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O 'Jardim' guardado de Eliara Bevilacqua

por Redação
Publicado em 17/07/2025 às 16:22Atualizado em 17/07/2025 às 19:22
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A artista plástica Eliara Bevilacqua conquistou o primeiro lugar no concurso Arte na Cidade com a obra “Jardim” (2023), uma pintura em acrílica sobre tela de 100 x 100 cm. Formada em Artes Plásticas pela Faculdade de Filosofia, Ciências e Letras de Jales, Eliara possui uma trajetória marcada pela sensibilidade estética, pesquisa contínua e um olhar profundamente poético sobre o mundo ao seu redor.

“Jardim” é uma obra inédita, guardada com carinho em seu ateliê até o momento da inscrição no concurso. O trabalho surgiu de maneira espontânea, a partir de uma tentativa frustrada de infogravura. A artista relata que, ao não se sentir satisfeita com o resultado inicial, passou a intervir diretamente sobre a tela, sobrepondo camadas de tinta, formas e cores em um processo intuitivo, quase meditativo.

“Inicialmente, fiz uma estampagem numa tela e não gostei, era infogravura. Fui colocando tinta, fui entrando em outras cores e espaços vazios, um jogo entre o vazio e o cheio construindo o trabalho. É uma discussão estética, que me diz respeito. Amo flores”, afirma.

As flores, aliás, são uma presença recorrente em sua trajetória. Em 2001, Eliara recolheu 150 flores das ruas da cidade e as pintou em aquarela. O projeto resultou em uma exposição itinerante, em comemoração ao no sesquicentenário de Rio Preto, que percorreu diversos espaços da cidade durante o ano de 2002.

Em “Jardim”, há uma fusão entre o abstrato e sua paixão por flores, que ganham nova vida em formas livres, cores vibrantes e composição harmoniosa. “Gosto muito de abstrato. Estava com vontade de voltar com a flor, me deu a liberdade de construir com formas abstratas e a paixão pelas flores, um arranjo harmonioso”, explica.

Criada ao longo de dois a três meses, a obra é intimista. Eliara optou por mantê-la reservada, longe dos olhares públicos, até sentir que era o momento certo de compartilhá-la. Para ela, mesmo que o tema floral possa parecer desgastado ou fora de moda no circuito artístico, o essencial está na maneira única com que cada artista conduz o processo criativo. “Em termos artísticos, é um tema muito batido, fora de moda. O importante é como a gente faz. Reflete meu eu interior, o processo de construção”, conclui.