Diário da Região
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Only You – 70 anos

A canção expressa um amor absoluto, insubstituível, verdadeiro, raro e devocional. A presença da pessoa amada traz esperança e alegria mesmo nos momentos difíceis

por Toufic Anbar Neto
Publicado há 2 horas
Toufic Anbar Neto (Toufic Anbar Neto)
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Uma das músicas românticas mais tocadas de todos os tempos, “Only You”, abreviatura de “Only You and You Alone”, completou 70 anos. Foi composta em 1954, mas lançada apenas em 1955 nas vozes do grupo The Platters. O autor da música é Samuel “Buck” Ram, consagrado compositor norte-americano, que trabalhou com muita gente boa tal qual Tina Turner, Duke Ellington, Ella Fitzgerald e Glenn Miller. Ele também foi o empresário, produtor e autor de todos os grandes sucessos do The Platters.

O The Platters formou-se em 1951. Inicialmente chamava-se “Flamingos”. Entretanto, já existia outro grupo com o mesmo nome e tiveram que mudar. Em 1953, sentados à mesa da cozinha, ouviram a mãe de um deles colocar um prato de biscoitos ao lado de alguns discos de 78 rpm empilhados. Ela teria comentado “parecem pratos”. Ficou sendo o nome do grupo. Seu principal destaque era o tenor Tony Williams. Embora não tivessem feito sucesso inicialmente com a venda de discos, logravam êxito em turnês onde promoviam bailes. Era o auge do estilo musical doo-wop, caracterizado por harmonias vocais e pouca instrumentação.

A canção expressa um amor absoluto, insubstituível, verdadeiro, raro e devocional. A presença da pessoa amada traz esperança e alegria mesmo nos momentos difíceis. O sentimento é tão profundo que altera a essência da pessoa. Reforça a noção de destino e sonho realizado. A simplicidade das palavras, a melodia suave e a harmonia vocal do grupo fizeram de “Only You” uma celebração atemporal do amor.

“Only You” está presente até hoje em filmes, comerciais e novelas. Algumas regravações fizeram grande sucesso: uma com Ringo Starr, em seu álbum “Goodnight Vienna” (1974), que atingiu o topo das paradas de sucesso britânicas no ano seguinte. John Lennon toca guitarra nesta gravação. Outras regravações foram as de Louis Armstrong e a do francês Franck Pourcel, apenas instrumental.

O “The Platters” fez história ao superar uma grande barreira racial. Era um grupo de cantores pretos que fizeram sucesso no mundo todo numa época em que havia um forte componente racista na sociedade norte-americana, muito pior do que é atualmente. Eles não eram simplesmente uma banda, mudaram o jeito de fazer música. Inspiraram tudo o que veio depois. Eram uma forte referência na música mundial.

São considerados um conjunto de rock, tanto que figuram no primeiro filme de cinema com esta temática, “Rock Around the Clock” (1956), estrelado por “Bill Haley & seus Cometas”. Inevitável o paralelo com a longevidade dos “Demônios da Garoa”, na praça desde 1943. Na pista desde 1951, o conjunto já vendeu mais de 100 milhões de discos, existe até hoje e ainda faz turnês pelo mundo, cantando seus clássicos. Público não falta. Músicas boas são atemporais e não envelhecem!

TOUFIC ANBAR NETO

Médico-cirurgião, diretor da Faceres, escritor e membro da Academia Rio-pretense de Letras e Cultura (Arlec). Escreve quinzenalmente neste espaço às quartas-feiras