Esporte, cerveja e muito aprendizado
Entristece ver que boa parte das modalidades esportivas da cidade já nem competem mais

O esporte ensina e ainda vai me ensinar muito mais. Foi de um tenista que ouvi uma frase que me marcou para sempre. Thiago Alves, cliente e amigo, hoje à frente de um centro de treinamento aqui em Rio Preto, me mandou uma mensagem por SMS, quando ainda era um dos melhores do mundo.
“Saí do fundo do poço e consegui. Me reergui e virei.”
Essas frases vinham junto com o resultado dos jogos e outras informações das partidas. Aprendi tanto com o esporte. Thiago perdia o primeiro set, levava uma pancada na cabeça, mas se ajustava e virava o jogo. Está para existir um esporte mais mental do que o tênis.
Outro aprendizado veio da rotina. Ser rápido, preciso, entregar no tempo. O jogo acabava, fosse tênis, futebol, basquete ou vôlei e o texto já tinha que estar pronto, com fotos no jeito para enviar aos jornalistas. E isso há 20 anos, quando não existia WhatsApp, muito menos inteligência artificial para ajudar.
Hoje, não atendo mais tantos esportistas como antes. Lido mais com empresas, entidades, mas os aprendizados continuam comigo e aplico todos os dias.
Semana passada, no evento de posse da amiga e cliente Rosi Dellatorre como mentora do Clube dos Corretores de Seguros de Rio Preto, fiquei um bom tempo conversando com o amigo João Dellatorre, pai do atacante Guilherme Dellatorre, que também assessorei no passado. Entre um gole de cerveja, um pão no azeite e uma prosa, alguém bateu nas minhas costas. Era o querido Mauro Laranja e sua esposa, Nilza, pais do Augusto Laranja, outro atleta que assessorei. Foram anos de convivência, entrevistas, viagens e até visitas ao Exército para negociar a liberação dele do serviço militar. Boas lembranças.
Nunca fui atleta, tampouco joguei um futebol de botão, mas devo muito ao esporte. O jornalismo esportivo é uma baita escola de comunicação. Ensina a ser pontual, cumprir prazos, checar informações e lidar com pressão.
Escrevo este texto em memória dos esportistas da cidade. Muitos já não estão mais nas quadras, nos campos ou nas piscinas, outros já até morreram, mas deixaram suas marcas. Depois da conversa com o Mauro, a Nilza e os Dellatorre, voltei no tempo e lembrei do início da minha trajetória na assessoria. Fiquei conhecido como o “cara do esporte”. Hoje, mais presente no mundo corporativo, sigo com o mesmo entusiasmo, mas com um nó na garganta. Aprendi demais com tanta gente boa. Só entristece ver que boa parte das modalidades esportivas da cidade já nem competem mais.
O esporte está adormecido em Rio Preto. Que um dia acorde.
Henrique Fernandes
Jornalista, assessor de imprensa.