Os pesquisadores reuniram 55 voluntários para descobrir por que determinadas pessoas lidam melhor com estas emoções negativas, enquanto outras encontram um escape em vícios preocupantes, como é o caso dos jogos de azar. Como muitos fatores comprovam que permanecer esperançoso diante das adversidades pode ser vantajoso, os cientistas fizeram uma primeira experiência que pretendia induzir sentimentos de privação relativa, fazendo com que os participantes se sentissem mais carentes em relação aos outros. Eles procuraram também fomentar a participação em jogos viciantes, em que tinham de assumir riscos e fazer apostas com dinheiro real.
Em outra experiência, a ideia era avaliar se a esperança tinha algum impacto no vício do jogo. Eles descobriram que 27% não tinham problemas de jogo e 38% tinham um nível moderado de problemas, levantando algumas consequências negativas, e 9% eram jogadores problemáticos com uma possível perda de controle. "Quando olhamos para estes resultados, descobrimos que o aumento da esperança está associado a uma menor probabilidade de perder o controle no jogo", explica Keshavarz. Os resultados, segundo ele, não deixam margem para dúvidas, comprovando a tese de que "a esperança pode ajudar as pessoas a sentirem-se mais felizes com a sua vida e a protegê-las contra comportamentos de risco."
Você pode mudar
Anthony Scioli, professor de psicologia do Keene State College, nos Estados Unidos estuda a esperança há algumas décadas. Suas pesquisas o levaram a concluir que a esperança é uma habilidade que pode ser adquirida e tem múltiplas facetas a serem cultivadas. Além disso, segundo ele, os esperançosos revelam-se propensos a ser mais resilientes, confiantes, abertos e motivados do que as outras pessoas, e assim tendem a receber mais do mundo - o qual, por seu lado, lhes dá motivos para ficarem mais otimistas. Ele se interessa pela esperança ligada a grandes sonhos e não a pequenos desejos. Isso porque os êxitos do dia a dia, apesar de importantes, equivalem apenas a uma terça parte do que ele chama "essência da esperança".
Componente espiritual
Scioli vê também uma forte dimensão espiritual na esperança e afirma, com base em seus estudos, que está associada a virtudes, como paciência, gratidão, caridade e fé. "A fé é o bloco de construção da esperança", afirma. O vínculo cooperativo que se estabelece não é apenas com o próximo, mas também com uma entidade superior - diferentemente do otimismo, relacionado à autoconfiança.
Ele também investigou a importância relativa da esperança, da idade e da gratidão com indicadores de bem-estar num grupo de pessoas entre 18 e 65 anos. O alto nível de esperança foi o indicador mais poderoso de bem-estar entre os pesquisados. O sentimento também ajuda a reduzir a ansiedade sobre a morte e o morrer. Para Scioli, a esperança reflete, em última instância a profundidade da conexão mente/corpo.