afirmou Joana, que espera ver os netos em breve.

Esperança de dias melhores também na família de José Honório, de 103 anos, de Onda Verde. O baiano que ainda jovem se mudou para a capital escolheu uma das menores cidades do interior de São Paulo para viver com a mulher. "Ficamos 26 anos na capital. Meu marido é sossegado, você pode ver até pela foto no dia da vacina", conta Josefa Ana de Macedo Souza, de 64 anos, que aguarda sua vez para também ser imunizada.

Mesmo na pequena cidade, a rotina do casal mudou desde que o primeiro caso foi confirmado na região, em março do ano passado. "No começo da pandemia foi muito difícil. A gente estava acostumado a sair. Os três primeiros meses parecia que ia dar uma coisa. Depois fomos acostumando e meu filho nos ajuda muito indo no supermercado e levando a gente no médico", diz Josefa, que também é natural da Bahia.

Outras centenárias vacinadas nesta semana foram a aposentada Júlia Pagoto Morano, de 105 anos, em Olímpia, e Sebastiana Alves de Oliveira, de 100 anos, em Rubinéia. Ambas, foram as primeiras imunizadas de suas respectivas cidades.

Também isoladas em casa desde o inicio da pandemia, diferentemente dos demais, as duas foram vacinadas em casa por profissionais de saúde. "É uma esperança para Dona Julia. O dia dela é em casa vendo televisão. Agora ela vai poder voltar a ir na casa do filho e dar a sua tradicional voltinha pelo quarteirão mais tranquila", afirmou Carmen, sua cuidadora.

Mãe, filha e neta vacinadas no mesmo dia

Em Fernandópolis, mãe, filha e neta foram vacinadas contra a Covid-19 no mesmo dia. Francisca Candida de Paula, 107 anos, foi vacinada junto com a filha, Amélia Candida de Jesus, 90, e a neta, Francisca Pinheiro, 66. As três gerações foram vacinadas na última terça-feira, 9, com a vacina desenvolvida pelo laboratório Sinovac em parceria com o Instituto Butantan.

Natural de Ipiguá, Francisca mudou-se depois de casada para Fernandópolis, onde vive atualmente. Com uma vida simples, a aposentada sempre cuidou dos filhos e netos. Hoje, quem cuida dela é justamente quem ela cuidou durante boa parte de sua vida. "Fiquei muito feliz de ver minha vó ser vacinada porque eu estava muito ansiosa, esperando que essa vacina chegasse logo. Agora com ela imunizada ficamos mais tranquilas", disse a neta de Francisca Pinheiro, que tomou a vacina por ser a cuidadora da mãe e da avó.

Segundo o bisneto e filho de Francisca, Edmilson Pinheiro, com a pandemia as tradicionais reuniões de família tiveram que ser canceladas. A esperança é que com o tempo todos possam ser imunizados e voltem a fazer as festas. "Essa cena das três sendo vacinadas representa que dias melhores estão por vir. A minha vó tem 90 anos, há mais de 50 ficou viúva. Ela cuida da minha bisavó, de 107 anos, desde sempre. A vacinação é a esperança delas viveram muito mais", disse.

Para dona Amélia, de 90 anos, o desejo agora é receber a segunda dose para poder voltar a ir no mercado para a mãe. "Eu gostaria de comprar as frutas que a minha mãe gosta", falou. (RC)