O poeta, diante do espelho-abismo,
busca uma palavra-ponte.
Tira da sua palavra-valise
uma possível poção mágica.
Em tempos trágicos,
a palavra-pedra quebra seu voo
no doído baque
da gravidade.
Busca, então, seu ego
no fundo do poço.
Descobre que é o oco
de seu próprio eco.
Solitário, vê seu destino
soletrado pelo sol.
Contempla o rosto cansado
de homem-criança.
Revira sua valise-palavra
como última esperança.
Colhe uma flor.
Lê a última flor do ócio.
Bebe a última flor do mal.