A correria é tanta que a maioria das pessoas já aceita o estresse como norma e tem certeza que faz parte de um processo natural da vida moderna. Já saímos de casa com a certeza que, ao longo do nosso dia, quase certamente encontraremos situações estressoras. Certamente já te disseram que um pouco de pressão pode ser até bom, já que é até motivador, mas pode trazer sérias consequências para a saúde. O que talvez você não saiba é que viver num estado de leveza, sem problemas, também tem desvantagens.
É o que mostra um estudo feito por pesquisadores da Universidade Estadual da Pensilvânia e da Universidade da Califórnia, Irvine; ambas nos Estados Unidos. Eles descobriram que as pessoas que relataram não experimentar estressores tinham maior probabilidade de sentir bem-estar diário e menos condições crônicas de saúde. Por outro lado, elas também eram mais propensas a ter uma função cognitiva inferior.
As descobertas publicadas recentemente na revista Emotion sugerem que pode não ser tão importante evitar o estresse quanto mudar a forma como você reage a este estado. Segundo David M. Almeida, professor de desenvolvimento humano e estudos da família, autor principal do estudo, a partir dos dados é possível concluir que pequenos estressores diários podem beneficiar o cérebro, apesar de serem um inconveniente.
"É possível que passar por fatores estressantes crie oportunidades para você resolver um problema, por exemplo, consertar seu computador que quebrou repentinamente antes de uma reunião importante", disse Almeida. Portanto, segundo ele, experimentar esses fatores de estresse pode não ser agradável, mas eles podem forçá-lo a resolver um problema, e isso pode realmente ser bom para o funcionamento cognitivo, especialmente à medida que envelhecemos. Também participaram do estudo os pesquisadores Susan T. Charles, da Universidade da Califórnia, Irvine; e Jacqueline Mogle e Hye Won Chai, da Penn State.
Resultados negativos
Um grande número de estudos anteriores relacionou o estresse com um risco maior de muitos resultados negativos, como doenças crônicas ou pior bem-estar emocional. Almeida diz ainda que embora possa fazer sentido acreditar que quanto menos estresse uma pessoa experimenta, mais saudável ela será, ele explica que poucas pesquisas exploraram essa suposição. "Sempre partiu-se do princípio de que o estresse faz mal", afirma. "Eu dei um passo para trás e pensei: e as pessoas que relatam nunca ter tido estresse? Meu trabalho anterior se concentrou em pessoas que têm níveis de estresse mais altos e mais baixos, mas nunca questionei como seria se as pessoas não experimentassem nenhum estresse. Eles são as mais saudáveis de todas?"