Você é o tipo de pessoa que não consegue ficar sozinha em casa, que fica procurando desculpas para ir para a rua e encontrar movimento ou que precisa manter o rádio e a TV ligados para ter a sensação de ter gente por perto? Calma, você não está sozinha no grupo. A maioria das pessoas considera a solidão como algo negativo. Entretanto, se esta condição for uma opção e não uma imposição, ela será muito benéfica.
É o que revela um novo estudo feito por pesquisadores da Universidade de Rochester, nos Estados Unidos, sobre os benefícios de passar alguns minutos por dia dedicando-se a atividades solitárias como a leitura, a meditação ou simplesmente pensando na vida. E nem precisa ser muito tempo. A equipe de pesquisa -que publicou os resultados de seu estudo na revista Personality and Social Psychology Bulletin, afirma que bastam apenas 15 minutos por dia sozinho para encontrar significativos benefícios sobre o humor e o gerenciamento das emoções negativas.
A notícia ainda melhor é que sequer é preciso estar completamente só. Você precisa apenas desse tempo para desenvolver alguma atividade. O importante é ter este tempo dedicado inteiramente a si mesmo e ao próprio bem-estar, o que teria um impacto muito positivo sobre o nervosismo e o estresse, aliviando as tensões as de cada dia. Ou seja, ao que parece, basta uma coisa bem simples e praticamente disponível a todos, para poder recarregar totalmente as energias no dia a dia.
"Os momentos de solidão são cruciais para todos que têm senso de responsabilidade. Estimular a solidão, é uma forma de preservar a paz interior. No mundo agitado e quase sempre avassalador em que vivemos, é fundamental encontrar o próprio refúgio. Uma hora no seu quarto sem distrações já será suficiente", diz Arun Ghandi no livro "A Virtude da Raiva" (ed Sextante). Após um tempo de reflexão e introspecção, segundo ele, você conseguirá se conectar plenamente com as outras pessoas de forma mais completa e significativa.
Os pesquisadores avaliaram 114 adultos que foram deixados sozinhos por 15 minutos depois de terem conversado nos últimos 15 minutos precedentes. Após esse tempo, eles foram convidados a preencher alguns questionários. Verificou-se que os participantes experimentaram menos agitação, nervosismo, sofrimento e, no geral, as emoções negativas foram menores em relação àquelas de bem-estar. Em outro experimento, os pesquisadores examinaram as reações de 108 participantes que passaram 15 minutos pensando ou lendo. Verificou-se que, em ambos os casos, as pessoas tiveram ganhos em termos de relaxamento.
Os pesquisadores decidiram então tirar a contraprova com um terceiro experimento realizado. Durante uma semana, 173 pessoas passaram um quarto de hora sozinhas todos os dias por uma semana, o que não o fizeram na semana seguinte. Também neste caso, verificou-se que passar um tempo sozinho proporcionou maior relaxamento e sensações positivas do que não ter passado algum tempo em solidão.
Foi assim então estabelecido que 15 minutos é o tempo suficiente necessário para poder aproveitar dos benefícios da solidão. Indo além desse tempo, de fato, em alguns casos, a solidão assumiu uma forma de sentimento de melancolia e mal-estar.
Entretanto, os trabalhos referem-se à solidão ativa, ou seja, àquela desejada pela pessoa e não o isolamento social, uma condição que muitas vezes acontece com os idosos e que está longe de ser positiva para a saúde. Se por um lado a solidão coloca em risco a socialidade, por outro, ela oferece muitas vantagens ao bem-estar pessoal.