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RADAR ECONÔMICO

Brasil na vanguarda da construção sustentável

Com inovação e responsabilidade, o Brasil mostra que construir bem é construir com consciência, avançando para um futuro em que cada edifício represente não apenas um espaço para viver, mas um compromisso real com o planeta.

por Rafael Coelho
Publicado há 1 horaAtualizado há 1 hora
Rafael Coelho (Rafael Coelho)
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A sustentabilidade tornou-se uma exigência global. Nesse cenário, o Brasil ganha destaque ao adotar ferramentas inovadoras que permitem medir, comparar e reduzir os impactos ambientais da construção civil, setor historicamente marcado pelo alto consumo de água e pela emissão de carbono.

Neste mês de novembro, um avanço relevante foi anunciado: a Calculadora de Eficiência Hídrica (CEHídrica), plataforma gratuita, de uso simples, desenvolvida pelo Comitê de Meio Ambiente do SindusCon-SP, foi apresentada na Conferência Internacional Greenbuilding Brasil 2025, e terá versões em português e inglês. Alinhada à ABNT e à norma internacional ISO 14046, a ferramenta inaugura uma nova fase na mensuração e gestão de um dos recursos mais valiosos do planeta que é a água.

A iniciativa insere o Brasil em um movimento global que busca métricas econômicas e ambientais consistentes, com reflexos sociais relevantes. Nesse contexto, dois indicadores se destacam, sendo eles a pegada hídrica e a pegada de carbono.

A pegada hídrica mede a água consumida ou a que se polui, desde a produção dos materiais de construção e execução de obras, até o ciclo de vida a que se destinam as edificações, dividida em três categorias: água verde (chuva infiltrada), água azul (fontes superficiais ou subterrâneas) e água cinza (volume necessário para diluir poluentes). Segundo a Câmara da Indústria da Construção (CBIC), somente a execução da estrutura de uma habitação padrão pode demandar cerca de 115 mil litros de água, reforçando a importância do controle.

Já a pegada de carbono calcula as emissões de gases de efeito estufa geradas no ciclo de vida da edificação, começando na extração de matérias-primas ao transporte, produção de materiais, execução da obra e toda a vida do empreendimento.

Em 2020/21, o SindusCon-SP desenvolveu o CECarbon, reconhecido internacionalmente e apresentado como case na COP 30, em Belém. Dados indicam que obras no Brasil registram média de 220 kg de CO₂-eq por metro quadrado, desempenho mais eficiente que a meta europeia para 2035, de 280 kg/m², evidenciando o potencial brasileiro de liderança em práticas sustentáveis.

O uso dessas ferramentas padroniza informações integradas a um amplo banco de dados capaz de registrar comparações, para aprimoramento de processos e redução de desperdícios. Na gestão moderna, vale o princípio: o que não se mede, não se gerencia. Ao visualizar o impacto hídrico e a geração de carbono de cada decisão técnica, projetistas e empresas incorporam a sustentabilidade desde o início.

Para as cidades, o avanço é estratégico: políticas públicas podem apoiar-se em métricas claras, com contrapartidas ambientais mais precisas e investimentos sustentáveis.

Com inovação e responsabilidade, o Brasil mostra que construir bem é construir com consciência, avançando para um futuro em que cada edifício represente não somente um espaço para viver, mas um compromisso real com o planeta.

Rafael Luis Coelho

Diretor-regional do SindusCon-SP e da Citz Desenvolvimento Imobiliário