A Secretaria Municipal de Saúde de Rio Preto realiza neste mês de agosto a busca ativa de 8.581 jovens na faixa etária dos 15 aos 19 anos que não se vacinaram contra o HPV (Papilomavírus Humano). Segundo relatório da Saúde, os meninos representam 86% dos ‘fujões’, com estimativa de que 7.415 deles não compareceram à unidade de saúde no intervalo indicado no calendário nacional de vacinação, que recomenda a imunização entre os 9 e 14 anos.

Segundo Andreia Negri, coordenadora da Vigilância Epidemiológica do município, a ação faz parte de uma mobilização nacional, encabeçada pelo Ministério da Saúde, para vacinar pelo menos 90% do público-alvo em cada município.

Em Rio Preto, a cobertura vacinal entre o público feminino é de 78,36% e, entre o masculino, é de 72,76%.

“Como o vírus do HPV é transmitido principalmente pelas relações sexuais, existe um tabu de que a vacinação a partir dos 9 anos de idade estaria estimulando jovens a iniciarem a vida sexual, quando na verdade as pesquisas indicam que o intervalo entre 9 e 14 anos foi definido com base na melhor resposta imunológica do organismo, ou seja, no período em que o corpo produz mais anticorpos”, explica.

Além do contato telefônico com famílias cujos jovens ainda não compareceram para receber a vacina de dose única, a Saúde aposta em ações ‘extramuro’, indo a locais onde o público-alvo da ação está, como por exemplo, escolas e faculdades.

Nesta tarde desta segunda-feira, 11, agentes de Saúde do bairro Eldorado estiveram na Fatec para vacinar estudantes contra o HPV, Gripe e Sarampo (vacina Tríplice Viral). Sidney Batista Ferrari de Paula, de 18 anos, foi um dos jovens que aproveitaram a oportunidade.

“Foi muito bom pra mim tomar a vacina, mesmo estando fora da faixa etária dos 9 aos 14 anos”, disse.

A vacina contra o HPV é quadrivalente e protege contra os 4 subtipos mais frequentes, prevenindo intercorrências decorrentes da infecção deste vírus como câncer de colo do útero, vulva, pênis, ânus, orofaringe e verrugas genitais.

Cássia Estofoletti, médica infectologista e docente da disciplina de doenças infecciosas da FAMERP explica que a faixa etária com maior incidência de casos situa-se entre os 20 e 40 anos, com pico entre 20 e 24 anos, tanto em mulheres quanto em homens.

“Em termos de mortalidade, estima-se que, no Brasil, cerca de 6 mil casos de cânceres associados ao HPV poderiam ser evitados por ano com prevenção primária (como vacinação e rastreamento), o que poderia evitar aproximadamente 4,5 mil mortes anuais”, diz.

Ainda de acordo com a especialista, um estudo nacional recente, promovido pelo Ministério da Saúde, indicou que a taxa de infecção genital por HPV de alto risco atinge 54,4% das mulheres sexualmente ativas e 41,6% dos homens no país. “Além disso, uma meta-análise sistemática publicada em 2020 em importante periódico cientifico, estimou a prevalência de infecção genital por HPV no país em cerca de 25,4% para o colo do útero e 36,2% na região peniana”, o que reforça a importância da adesão dos meninos à campanha.

Em Rio Preto, todas as Unidades Básicas de Saúde disponibilizam o imunizante, sendo que três delas funcionam em horário estendido de segunda a sexta-feira: João Paulo II e São Deocleciano até 18h30 e Solo Sagrado até 19h.